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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
O mais recente número da Revista Crítica de Ciências Sociais leva como título "Memórias de Violências: que futuro para o passado?" e é, quase totalmente, dedicada a Moçambique. Basta seguir a ligação para se ter acesso livre aos textos - estão entre os autores Ungulani Ba Ka Khosa, Teresa Cruz e Silva, João Paulo Borges Coelho, Paula Meneses, e etc. E até eu lá tenho uma modesta recensão, dedicada ao último livro de José Capela.
The Archaeology of long term sustainable urbanism: examples from Istanbul and Great Zimbabwe,
Paul Sinclair, Professor de Ecologia Histórica
Universidade de Uppsala (Suécia)
Sinopse
The development of urbanism has been a global phenomenon of co-evolving human-environmental systems, unfolding over the last 10000 years but taking radically different forms in different times and places – and with widely varying consequences. Crucially, I take the position that urban living began at least in part as a mental process which acquired physical substance, and in this sense towns are ideological constructs: as we invent them, so we believe in them. Drawing upon Bateson’s early approach to human environmental interactions in the ‘Ecology of Mind’ as well as contributions from the new field of Historical Ecology, this talk combines humanist and natural science exploration, and delineation, of the cultural and environmental dynamics of the ‘Urban Mind’ as part of the IHOPE (Integrated History and Future of People on Earth) (Sinclair, Nordquist, Herschend and Isendahl 2010) with specific examples taken from Istanbul and Great Zimbabwe.
Em sessão na reitoria da Universidade Nova de Lisboa abriu ontem o CONLAB 2015, a 12ª edição do congresso luso-afro-brasileiro de ciências sociais decorrida nos últimos 25 anos. Logo para começo deu para que conhecesse eu o edifício, do qual já ouvira falar, uma imposição bem esgalhada, obra do Guli e do Manuel Aires Mateus e que lhes valeu o Valmor. Boa coisa, ainda que sem abrigo para fumadores, e com uma belíssima sala de conferências (Salão Nobre?, como se chamava dantes?). Valeu a visita, ainda que me tenha ficado no piso térreo e seus arrabaldes. Espero que um dia possa subir o elevador.
Há quem torça o nariz a estes congressos académicos, e às vezes também eu, que aos 50 anos estou apenas 4º congresso da minha vida. Porque têm uma dimensão convivencial, turística (uma pobre ética laboral, que impercebe ser isso um factor fundamental do enriquecimento intelectual). E porque alimentam uma visão quantitativa da reflexão (quantos "papers" - o pobre jargão tecnocrático - escreveste este ano?), essa sim questão importante mas que não se dirime barafustando com a existência destes espaços de intercâmbio profissional. Discorde-se pois desse altaneiro menosprezo pela actividade congressista, inócuo pois alheado das questões fundamentais.
Este Conlab é, à partida, um sucesso: mais de 1500 participantes locutores, cerca de 150 grupos de trabalho, e isto apesar da ausência dos colegas angolanos, de súbito alquebrados pelo "choque petrolífero" ali acontecido, e dos moçambicanos, estes defrontando a tradicional falta de fundos. Em assim sendo torna-se evidente, e isso foi referido por vários presentes, em particular pelo conferencista Sousa Santos, que a continuidade significante deste tipo de eventos tem que afrontar a assimetria de acesso a recursos entre as diversas comunidades profissionais. De qualquer forma é assinalável a pujança de um evento cíclico que vem reunindo profissionais das ciências sociais dos palop e do pelop, combatendo a constante afronta a este tipo de saber por parte do senso comum mediatizado mais reaccionário (independentemente do tipo de vestes ideológicas com que os adeptos do "cientismo" se ornamentam) e por parte de alguns poderes políticos.
A inauguração foi rica em significados, por algum do explícito e por muito do implícito. A sessão protocolar, vasta em discursos e orlada por folclore, tornou-se matéria-prima para breve ... "paper". As costumeiras, ainda que enviesadas, referências aos "descobrimentos", ao "império", à "história comum que nos une". Vai levar décadas, gerações, até que nós, portugueses, nos expurguemos desta visão de "nós" próprios. O cúmulo foi o episódio "danças e cantares", um grupo de jovens tamboristas e dançarinas (uma batucada, dir-se-ia no tempo do Marechal Carmona) afrodescendentes acompanhados de um músico fadista, um pretenso multiculturalismo com que a organização portuguesa recebeu os participantes nacionais e estrangeiros. Assim como se em Maputo recebêssemos um congresso com um grupo musical da Escola Portuguesa de Moçambique mesclado com um timbileiro de Zavala e se tocasse música de Freitas Branco. Esta candura que se julga multicultural é mesmo o sintoma do mal-estar com a história, como se uma mácula identitária de irreflexão construída, presente em alguns nichos portugueses, e tanto também no campo das ciências sociais. Pois, como diz o sábio povo, "em casa de ferreiro espeto de pau ...". Sei que as duas décadas de Moçambique, parte das quais a aturar a sub-intelectualidade socialista portuguesa, me tornou muito sensível a esta auto-incompreensão patrícia, mas já vai sendo tempo, em 2015, da "gente" se pensar a sério.
A conferência de abertura foi muito significativa. Carneiro da Cunha, antropóloga brasileira que eu desconhecia e a quem os meus colegas muito apreciam, desaproveitou a ocasião, entendendo-a como espaço para uma charla introdutória à diversidade cultural, sob postura ética (mas, pior do que tudo, chamando "ciência" aos conhecimentos empíricos, o maléfico "autoctonismo-indigenismo" ideológico do qual urge libertar-nos), como se se estivesse a abrir um curso de licenciatura. Esta parte do meu diário é antipática mas é também política. Pois este tipo de desaproveitamento, por simpático que pareça, pois alimentado do "exotismo", reforça a sensação de irrelevância social da antropologia face às outras disciplinas, e isso influencia o acesso a recursos, humanos, económicos e até estatutários. E é isso mesmo que notei no discurso de um dos presidentes das instituições organizadoras, a agradecer aos colegas do seu instituto que organizam o evento, nomeando-os, e a nisso elidir o nome dos antropólogos tão cruciais nesta enorme tarefa. Não se resume isso a uma qualquer malvadez pessoalista - "coisas lá entre eles, lisboetas", as mesquinhas tricas no eixo da Junqueira (ISCPS) às Forças Armadas (ISCTE/ICS), passando pela Berna (Nova). Para quem está de fora, num evento ritual internacional de cariz tão multidisciplinar, só pode ver nessa elisão o enquistamento epistemológico, as compitas disciplinares, a anti-ciência, em suma, o hábito estratégico da desvalorização da antropologia.
Sousa Santos também falou, brevemente, um rescaldo deste quarto de século, fazendo um apanhado das diferenças e similitudes contextuais entre o momento do primeiro congresso (1990) e agora. Natural que assim o fizesse. Há muitos que não o apreciam (e outros tantos que o idolatram, já agora). Mas, e independentemente do que se possa pensar das suas ideias muito revolucionárias (que eu me abstenho de comentar), o certo é que este espaço internacional profissional nasceu e cresceu dos seus esforços, e da sua equipa. Criticáveis algumas das suas ideias? Sim, decerto. Mas louvável, e muito, esta iniciativa, esta vontade de abrangência e de estabelecimento de conexões. Ontem alertou, e muito bem, para as diferenças de capacidades económicas entre os diversos contextos nacionais quanto às ciências sociais, e o quanto isso desequilibra estas participações, e referiu a rígida estratificação sociológica na prática científica nos países africanos. Recordou o peso das ditaduras, e das suas heranças no contexto das ciências sociais: o Estado Novo, o colonialismo, a ditadura brasileira. Mas há uma higienização no seu discurso, talvez não só "en passant", um "us and them" que perpassa. Pois as sociedades africanas (e suas práticas científicas) foram apresentadas como se apenas pós-coloniais. E se as ditaduras europeia (e sua emanação colonial em África) e americana são vistas como cientificamente influentes porque não referir as influências das autocracias (para não dizer mais) nos estados africanos? Mas o que da sua comunicação mais retiro é o seu remoque: esperaria que em 2015 o congresso apontasse para um reflexão sobre os 40 anos das independências dos países africanos. As efemérides servem para isso, para chamar a atenção reflexiva. Mas o pendor luso-brasileiro, sociologicamente determinado, esqueceu isso. Não ele, e isso ficou-lhe, acho, muito bem.
Borges Coelho fez uma rica intervenção. Uma análise do processo das ciências sociais em Moçambique nos 40 anos nacionais. E da sua articulação/confronto com o "campo político" e também, nas últimas décadas, com as pressões do mercado. Nisso desmontando a ideia de um processo linear de afirmação e autonomização de um "campo científico" - uma ideia que grassa, e que nada mais é do que um avatar da crença no "progresso". Foi uma belíssima intervenção que decerto será publicada e que deverá ser lida pelos profissionais, um documento para reflexão. Pontapeou ainda os malefícios para a ciência social, contruída no uso da língua, da trapalhada colonial do Acordo Ortográfico.
E terminou, em grande, evocando António Quadros (Grabato Dias, Mutimati Barnabé João), como exemplo da interdisciplinaridade frutífera para pensar e imaginar o mundo - pedagogo, cientista, empirista, poeta, artista plástico, cidadão livre. Recordando-me a ideia de que o silêncio sobre o extraordinário António Quadros (e a sua ileitura) é o sinal mais evidente do défice cultural, de modismos e escaparates feito, em Portugal e em Moçambique. Mas não só aí. Vale sempre ouvir Borges Coelho. Ontem ainda mais.
Post-scriptum: no fim houve um beberete, sempre simpático. Num país em que a produção de vinho tanto tem melhorado nas últimas décadas, e onde se adquire vinho tinto muito bebível a preços muito acessíveis, é espantoso que se sirva uma zurrapa daquelas, imbebível literalmente falando. O AICEP ou uma qualquer junta de turismo ou de produção vinícola não pode ajudar quem organiza eventos internacionais destes, bons para promover a exportação de vinhos e quejandos?
Estante Austral (8)
“Canal de Moçambique”, edição de 10.10.2014
Maputo por via dos livros
As abruptas mudanças de Maputo são muitas vezes reduzidas, no discurso público que ascende a mediático (e nisso incluo as redes sociais, pujantes em Moçambique), à realidade da abrupta edificação inúmeros edifícios no centro burguês (a “zona rica”) da cidade, algo que vem acontecendo nos últimos anos, brotado das possibilidades de investimento de alguns estratos da sociedade e também do investimento estrangeiro, em demanda de retorno relativamente garantido, como acontece quase sempre no domínio imobiliário em cidades crescentes. Mas por mais tonitruante que seja este processo de construção o centramento do olhar nesse processo acaba por nos distrair das transformações mais estruturais, importantes, que a cidade atravessa. Algo sinalizado agora, com o avanço da construção da ponte para a Catembe, que intensificará as interacções alimentando um maior “grande Maputo”.
É esta pois uma época para ler sobre Maputo. Sobre o processo histórico da construção da cidade há alguma bibliografia (a qual será abordada nesta coluna, assim queiram os leitores que esta continue). Mas sobre as características do Maputo ainda que existam alguns textos, relatórios de investigação bastante informativos e analíticos, não abunda a bibliografia publicada.
(texto completo encontra-se aqui).
Na próxima sessão dos seminários do Departamento de Antropologia e Arqueologia (UEM) António E. Zacarias debruçar-se-á sobre a questão de Violência entre Parceiros numa perspectiva diferente da que normalmente é discutida. Nesta sessão, serão apresentados os resultados de um estudo realizado em Moçambique sobre as mulheres como perpetradoras de abusos físicos e psicológicos aos seus parceiros e não como vítimas e agentes passivos como acontece na maioria das vezes.
A sessão terá lugar na próxima terça-feira 23 de Setembro, Anfiteatro 1502, das 10:10 às 12:00h.
Aqui se encontra o artigo na qual se fundamenta esta apresentação: "Women_as perpetrators of IPV: the experience of Mozambique", Journal of Aggression, Conflict and Peace Research, vol 4, nº 1, 2012
Na semana passada não havia electricidade no "campus" (não é normal) e fui acusado de ter "encomendado" isso para não ter que falar. Para provar que estou inocente de qualquer iniciativa metafísica nesse sentido, repito a disponibilidade. Amanhã, dia 19, às 10 horas, no anfiteatro 1502, às 10 horas, no edifício da faculdade de letras e ciências sociais, "campus" da UEM. São as habituais sessões dos seminários do Departamento de Arqueologia e Antropologia.
Quem quiser ler o texto base da apresentação encontra-o aqui: O deslustre da antropologia (em Moçambique).
De certa forma o texto recupera algumas preocupações de um anterior, que aqui deixo para quem tenha interesse: Tempo(s) e Ideologia(s) na Indústria do Desenvolvimento.
A sinopse do "O deslustre da antropologia (em Moçambique).
Sinopse: Abordo a prática da antropologia no país, considerando-a marcada pela sua imagem pública, as noções sociais sobre o conteúdo e os limites da disciplina. Considerando que esse contexto deriva, em grande parte, das perspectivas sobre a antropologia que vigoraram logo após a independência. Nelas se enfatizando a proveniência colonial da sua parafernália metodológica, algo habitual nos debates reflexivos daquela época. E também vigorando, desde cedo, uma expectativa utilitária face às ciências sociais.
Reflectindo sobre a pertinência e as causas da continuidade dessa visão sobre a disciplina, ainda agora vulgar no campo intelectual nacional, procuro também articulá-la com o espartilho utilitário a que é votada, ainda hoje, a prática das ciências sociais.
Constatando a possibilidade da prática antropológica desgarrada dos imperativos “aplicados” à administração de políticas, procuro apresentar um quadro para a actividade disciplinar, associada a um perspectiva de desenvolvimento e de organização democrática da sociedade.
No campus da UEM, edifício da Faculdade de Letras e Ciências Sociais.
Sinopse: Abordo a prática da antropologia no país, considerando-a marcada pela sua imagem pública, as noções sociais sobre o conteúdo e os limites da disciplina. Considerando que esse contexto deriva, em grande parte, das perspectivas sobre a antropologia que vigoraram logo após a independência. Nelas se enfatizando a proveniência colonial da sua parafernália metodológica, algo habitual nos debates reflexivos daquela época. E também vigorando, desde cedo, uma expectativa utilitária face às ciências sociais.
Reflectindo sobre a pertinência e as causas da continuidade dessa visão sobre a disciplina, ainda agora vulgar no campo intelectual nacional, procuro também articulá-la com o espartilho utilitário a que é votada, ainda hoje, a prática das ciências sociais.
Constatando a possibilidade da prática antropológica desgarrada dos imperativos “aplicados” à administração de políticas, procuro apresentar um quadro para a actividade disciplinar, associada a um perspectiva de desenvolvimento e de organização democrática da sociedade.
Quem quiser ler o texto base da apresentação encontra-o aqui: O deslustre da antropologia (em Moçambique).
De vez em quando coloco um texto mais profissional na minha conta da rede Academia. É simpático e, sem blaseísmos, estimulante, pois alguns amigos também colegas dão-se ao trabalho de ler e criticar. Fazem-no com elegância. Ou melhor, ladeiam os pontos negativos com afagos, para que não esmoreça o teclista. Do que me têm dito dos textos retenho especialmente dois adjectivos: "verborreicos" e, hélas, "franceses".
Há algum tempo lá tinha metido dois textos. Face às agudas observações ouvidas peguei num deles, reduzi-o a metade e meti-lhe um bocado do outro. Acabei-o hoje e lá o coloquei.
Então, para quem tenha interesse nestas coisas, aqui fica a ligação ao "O deslustre da antropologia (em Moçambique)" [última versão].
A primeira sessão deste semestre dos já tradicionais seminários do Departamento de Arqueologia e Antropologia da UEM. Na próxima terça-feira, no "campus" pelas 10 da manhã com Teresa Smart e Joseph Hanlon, abordando o seu recente livro.
Sinopse:
Moçambique importa alimentos e ao mesmo tempo aqueles que os produzem continuam pobres porque a produção agrícola é muito baixa. A maioria das pessoas continua a cultivar a terra como faziam os seus avós. Mas desde o fim da guerra, há duas décadas, tem surgido um novo grupo de agricultores mais dinâmicos. Hoje contam-se já 68 000 pequenos e médios agricultores comerciais. Tal como os seus vizinhos, antigamente tinham apenas 1 hectare de terra e usavam a enxada como utensílio. Hoje cultivam entre 3 e 20 hectares e produzem principalmente para comercializar. Criaram emprego a nível da sua comunidade e estimulam a economia local.
Teresa Smart e Joseph Hanlon são os autores de Há mais bicicletas, mas há desenvolvimento? Para este livro, eles analisaram mais de perto este grupo de produtores dinâmicos – mas que poucos conhecem – e mostram de que maneira eles se expandiram.
O apoio para estes agricultores emergentes veio quase inteiramente de fora de Moçambique. As companhias estrangeiras que produzem a contrato promovem o tabaco e o algodão. O “sector público internacional” dos doadores, ONGs e agências internacionais, apoiam a soja e a mandioca. Estas companhias a contrato e organizações do sector público, providenciam os mercados essenciais, o crédito, a tecnologia e o apoio na prática. Estes produtores agrícolas passaram a ser pequenas e médias empresas (PMEs) e são agora o sector mais dinâmico da economia rural.
Desde a independência, o governo – com o apoio de muitos doadores – seguiu a estratégia dual de tentar elevar a produtividade dos camponeses mantendo-os nas suas parcelas de um hectare e a trabalhar só com a enxada, concessionando o resto das terras a grandes plantações mecanizadas. Mas isto não funciona. Foram poucas as novas grandes plantações que tiveram sucesso e mesmo o Banco Mundial pensa que essas explorações agrícolas pertencentes a companhias estrangeiras estão condenadas ao fracasso. Mantendo as famílias na sua machamba de um hectare e a desbravar à enxada, é mantê-las permanentemente na pobreza, porque a maioria desses pequenos agricultores não tem dinheiro para comprar sementes e adubos.
Este livro mostra que os próprios produtores agrícolas moçambicanos podem tomar a dianteira se tiverem apoio para expandir a sua área cultivada e tornarem-se agricultores comerciais. Assim seriam criados empregos rurais, seria estimulada a economia rural, e no fim, seria reduzida a pobreza rural. Mas estes camponeses teriam de ter ao seu dispor toda a terra e nenhuma seria colocada nas mãos do investimento estrangeiro. É urgente uma escolha política.
Teresa Smart é uma “visiting fellow” no Institute of Education of the University of London. É autora do Livro de Matemática - Ensino Técnico e co-autora de Há mais bicicletas - mas há desenvolvimento?, Zimbabwe Takes Back its Land, Beggar Your Neighbours e Apartheid's Second Front. De 1980 a 1985 trabalhou em Moçambique como professora de matemática no Instituto Industrial e depois como coordenadora de matemática para a Secretariado de Estado do Ensino Técnico e Profissional.
Joseph Hanlon é um “visiting senior fellow” na Open University, London School of Economics, e University of Manchester, em Inglaterra. Tem vindo a escrever sobre Moçambique desde 1978 e é o editor do Boletim sobre o processo político em Moçambique desde 1993. É co-autor de Há mais bicicletas - mas há desenvolvimento?, Zimbabwe Takes Back its Land, Beggar Your Neighbours e Moçambique e as Grandes Cheias de 2000, e autor de Paz sem Benefício - Como o FMI bloqueia a reconstrução de Moçambique, Mozambique: Who Calls the Shots, e Just Give Money to the Poor.
Hoje duas sessões simultâneas de apresentação de quatro livros, não há dúvida que Maio anda animado em Maputo. Na ECA às 17.30 apresentação de dois deles, projectos apoiados pela Kulungwana e editados pela Marimbique: "Kikiriki", um trabalho de Ciro Pereira sobre o maestro Filipe Machiana, muito apetecível, já aqui ao meu lado. E o "A Alegria é uma Coisa Rara", história da música em Lourenço Marques, de António Sopa, um livro verdadeiramente soberbo, que estou a acabar de ler e que mais do que recomendo, absolutamente imperdível.
No Camões, casa que obviamente reanimou, Adelino Timóteo apresenta às 18 horas dois livros publicados pela Alcance, "Nós, os de Macurungo" e "Não Chores Carmen".
Amanhã, também por aquela hora das 18 horas, e também no Camões, é apresentada a edição moçambicana (Ndjira) do último livro de João Paulo Borges Coelho, "Rainhas da Noite". Que já li e muito recomendo. Mas sobre o jpbc está o ma-schamba cheio de elogios, não se justifica continuá-los, qual ladainha. Apenas ecoar. O livro, que saíu em edição portuguesa há alguns meses, já foi lido por vários amigos e amigas meus. Que sendo leitores habituais do autor enchem de elogios este seu último. Como tal recomendável.
Já é uma tradição, este anual "Encontros com a História", realizado no Camões. Actividade que vem sendo organizada por Aurélio Rocha (FLCS da UEM) e por Augusto Nascimento (IICT de Lisboa). Está a decorrer nesta semana em Maputo e na próxima semana será também feita em Xai-Xai e na Beira.
Infelizmente coincide com o meu horário de docência e perderei todas as sessões. Sem desprimor para com nenhum dos outros oradores, tenho pena de ter falhado a primeira sessão de Frederico Delgado Rosa, colega de Lisboa, mais difícil de aqui escutar e que publicou há pouco um interessantíssimo livro em co-autoria com Filipe Verde, "Exploradores Portugueses e Reis Africanos". Deixo o programa em baixo.
Hoje falará Severino Ngoenha, homem sempre a escutar. Para quem possa convirá dar um salto até à Nyerere.
05/05/14: Frederico Delgado Rosa (Univ. Nova de Lisboa): "Continuidades invisíveis: o assassínio de Humberto Delgado antes e depois do 25 de Abril"
06/05/14: Joel das Neves Tembe (FLCS UEM): "A Luta Armada de Libertação e a legitimação do vanguardismo da FRELIMO"
07/05/14: Severino Ngoenha (Univ. São Tomás de Moçambique): "A Luta Armada: uma perspectiva filosófica"
08/05/14: Aurélio Rocha, (FLCS UEM): "A Independência de Moçambique e o 25 de Abril: uma perspectiva"
09/05/14: Augusto Nascimento, (Instituto de Investigação Científica e Tropical de Lisboa): "Militâncias e Lutas pela Independência nas ex-colónias portuguesas: um balanço histórico»
Resumo:
Amanhã decorrerá mais uma sessão dos Seminários do Departamento de Arqueologia e Antropologia. Com duas comunicações:
António Brito, da Universidade Federal da Grande Dourados, apresentará a comunicação: “Introdução a História do Movimento e do Direito dos Povos Indígenas no Brasil” e
Mário Sá, Universidade Federal da Grande Dourados, falará sobre "“Religiões Afro-Brasileiras”
Dams, Displacement and the Delusion of Development: Cahora Bassa and Its Legacies in Mozambique, 1965 - 2007, o livro que Allen Isaacman e Barbara Isaacman publicaram em 2013.
Com óbvia articulação a este temática falarão na próxima terça-feira no âmbito dos seminários do Departamento de Arqueologia e Antropologia da UEM. A sessão leva o apetecível título de "A expansão dos tentáculos do império Sul-Africano: a desterritorialização da Bacia da Cahora Bassa".