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Abaixo referi a proposta da presidente da assembleia da república portuguesa para a criação de um programa "Pessoa" que enquadre o desenvolvimento de um espaço comum para o ensino superior (e a investigação?) dos países CPLP. Referindo também a confluência disso com o programa apresentado pela nova direcção do Partido Socialista. Referi também a existência de um protocolo multilateral sobre o assunto datado de 2004, como forma de desconfiar da vacuidade das actuais declarações das lideranças políticas nacionais sobre esta matéria. E lembrando que já há uma década o anúncio do protocolo nos causava (aos envolvidos na matéria) tristes sorrisos, sabedores do que "a casa gasta". Em 2004 eu trabalhava há já dez anos ligado à cooperação nessa área, conhecia as trapalhadas provocadas pelas características sociológicas da administação portuguesa ligadas a esta área (em particular aqueles sectores hoje congregados no "Camões"). E a perfídia eunuca das instâncias universitárias, mergulhadas em rivalidades de pequena monta - poderão dizer que é mera má-língua, mas recordo que acompanhei uma reunião da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) em 1999 em Maputo. Uma cena abjecta por parte das "autoridades académicas" portuguesas. Ao que me disseram, e me continuaram a dizer, uma coisa habitual. Enfim, o que obsta não é a falta de instrumentos políticos e financeiros, é mesma a pequena gente que partidos e sociedades semi-secretas alcandoram aos sectores intermédios dos poderes públicos (presidente do conselho dos institutos politécnicos, por exemplo, lembrando a abjecta personagem, vero traidor, em 1999) ou estacionam nos pequenos postos da administração (director de serviço, chefe de divisão, etc.).

Enfim, para além das memórias, convirá ir ao real actual, para ver o "estado da arte". Falando-se em 2015 deste espaço comum universitário lembrei-me do acontecido em Fevereiro de ...2015. Aconteceu em Lisboa o XII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Propus as minhas comunicações, uma para um "grupo de trabalho" proposto por dois antigos alunos nossos, no Departamento de Antropologia da UEM. Aceitaram-me e fiquei todo contente, que melhor do que ir falar onde estão os nossos mais-novos a organizar? A Vânia, já colega professora na UEM, está a acabar o doutoramento em Lisboa e o Hélder está a fazer, com grande brilhantismo segundo me dizem, o mestrado no Brasil, auspicioso começo da sua carreira.

Estava eu ansioso de saber novas dele, das suas impressões e projectos. Chegado ao recinto do congresso logo perguntei por ele. "Não veio!". "Porquê?!!", lamentei, logo antevendo a inexistência de financiamento para a viagem. "Não lhe deram visto para Portugal". Fiquei estupefacto, "o quê?!!!". "Sim, no consulado português - não recordo qual a cidade brasileira - disseram-lhe que sendo moçambicano devia ir a Moçambique para pedir o visto para Portugal".

Assim, sem mais.

E estes políticos, e candidatos a políticos, e reformados políticos (como Esteves) continuam a perorar. E a gente a ouvir.

publicado às 09:47

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Interessante texto no Machina Speculatrix: ali se refere a iniciativa a presidente da A.R. portuguesa, Assunção Esteves, de propor aos membros da CPLP o programa “Programa Pessoa CPLP”, de mobilidade de estudantes do ensino superior e profissional similar ao "Erasmus" na União Europeia.

 

Porfírio Silva (o autor do blog) saúda a iniciativa de Esteves e a sua abertura às ideias da oposição pois, recorda, esta é uma proposta da nova direcção do Partido Socialista (a qual julgo que ele integra) inscrita no seu documento programático "Agenda para a Década", inclusive com o realce de um capítulo "Valorizar o Espaço Lusófono" e que cita no postal que aqui ligo. Independentemente da paternidade da proposta - questão política que Porfírio Silva aflora -, muito saúdo esta convergência sobre a matéria, a qual muito me interessa, até profissionalmente.

 

Entretanto, e porque o próprio postal em causa convoca explicitamente à reflexão dos leitores sobre o assunto, lembrei-me de um postal no ma-schamba: "Intercâmbio universitário em espaço lusófono". Está datado de 15 de Junho de 2004: refere a assinatura entre os ministro da educação/ensino superior da CPLP de um protocolo para a criação em dez anos de um espaço lusófono comum de ensino superior, para "promover a mobilidade de estudantes, professores, investigadores e técnicos".

 

Então, nesse postal, elaborei algumas ideias sobre a matéria. E transcrevi a notícia do "Público" com os desígnios do membro do governo português. Foi há onze anos. 11 anos! - e seria interessante saber o que se fez entretanto. Algo?

 

Agora os grandes partidos portugueses propõem o mesmo. E discute-se a paternidade da ideia "actual" ...

 

Até daqui a uma década.

publicado às 11:49

"Lusofonia" e "cooperação"

por jpt, em 21.12.14

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Na decoração de um modesto restaurante italiano em Bruxelas encontro um painel composto por dizeres sábios em múltiplas línguas e variados alfabetos. E afronto a minha falta de cultura humanística. Pois passei anos neste ma-schamba resmungando contra a tonta ideologia da "lusofonia" e a tosca prática da cooperação (ajuda pública ao desenvolvimento) portuguesa.

 

Quando, afinal, bastaria ter afixado este dizer de João de Barros, que condensa (denunciando o seu tempo e anunciando o futuro tempo que é nosso). Ensinassem-no às gentes do Estado e que ao Estado ascende ...

publicado às 17:10

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Há poucas semanas ocorreu o incidente com as autoridades timorenses, que expulsaram um alargado número de expatriados ali cooperantes, entre os quais alguns magistrados portugueses e, julgo, pelo menos um funcionário policial. A reacção da sociedade portuguesa foi intempestiva, membros do governo, políticos, jornalistas, etc. surgiram a denunciar e/ou a lamentar a corrupção do poder timorense, a inexistência das necessárias virtudes institucionais.

 

Escrevi aqui o meu espanto pela postura do Estado português e dos seus funcionários - como foi possível deixar magistrados portugueses ali deslocados investirem contra o poder legítimo timorense? Quem lhes desenhou os termos de referência? E, ainda para mais, quem permitiu que os funcionários públicos em causa (magistrados e não só) surgissem nos jornais, nas tvs, acusando o Presidente da República timorense e outras altas autoridades locais de corrupção e má índole, referindo-se explicitamente a casos jurídicos que se preparavam e a documentação que teria sido enviada (com que legitimidade) para Lisboa? Julgo, e escrevi-o, tudo isto um desnorte da política de cooperação portuguesa. Potenciado por um fundo intelectual de raiz colonial, um impensamento  transversal, que tem como corolário a confusão de cooperação (Ajuda Pública ao Desenvolvimento) com tutela.

 

O meu espanto foi tão grande que procurei textos sobre o assunto, em jornais e vários blogs, para além de referências dos cidadãos nas redes sociais. Nada encontrei neste eixo de reflexão. Com várias matizes foi geral a invectiva contra o poder timorense, e a explicitação da crença na sua corrupção.

 

Nem os comentadores radio-televisivos, nem jornalistas, nem cronistas, nem bloguistas, nem nós-facebuqueiros/tuiteristas, nem políticos no poder/oposição referiram o absurdo do processo. E também nenhum surgiu a invocar a necessidade do segredo de justiça, a invectivar o eco jornalístico (o "circo mediático") havido, a verborreia dos magistrados em causa, a exigir salvaguarda do bom nome dos políticos até prova definitiva em contrário - tudo isso que seria de sublinhar pelo facto de envolver magistrados portugueses em funções num país estrangeiro, como tal com repercussões na política externa portuguesa. Nada, foi apenas, um global "ai, Timor".

 

Tantos desses surgem agora, tão pouco tempo depois, quais vestais, erectos sobre (esses) invioláveis princípios. Para os profissionais da palavra pública (políticos, jornalistas) isto é um total absurdo, para não dizer outra coisa. Para nós, cidadãos verborreicos, é mesmo distracção. Ou então é mesmo só clubismo.

publicado às 01:58

Timor

por jpt, em 08.11.14

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Estupefacto, é como fiquei. Com a reacção pública à expulsão de Timor de um conjunto de funcionários públicos portugueses. E com o que isso demonstra, um total desnorte da política externa portuguesa, de cooperação. E, talvez (só talvez) da representação no país (talvez, digo-o três vezes, pois é muito possível que as suas opiniões não tenham sido tidas em conta). Não sei o enquadramento efectivo dos "cooperantes" juizes e afins ali descolocados (âmbito bilateral? âmbito multilateral?) mas esse, em última análise, não altera a questão.

 

Os tribunais são órgãos de soberania. Quem, no seio do nosso poder, deixou colocar funcionários públicos portugueses a exercer soberania no estrangeiro correu riscos, e não os cuidou. Dirão (já me disse um amigo jurista) que os magistrados são autónomos ("soberanos", se se quiser). Mas os magistrados funcionários públicos portugueses são-no (ou devem-no ser) em Portugal. No estrangeiro são "cooperantes", subordinam-se a questões de política externa portuguesa e à soberania do país onde trabalham. E disso deveriam ter sido veementemente informados, explicitando a diminuta autonomia e os limites de abrangência que tal deveria implicar.

 

Só uma empáfia incompetente (um desses funcionários diz no jornal que mandou  para Lisboa provas de que Xanana Gusmão é corrupto!!!!) dos ali deslocados, uma inconsciência radical dos seus deveres e funções, é que permite isto. E, claro, uma total desorientação de quem os lá colocou. No fundo tudo isto é um atentado aos interesses do país e do Estado. Português, entenda-se.

 

Há indícios de corrupção no poder timorense? Lamento. Mas não passa pela cabeça de ninguém que os funcionários públicos portugueses andem a investigar isso, que levem esse poder a tribunal interno. É o corolário das dinâmicas que enquadravam o seu trabalho no país? Então alguém no nosso poder, e há muito tempo, as deveria ter revisto ("rebaixado"). E já os ditos funcionários deveriam ter sido (in)formados do enquadramento do seu trabalho, enquadramento laboral mas também ideológico - são cooperantes, não são magistrados autónomos, servem a política externa portuguesa e os seus interesses. 

 

Quem deixou correr isto até este ponto foi pateticamente inconsciente, prejudicando o nosso país, ao limite atraiçoando-lhe os interesse. Os funcionários que se julgaram autónomos (por melhores valores éticos que julguem defender) foram pateticamente inconscientes, do seu enquadramento, por desadequada "deontologia". Nisso prejudicando o seu país, atraiçoando os seus interesses, por devaneio corporativo.

 

É fácil agora vir gritar "corruptos" (esse avatar do "selvagens" de séculos passados) aos timorenses. Mas de facto este é um episódio selvagem do funcionalismo público português. E da prosápia tardo-colonial que sobrevive na sociedade portuguesa. E do total desnorte da tutela.

 

publicado às 10:08

 (Escola Portuguesa de Moçambique, recanto das placas celebratórias de visitas oficiais do governo português. Foto de 2009)

 

Sobre a "cooperação" como área de política externa, já aqui escrevi. Uma área na qual trabalhei alguns anos. Esta semana houve em Lisboa o seminário "os clusters da cooperação portuguesa". Gostava de ter assistido. Até porque um desses "clusters" (e é sintomático que as instituições estatais não consigam falar a própria língua ...) é na Ilha de Moçambique. Uma opção ocorrida em meados da década passada. E sobre a qual na época pude, informalmente, opinar. Dizendo apenas o que era óbvio, mas que não aparecia assim aos decisores. Estas coisas já aconteceram há muito tempo, já são passado, e um tipo aos (agora) cinquenta anos pode falar disso de modo desprendido (até porque com esta idade já não se vai "a lado nenhum", não se pode ser interpretado como "estratega"). E também porque a maioria dos funcionários já não estão nos lugares, mudaram ou reformaram-se. Por isso teclo as minhas memórias.

 

A opção por sediar na Ilha de Moçambique um núcleo importante da cooperação portuguesa surgia-me como um erro político. Tanto para o aqui, pela leitura política que isso provocava e pelo irreprodutivo que o projecto seria; como para o lá, alimentando a manutenção do húmus colonial [o que é diverso de colonialista] do pensar português sobre África - sobre este, para quem tenha interesse tenho este texto "Olhar em África".

 

Antevia também um falhanço prático, face às dificuldades locais (que abordei num texto longo mas não académico) e à incapacidade humana e logística das instituições estatais civis portuguesas. Antevisão/certeza que vim a explicitar anos mais tarde no postal mais pérfido de dez anos de ma-schamba: este, anunciando a conclusão óbvia de tal projecto.

 

Ainda assim, antes do arranque do projecto, vim a ser sondado - apenas sondado - para ser o seu "coordenador". Os tempos corriam-me difíceis e, engolindo a (falida) arrogância, não me neguei. Anos antes, com algumas poupanças de lado, permitira-me uma maior dignidade. No início de 2000, quinze dias depois de ter sido dispensado de adido cultural aqui, fui convidado para ser "coordenador-adjunto" da cooperação portuguesa em Timor. Era uma saída em grande! Mas eu passara os últimos anos a sofrer a clique "gâmica", um universo execrável, cultural e eticamente. E respondi, cheio de "panache", "não posso! Por causa dos meus avós ... Se volto a trabalhar para vocês (socialistas, entenda-se) eles levantam-se das tumbas e vêm atrás de mim". E vim-me embora da esplanada do Polana. Não foi, claro, uma boa decisão estratégica. Mas ainda agora, quinze anos depois, sorrio ao escrever isto. Ainda bem que foi assim.

 

Mas os anos tinham passado, eu ficara aflito (aqueles dias em que me apanham a fumar Pall Mall/Palmar), não pude dizer que não. Lá disse as minhas condições, sabendo que eram quase inaceitáveis - pois eram as condições de um tipo que conhece o terreno. E nunca acreditei que aquilo fosse avante. Pois um dia, quando simples professor cooperante, escrevera uma longa jeremíada sobre a cooperação, e em particular sobre a tralha humana que habita(va) nas instituições a que ela se dedica (os "funcionários públicos" do "estado social", sempre reclamados como vítimas mas núcleo sociológico onde reside o pior do "português suave"). E quando me acabara o contrato escrevera ao insigne presidente da cooperação dizendo-lhe o que pensava dos tristes serviços que ele presidia. [as últimas páginas deste texto]. E realmente nunca mais ouvi falar do assunto.

 

Lembro-me de tudo isto ao ler do tal seminário, apresentando resultados da "avaliação" (positiva, decerto) destes "clusters". E lembro-me também da sucessão de "primeiras-pedras" na construção da Escola Portuguesa de Moçambique, que acompanhei por deveres de ofício. E da foto com que ilustro este texto, o recanto das (imensas) placas assinalando a visita de uma qualquer "sua excelência" governativa à escola. Explicitando, de modo abrasivo, e ainda por cima transmitindo às novas gerações, este culto tão português, o das "primeiras-pedras" e "placas comemorativas". Legado, porventura, do paganismo celtibero.

 

Quanto ao dito "cluster"? Uma ou outra primeira-pedra, algumas placas. Decerto que algumas benesses caritativas, sempre bem-vindas. O tempo vais passando. Nós reformamo-nos, morremos. A cooperação deixará de o ser. Para quê falar disso?

publicado às 10:40

 

Começam hoje as comemorações das três décadas de programas de cooperação [ajuda pública ao desenvolvimento] entre Moçambique e a União Europeia, organizadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação nacional e pela delegação da U.E. em Maputo. Ao fim da tarde no cinema Scala, às 18.30, será estreado um documentário moçambicano, produzido pela PROMARTE (de Sol de Carvalho) e realizado por Fábio Ribeiro, sobre essa cooperação, "Os 5 elementos: 30 de cooperação". Diz quem já o viu que está bem interessante.

 

Será interessante ir(mos) lá. Neste (ainda) novo milénio o discurso e a prática da "Ajuda Pública ao Desenvolvimento" tem-se alterado. Tanto pelas implicações dos diversíssimos processos nacionais como pela emergência de poderosos novos interlocutores com os países ACP. Os quais têm, com toda a naturalidade e legitimidade, diferentes objectivos e metodologias nas suas relações com estes países. Mas que não serão exactamente "desenvolvimentistas", no sentido mais conceptual dado ao termo, estarão mais atreitos aos modelos de "crescimento económico" mútuo.

 

Há quem, como eu, acredite no valor "desenvolvimento", ainda que ciente da sua dimensão humana, donde imperfeita. Assente nas ideias da democraticidade (e democratização), da tendencial equidade, e da sustentabilidade (sociológica e ecológica). Quem assim pensa tem agora, hoje ao fim da tarde, uma excelente ocasião para ver neste documentário a(s) voz(es) moçambicana(s) sobre esta articulação desenvolvimentista entre as instituições da União Europeia e as de Moçambique. E assim alimentar uma reflexão sobre o futuro.

 

Sei que há sempre muitas críticas aos interlocutores. Convirá pensar que em termos de "cooperação" a União Europeia tem sido um grande interlocutor do Estado moçambicano. Em meu entender com vantagens, para além da ideologia que acima referi. O facto de não ser uma cooperação bilateral (entre dois estados) implica uma maior abrangência e um desligar de interesses nacionais dos doadores (aquilo a que em tempos se chamou "ajuda ligada"), e isso é muito benéfico.

 

Convirá também recordar que Moçambique tem sido um grande receptor de ajuda europeia. Às vezes isso é um pouco ultrapassado no discurso interno, saudavelmente valorizador das capacidades endógenas. Mas convirá recordar uma dimensão fundamental nesse processo destas três décadas. A da extraordinária capacidade de absorção dessa ajuda, ou seja, a capacidade institucional do Estado (e da própria "sociedade civil") em articular e desenvolver projectos (sociologicamente) infraestruturais de enorme complexidade. Aquilo a que poderemos chamar uma auto-capacitação institucional, verdadeiramente louvável.

 

É isso, como democrata português e europeu, suavemente europeísta, e nada suavemente apaixonado por Moçambique, que me apetece agora ir festejar. Celebrando estes trinta anos de cooperação, através deste programa cultural que abaixo replico ["clicando" duas vezes na última imagem o programa das comemorações engrandece, ficando muito legível].

 

Até lá, espero.

 

 

 


   

publicado às 10:25

Lucas Coelho e a CPLP

por jpt, em 13.04.14

 

 

Há dias meti um postal, bem intencionado, sobre a "interacção" cultural entre Moçambique e Portugal. Nele está ainda a ligação para agradáveis declarações de Mia Couto, saudando a boa qualidade da actual "cooperação" cultural entre os dois países. Distingo os termos pois no jargão "cooperação" remete para articulações sob quadros institucionais (estatais ou não-governamentais) algo diversos da "interacção" entre profissionais das áreas, neste caso culturais. A distinção pode ser ténue, porosa, mas quem acompanha o sector de actividade percebe, de imediato, o que se pretende apartar.

 

Há muitos anos que estou afastado dessa área, não tenho grande informação. Ouvindo o mais que respeitável Mia Couto surpreendi-me um pouco, ficando esperançado que esteja correcto. Descreio um pouco, por razões múltiplas. No topo das quais sempre coloco um problema ... cultural. Pois as características sociológicas da administração pública portuguesa são um grande obstáculo ao estabelecimento de políticas de cooperação, muito em particular nos sectores da acção cultural. Mas concedo, bastar-me-á aceder a um documento indexando projectos estruturantes (efectivamente) realizados em algumas áreas culturais para rever este meu cepticismo. E fá-lo-ei com grande prazer.

 

Dito isto. Foi sonoro o acontecido na semana passada em Lisboa, na entrega do prémio APE a Alexandra Lucas Coelho. A escritora fez um discurso abrasivo, no qual articulou literatura e política, e criticou duramente o presidente da república e o governo. Simpatizo com as gentes das artes e letras afrontando os poderes políticos e, mais ainda, os económicos. Gostei do acto. Certo que discordo de algumas coisas que a autora disse (um erro factual, aquele de que o PM actual mandou os professores emigrar, uma coisa que não aconteceu; uma interpretação muito reducionista sobre o "local" do salazarentismo na sociedade portuguesa; e uma visão muito ... sincrónica das maleitas da sociedade), mas nisso cada um interpreta como vê.

 

Como se tornou público, após o discurso da escritora ripostou o secretário de estado da cultura, algo a despropósito. Os adeptos do actual governo gostaram, mas é óbvio que gostaram mal. Um membro de um governo não se comporta assim, muito menos numa sessão protocolar. E se quer ripostar (erro) arranja um registo adequado. Mas enfim, cada um riposta como quer. E pode.

 

O enorme burburinho causado chamou-me a atenção para outra coisa. Pois nesses mesmos dias acontecia em Maputo a IX reunião de ministros da cultura da CPLP, acto que ocorre em cada dois anos. Na qual, com toda a certeza, as questões da "cooperação" cultural (e concomitantes efeitos indutores da "interacção") foram discutidos, planeados e, talvez, melhorados. Ao nível multilateral e nos âmbitos bilaterais. E presumo que, dada a ênfase linguística que esta cooperação vem tendo, terão sido discutidas questões ligadas à dinamização do "português" língua.

 

Acontece que o nosso governo não considerou importante a reunião e não esteve presente. E o responsável pelo sector, em vez de aqui se ter apresentado, foi-se para a cerimónia de um prémio literário (por mais estimável que este seja) arranjar um banzé daqueles, chamando sobre si a atenção. De todos e, como tal, dos seus congéneres reunidos em Maputo. 

 

É óbvio que há aqui qualquer coisa descalibrada. E, infelizmente, tudo isto só sublinha o meu cepticismo sobre as possibilidades da tal "cooperação". 

publicado às 23:22

(Shikhani) 

 

 (Naftal Langa)

 

 

Foi no "A Bola" que soube desta exposição "Tempo da Arte" no Camões, inaugurada pelo primeiro-ministro Passos Coelho. Logo janto com Ídasse e digo-lhe, ele a surpreender-se, "estás na Bola, é a glória", avanço-lhe, qu'isto de artista plástico no velho jornal desportivo "é a consagração de carreira", e rimo-nos. Trata-se de uma selecção da colecção do centro cultural português, obras que têm vindo a ser ofertadas ao longo dos anos por artistas moçambicanos e portugueses que ali têm exposto. E teria sido uma interessante nota para o dito jornal, lá está presente um quadro de Albertino, esse que  admirei no Boavista e resmunguei no Porto dos tempos do Pedroto. 

 

No fim-de-semana fui lá ver a exposição, que muito se justifica, pelo conteúdo e pelo olhar que permite sobre a história da instituição. Uma mostra abrangente, cerca de 30 obras, que julgo abarcar desde as actividades dos inícios dos anos 1990s, nos então "serviços culturais da embaixada", dirigidos por José Soares Martins, período a que se não estou em erro corresponde uma obra de Eugénio de Lemos, agora exposta. E se desenrola, com obras naturalmente mais recentes, correspondentes à actividade regular daquele centro, inaugurado em inícios de 1997. Com presença de artistas portugueses relevantes na interacção das artes plásticas dos dois países, como  José Júlio (o sempre dito pintor-faroleiro), José Pádua, e também já de gerações mais novas José Paiva, que durante anos animou o projecto de cooperação artística Identidades, ou mesmo Júlio Resende, que teve uma mais episódica ligação com o país. E um bom painel sobre o momento actual moçambicano, desde os mais recentes, como Morim, Simione, Tomo, Mudaulane, Filipe Branquinho (em versão não fotógrafo). E Ndlodzy, mestre escultor da sua geração, lamentavelmente muito retirado das lides.

 

E também alguns dos mais antigos, já partidos neste ocaso de uma geração de fundadores da arte moçambicana, sempre para recordar, com verdadeira saudade. O enorme Shikhani, minha preferência nacional, Naftal Langa, mestre escultor agora mesmo falecido, Samate.

 

 (Nlodzy)

 

Um painel destes merece, realmente, uma visita. E também por isso foi bom que tivesse sido inaugurado a alto nível protocolar (sim, sei que haja quem resmungue contra isso, mas não tem qualquer razão). Pois convoca a atenção para os caminhos de aprendizagem mútua e enriquecimento mútuo feito através das articulações culturais, ou mesmo da mera fruição.

 

Por isso mesmo é muito interessante, e tão satisfatório, ver esta pequena reportagem realizada pela estação moçambicana TIM (ou seja, não são meras palavras simpáticas para a RTP-África). Onde esta articulação e a sua pujança actual é saudada e elogiada, por Chiziane, Lucrécia Paco e Mia Couto. E desejada. Há espaço e vontade, para além dos economicismos, e destes modelos de desenvolvimentos produtivistas que vão grassando. Há gente, agentes culturais e institucionais. E há um intercâmbio crescente. Ainda bem. Ou, como se diz noutra língua, oxalá.

 

 

 

 

 

publicado às 22:23

ISCTE Bring Us Together

por jpt, em 14.11.13

Alguns amigos, sabendo-me antigo aluno do ISCTE, uma das mais prestigiadas instituições universitárias portuguesas, enviam-me a notícia de que nos próximos dias decorrerá em Maputo um evento sob a sua égide, julgo que organizado em conjugação com a Universidade Politécnica. Neste sítio, perdão, neste site está a informação sobre o evento ISCTE Estamos Juntos, perdão, ISCTE Bring Us Together. Para além do convívio, perdão networking, dos antigos alunos, desculpem-me, alumni, acontecerá uma conferência que antevejo muito  interessante, em consideração pelo tema: "Potencial Energético de Moçambique – desafios para a criação de um bloco energético da CPLP/ Macau-China". E ainda, no dia seguinte, uma oficina, perdão, workshop em Balanced Scoreguard.

 

Iscteano que fui desejo os maiores sucessos a esta iniciativa. e um bom momento de trabalho e de aprendizagem a todos os participantes. Que os alumni se alumiem, se me permitem usar a língua portuguesa..

 

Português que sou, da geração iscteana de 1980s, tremo, furibundo com este anglês. Não por qualquer purismo linguista, vade retro (latim) satanás! Mas porque nele habita a ideologia yuppista cristalizada, essa dos tais anos 80s. Que escavacou (sem malícia) a economia e a sociedade portuguesa, como se vê agora. É mais ou menos para isto, ou deveria ser, que servem os antropólogos (os brotados no ISCTE e noutros locais). Para irem dizendo que o economês vai nu. E o globalês cheio de arestas, enferrujadas. E até mais coisas. Que não pagam propinas. Mas poderão alumiar alguns alumnis. E fazer um mundo melhor. Ou, pelo menos, não pior. Perdoe-se-me o intermezzo (italiano) iluminista.

publicado às 09:18

Memória

por jpt, em 14.11.13

Acordo de Cotonou, que enquadra a política europeia (e portuguesa) de cooperação para o desenvolvimento com os países de África, das Caraíbas e do Pacífico.

publicado às 09:17

 

Daqui a bocado, à 1 da manhã (23 em Portugal) na estação SIC Notícias o programa "Expresso da Meia-Noite" abordará Moçambique. Entre os convidados estará o nosso FF (Fernando Florêncio, no seu avatar de professor de antropologia em Coimbra). Para quem não receba o canal (eu, por exemplo) refiro que no "sítio", acima ligado, será colocada a gravação.

 

Também estará presente o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas do governo português José Cesário. Nada me move contra este membro do governo. Muito menos, como é óbvio, contra as comunidades portuguesas (entidades meio míticas a que eu, veterano emigrado, voto particular simpatia). Mas permito-me referir isto: nos últimos meses foram raptados em Moçambique dois imigrantes portugueses e dois luso-moçambicanos. Sobre o assunto já falou este mesmo secretário de estado, o actual vice-primeiro ministro e (muito mal, diga-se) o próprio Presidente da República. Agora de novo o secretário de estado das comunidades. Isto aparenta alguma verborreia (entenda-se, exactamente o antónimo exacto da palavra "diplomacia").  Noutros tempos portugueses, e face à complexa situação política em Moçambique (a qual também inclui o frisson sobre o ciclo de criminalidade urbana), quanto muito falaria, e com toda a parcimónia que a racionalidade político-diplomática impõe, o secretário de estado dos negócios estrangeiros e da cooperação.

 

Não será preciso ser grande águia para retirar daqui duas considerações: uma alteração totalmente casuística da política externa portuguesa face a Moçambique (pois assim agora denotado como predominantemente local de emigração nacional); o esfacelamento do  próprio MNE ocorrido sob a governação de Passos Coelho. Sou completamente insuspeito de simpatias cegas pelo PS (estão aqui os arquivos do ma-schamba para o comprovar). Mas para quem conheceu "secretários de estado da cooperação" com a dimensão de José Lamego, Luís Amado e João Gomes Cravinho, é completamente patético acompanhar o ramalhete de SENECs que Passos Coelho tem vindo a apresentar. Talvez por isso o silêncio agora. Sem outro significado, afinal, que o do vácuo?

 

(É óbvio que sai isto da minha irritante cabeça, e que o bom do FF não  tem responsabilidade nenhuma na minha resmunguice, apenas me avisou que ia lá estar a falar.)

publicado às 20:02

 

Desde 2011 que recebi imensos pedidos de informação de compatriotas desejando trabalhar em Moçambique. Não terei sido útil à esmagadora maioria, por vezes terei parecido antipático, mas sempre procurei seguir a máxima de nunca menosprezar quem necessita de procurar trabalho. Por compatriotismo mas também porque se houve algo em que Marx acertou foi no "Proletários de todo o mundo uni-vos!", mesmo que agora tenhamos colarinhos brancos e os capatazes sejam "doutores" das administrações públicas. No meu perfil da rede social Academia.edu tenho deixado textos antigos, aqueles que não cabem em blog pois nele não se justificam. Lembrei-me agora do texto mais pessoal que já escrevi, apesar da retórica quase-académica. Tem onze anos, então um período profissional terrível para mim (mas pessoalmente glorioso). Está velho, que muito no mundo mudou. Mas fica para os compatriotas que ainda buscam trabalho algures: para isso nunca confiem no vosso Estado (e tantos ainda me falam nas possibilidades da "cooperação"). Não por causa dos políticos. Mas mesmo por causa da "administração pública". Que é gente, de corpo e (sem) alma.

 

Fica aqui a ligação para o "Antropologia de um Projecto de Cooperação. (Auto)História de Vida de um Candidato a Cooperante". É um texto meio maluco, iradíssimo. Nota-se na forma. Mas não no conteúdo, "cristalino como o cristal". Custa-me a memória de tê-lo escrito. Ainda bem que o escrevi.

publicado às 15:48

Em Lisboa, na próxima semana, David Sogge falará sobre a perversão da ajuda externa. Como o cartaz ecoa, verdadeira epígrafe (panfletária?) "Ao longo das duas últimas décadas, tem-se verificado um grande problema, no campo da ajuda externa: onde as suas principais instituições têm força, a pobreza tende a ficar pior, não melhor". Gostava de assistir. Para aprender sobre a matéria.

E, já agora, para ver se no "debate" alguém do público convocado (e também pela instituição da ajuda externa portuguesa, singularmente chamada "Camões", poeta do império ["ele" há cada coisa]) colocará esta dúvida: será realista colocar esta epígrafe numa cidade capital de um país que vive há pelo menos 25 anos com uma gigantesca ajuda externa, cujas instituições têm ali imensa força, e onde a pobreza em muito se reduziu?

Mas nada disso soará. Que na "espuma do dia" isso da "ajuda externa" é só aquilo para o ACP, os pobrezinhos quase selvagens, não-brancos.

Que cansaço com estas ideologias, cardápio retemperador. Em particular, muito em particular, quando meras legitimações ("vamos todos ouvir o Sogge") das catastróficas instituições do rame-rame. E pró-alento dos funcionários.

jpt

publicado às 11:43

 

No final de XX Alfredo Margarido escreveu:

 

"Hoje, uma fracção substancial dos teóricos da "portugalidade", fazem da língua o agente mais eficaz da unidade dos homens e dos territórios que foram marcados pela presença portuguesa. Não tendo havido uma grande reflexão anti-colonialista antes das independências, registou-se a necessidade urgente de organizar uma ideologia explicativa: os portugueses foram obrigados a renunciar à dominação política e económica, mas procuraram assegurar o controle da língua.


O drama ... provocado pelo acordo ortográfico ..., deriva dessa inquietação: se a língua não for capaz de assegurar a perenidade da dominação colonial, os portugueses ficarão mais pequenos. A exarcebação da "lusofonia" assente nesse estrume teórico ..."

 

Diante da crise que avassala o meu país, um dia aqui botei: "Desabrigada no pós-1974 a sociedade portuguesa não desenvolveu a economia nacional, agora num contexto concorrencial, e abrigou-se sob o Estado, redistribuidor das benesses europeias (a “cooperação”, como se diz em África). Nesse processo a velha socioeconomia colonial tornou-se uma socioeconomia estatizada, via Estado central e via municípios (e escapámos à “regionalização”). As denúncias moralistas contra o “clientelismo”, o “caciquismo”, o “patrimonialismo” (“os jobs for the boys”) esquecem o acordo social que assentou nisto. Tal como há décadas atrás os teóricos marxistas falavam em “burguesias compradoras” improdutivas no Terceiro Mundo, assistimos ao crescimento de uma “sociedade compradora”, de bens e serviços. E o “FEDERismo” tornou-se o projecto português, não tanto o “federalismo” europeu.No fundo, de forma perversa e até contraditória, Portugal vive agora a efectiva descolonização, ou melhor, vive o processo de acolonização. O proteccionismo colonial morreu e o seu avatar proteccionismo estatal, que protegeu a sociedade após 1975 do embate externo, está moribundo. Há pois uma monumental incongruência (que não é apenas da discussão entre dívida pública e privada) na sociedade, entre o projecto produtivo e a auto-concepção de cidadania."

 

Vem isto a propósito da visita de ontem de Angela Merkel a Portugal. À noite ouvi, de raspão, o noticiário da SIC onde Miguel Sousa Tavares comentava essa visita. Tem mais de vinte de anos como figura fundamental da informação televisiva. Escritor afamado, de grande sucesso, gostado. Jornalista, director de publicações. Cronista, viajante, na imagem de cosmopolita. Homem ouvido, seguido. Filho de Francisco Sousa Tavares grande jornalista, advogado e político, entre tanta coisa também o homem que discursou no Largo do Carmo, voz do parto da democracia. Filho da enorme Sophia de Mello Breyner. Sobrinho do grande Ruben A. Casado com Teresa Caeiro, antiga governante, inclusivamente secretária de estado das Artes e Espectáculos (como se "Cultura"). Ponho aqui os laços familiares não por indiscrição, que são públicos e muito honrosos, muito mesmo. Mas porque sublinham o seu capital cultural, e social, a sua legítima pertença à elite cultural portuguesa, na qual não é arrivista. E na qual a sua biografia profissional o sedimenta. Com  isto tudo é pacífico  considerá-lo uma voz do olhar português sobre o mundo.

 

Irado, insurge-se Sousa Tavares que a tradução das palavras da governante alemã tenha sido em "brasileiro" - algo da responsabilidade da embaixada alemã diz-lhe a colega Judite de Sousa (um intérprete brasileiro? um alemão que estudou português no Brasil?) - pois "na nossa terra fala-se a nossa língua", diz o comentador, mais-que-ríspido.

 

Assim, sem mais, no país da lusofonia, esse paleio impensante, retórica vã perseguida desde o alterglobalismo a la BE de Boaventura Sousa Santos até à direita cristã dos paladinos ortógrafos, passando pelo magma inintelectual socialista-republicano até ao actual poder na velha retórica de Braga de Macedo e Morais Sarmento, eis, explícito, cristalizado, o que se pensa sobre a língua, a "nossa língua", com o "nosso sotaque", a que é legítima, o que é legítimo, para efectivar (nossas) portas dentro. Na crise, que se lixe a "lusofonice".

 

Diante da frase xenófoba, racista, colonial, do "dono da língua" "dono da terra" pensei que o dia seguinte fervilharia. De gente irada, democrática, inclusiva, solidária. Ou mesmo, pura e simplesmente, lusófona.

 

Mas nada, nem uma petição, nem um protesto, nem "memes" no facebook. Até gente tão participativa, anteontem revolucionária, furibunda no indignismo, tão atarefada em gritar contra a senhora do Banco da Fome que disse meia dúzia de vacuidades expressando algumas coisas nada populares mas não  tão desacertadas (Portugal vive estruturalmente produzindo muito menos do que consome, algo que o pensamento preguiçoso antropomórfico traduz como "vivemos acima das nossas possibilidades", como se isto (aquilo) fosse uma família) cala-se agora. Desatenta? Nada. Concordante, no tom xenófobo, no teor colonialista. Pois a uma (relativa) perenidade do enquadramento estatal da acção social corresponde uma manutenção cultural, profunda, a estruturar o olhar sobre o real, e o país.

 

Pois para as velhas "massas", cujo internacionalismo se acomoda na tasca onde se atafulham do molho do caracol, e para as elites, com um cosmopolitismo encerrado no bidé, que nem usam, no país o que se fala "é a nossa língua", o "nosso sotaque". Nem notam, nem atentam. A mentezinha colonial(ista), a superioridade pacóvia.

 

E depois, enquanto revolucionam, indignados, contra a "austeridade" que os fere, vão mandando para filhos e enteados, quando não para eles próprios, "ó socorros", "arranja-me um emprego" para onde outros, os "lusófonos" tão amigos que eles são, irmãos mesmo, falam a (afinal) "nossa" língua.

 

Tudo isto, toda esta gente, de sotaque certo e de língua certa, cheios de certezas.  A justificarem bem, infelizmente, todo o descalabro. De agora. E anunciado.

 

Amanhã? Lá estarão todos a ouvir o "miguel". E a indignarem-se.

 

Não há futuro. Com esta gente.

 

jpt

publicado às 18:49


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