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lisipo.jpg

 

 

Um dia lá em Maputo o bom do António Cabrita tirou-me esta fotografia, pois achou-me parecido com um andarilho que por lá passara, não sei se turista se cooperante, disse-me ele que assim para o turbulento, um tal de Herakles, amigo de outro lá da comunidade grega maputense, um tipo dado às artes, o Lisipo, este com o qual o próprio Cabrita tinha acamaradado, julgo que coisas de uns copos conjuntos e da realização de um catálogo para uma exposição do helénico e de umas ilustrações para um ou outro livro do próprio Cabrita, se não estou em erro.

 

Nesta alvorada lembro-me desses gregos, e em particular do meu sósia, gente que não cheguei a conhecer, e que deixaram boa impressão lá por Maputo. A propósito da crise económica-financeira na Grécia deles, sobre a qual tanto estou a ler nos jornais, nos blogs e nos murais-FB patrícios e moçambicanos. E fico compungido, com esta minha distracção. É que, apesar das parecenças, sou o único tipo que não sabe como resolver aquilo, todos os outros conhecem a (uma) solução. E botam-na, freneticamente.

 

Devia ter estudado mais.

 

publicado às 05:14

Vieram aí os russos?

por jpt, em 20.05.13

 

 

Há dois meses foi no Chipre: foram-se aos depósitos do povo, que é cipriota, e pimba, sacaram-lhes parcela. Na altura botei que um dia destes iriam aos dos outros, que não são cipriotas. Mas logo foi justificado o acontecido, ao que consta os bancos cipriotas estavam atulhados de dinheiro russo, sabe-se lá exactamente porquê, e que foi essa a razão do saque realizado.

Ontem ao jantar sou avisado por voz algo preocupada. A notícia até já tem dias, mas na azáfama cá de casa nela não atentáramos: o governo português vai avisando, acima dos 100 000 euros de poupanças a gente não poderá estar descansada (e abaixo também não, direi eu, que isto do "sacro[e]ssanto" respeito anunciado pelo ministro tem "algo que se lhe diga"). Decerto que os russos vieram por aí abaixo, sem que percebessemos, e encheram o banco público dos macro-investimentos mal parados [ai a CGD, administrada por mandarins dos(s) partido(s)] e os grão-bancos privados. Foi isso, abramovichámo-nos sem ver?

A lógica actual é simples: vai-se às reformas e tira-se-lhes parte. Sendo que a esmagadora maioria dos reformados não será propriamente muito abonada. E vai-se aos tipos que fizeram algumas poupanças (por maior que seja a demência populista: um tipo que tem 100 000 euros não é, seguramente, um oligarca e, muito menos, um plutocrata). Ou seja, vivemos anos a ouvir dizer que se "gastou demais" (e sim, a sociedade gastou demais, o que é bem diferente do que dizer que as pessoas consumiram demais, quais viciosos ou prostituídas imbecis). E agora pune-se aqueles que tiraram do consumo, os que descontaram para a reforma e/ou aforraram.

Nã, Gaspar até pode estar bem-intencionado (eu acho que sim) e ter várias razões (dado que a "Razão" ninguém tem). Mas, nã (repito), assim não se vai lá. Qual a solução?

Desconfio que este colchão Onix-Bristol não dê a segurança necessária, que logo brotariam os assaltos à mão-armada. Ou, pior, a proibição de levantamentos bancários. Daí que o melhor será mesmo ir até Bristol depositar o caixote preenchido durante a vida. Ou algum visitante tem melhor conselho?

publicado às 08:46

O "eurocapitalismo"

por jpt, em 19.03.13

 

No mural-FB de um meu amigo real está afixada esta deliciosa fotografia. Que não diz quase tudo. Mas diz muito e deixa, assim, cada um dizer o mais que lhe ocorre. E o que ocorre a cada um depende muito de onde está, de onde vive e onde quer viver.

 

Na minha "gasta" e "amada" pátria e arredores, subjugados pela sensação de crise, há quem queira acabar com o capitalismo. É um assunto a discutir. Os seus antepassados políticos foram uns viscerais defensores do capitalismo ("de Estado") mas pode ser que tenham aprendido alguma coisa, com aquilo do "socialismo real" e dos morticínios praticados e da efectiva pobreza disseminada. Duvido, mas poderá haver esperança na razão humana? Há os liberais, esses do liberalismo económico, que defendem o capitalismo, e que são panteístas, acreditam que por todo o lado (até nas calotas polares que não derretem, claro, e nas florestas, que desabrocham, viçosas) está deus nosso senhor em avatar mão invisível, provocando que seja virtuoso tudo o que se passa entre os homens desde que estes livres indivíduos, desalgemados da influência desse mito (ainda que algemador) "sociedade", às vezes dito "estado".

 

Depois há a maioria, que defende o capitalismo, o capitalismo corporativo. Para a qual tudo estará bem desde que tudo fique como antes, que as corporações nacionais (os países, para quem não entenda) privilegiadas se mantenham ricas e as corporações nacionais desprivilegiadas melhorem um bocadinho, coitadinhas - são estes os grandes clientes da democracia populista, que tem vingado no continente. Por outras palavras, mantenha-se ao limite possível a "troca desigual" internacional e as futuras gerações que paguem os défices que entretanto provocamos com os níveis de consumo e de .... serviços - e por alguma razão há algumas décadas se proibiram os supraendividamentos públicos aos sistemas bancários estatais, remetendo-se os estados para empréstimos na banca privada. Certo, tudo terminou como está agora. Há quem veja esta medida como uma "(teoria da) conspiração" do capital. Esquecem é que suas causas foram (também) a demência endividadora do populismo multipartidário, e a tentativa de a vedar. Neste eixo corporativo há um fluído grupo composto pelos que dizem querer acabar com o capitalismo, os "indignados", mas não querem bem isso. São os barulhentos neo-Keynesianos, querem viver no capitalismo desde que tenham os privilégios de o fazer e a liberdade de protestar por isso mesmo, e também de fazerem o bem, "ajudarem" na "alterglobalização" - à qual antes chamavam "ajuda pública ao desenvolvimento" -, coitados dos indígenas. Mas não lhes apetece assumir isso, tudo um aparente conservadorismo que não fica bem no youtube.

 

Eu não sei bem em qual destes grupos estou. Ando angustiado, com o meu país e com a minha família. Apetecia-me que a gente continuasse a viver bem.

 

Tal como diz a fotografia penso que isto não é uma "crise" (no mundo nunca houve tanta gente a viver bem ou, pelo menos, melhor). É o capitalismo. Está agora numa fase de "capitalismo real"? Sim, e em alguns sítios isso esmaga (noutros faz brotar). Por isso a pedir uma grande mudança. Radical. Talvez a exigir revolucionários, mais ou menos furibundos, furiosos, descabelados. Mas nunca populistas. Principalmente os de ar sereno.

 

Fico então a pensar, em píncaros de ingenuidade, se será possível um capitalismo "de rosto humano".

 

Um eurocapitalismo, para glosar a expressão europeia dos anos 1970s. 

publicado às 13:19

( Agamemnon)

 

 

"Ainda tens blogue? Isso é tão primeira década do século...", no ABC do PPM

Manuel Maria Carrilho num excelente "Indignados ... e depois". Um excerto: "

"Tudo hoje aponta, a meu ver, para o facto de a crise que estamos a viver exigir uma revolução no modo de fazer política. Mas uma revolução que aumente a sua eficácia, e esse é sem dúvida o grande problema que os movimentos de “indignados” enfrentam. Porque é bom não ter ilusões: a indignação, apesar de ser um forte detonador mediático, é na verdade um fraco operador político. A razão é que, por um lado, ela combina bem demais com a insatisfação típica do individualismo contemporâneo e da sua interminável reivindicação de direitos. E, por outro lado, porque ela se apoia mais em sentimentos do que em ideias, e acredita mais em palavras do que em programas."

No meio do folclorismo e do linearismo da palavra pública Carrilho é um teclado raro. Único?

"Se a palavra perde o acento, os novos dicionários (consulte-se o mais recente Houaiss, em dois gordos volumes já sob a designação de “Atual”) reservam um parêntese para explicar que aquele “o” vale “ó”. Ou seja: o que a própria palavra indicava sem dúvidas agora vai exigir um professor aplicado ou um dicionário à mão. Excelente negócio.", em "Nem Saramago escapa", artigo de Nuno Pacheco no jornal Público, transcrito no ILC Contra o Acordo Ortográfico.

Já agora, face a tanta contestação a este serôdio produto Acordo Ortográfico (campanhas de cidadania, refutação por parte da elite intelectual e artística, recusa de jornais de referência), que tem a dizer Francisco José Viegas, secretário de estado da Cultura?. Sim, é um adepto do acordo, foi-o dizendo ao longos dos anos. Mas como governante, que diz à sociedade? Ou por outra forma, para além do respeito e da amizade (e do confradismo bloguístico) que lhe dedico: o acordo é uma decisão política criticável (em meu entender, que é claro que não é absoluto, inculta). E ao governante cumpre deixar cair a cabeça no cepo, auto-imolando-se para defender o disparate por outros cometido, e por ele defendida. E a nós, cidadãos, cumpre decepá-lo. Se Agamémnon sacrificou a filha em busca de bons ventos bem que podemos sacrificar um confrade em busca dos nossos acentos.

A Líbia como mundo tribal, mero objecto dos líderes da Santa Aliança, diz-nos José Pacheco Pereira. Não me chega.

Homenagem a Eugénio Lisboa, um homem (também) daqui. Sobre EL ainda um texto Francisco Seixas da Costa.

Eu Quero Emigrar: Web site que proporciona aos clientes acompanhamento e ajuda em todo o processo de emigração, repara o Paulo Pinto Mascarenhas, algo sintomático sobre a situação de Portugal.

Recordo que há cerca de duas semanas deixei no meu mural do facebook um "estado" (de espírito), explicitando que não tenho contactos nem conhecimentos que possam facilitar a obtenção de empregos/trabalhos aqui em Moçambique para candidatos a imigrantes portugueses. Isto devido aos constantes pedidos de ajuda/informação que vinha recebendo nos últimos meses, algo potenciado pelas ligações via facebook e blog. Mas continuam, na última sexta-feira estando no meu gabinete a escrever deixei o "chat" do facebook disponível. Em 50 minutos três pessoas (uma amiga, um natural de Moçambique até com conhecimentos comuns, um "amigo-FB") surgiram a pedir informações. A coisa está frenética.

As Crónicas do Planeta Oval, de Pedro Picoito no Cachimbo de Magritte foi o melhor que li em português sobre o Mundial de râguebi. Obrigado.

"A Mascote", de Fernando Sousa no Delito de Opinião, uma dolorosa memória sobre a guerra colonial em Moçambique. Tem subtexto? Terá, mas essa é a condição do memorialismo.

"Algumas ideias sobre a Europa", de Luis Naves no Forte Apache. Bem calibradas. E também a fazer-me lembrar o "Porreiro, pá!" do Tratado de Lisboa.

"Compreender a Dívida Pública", porque é tudo muito mais complexo do que o clubismo diz. Encontra-se no Klepsýdra.

jpt

publicado às 08:03


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