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Reencontro III é uma exposição/venda colectiva composta por dois pintores e três escultores moçambicanos, ex-residentes na extinta RDA. Na sua terceira versão, tem como objectivo promover actividades artísticas locais e incrementar o intercâmbio cultural entre artistas alemães, moçambicanos e de outras partes do globo.

 

Há uma identidade ma-djermane? A epopeia moçambicana na falecida RDA e os conflitos que essa esclarecedora experiência produziu até hoje permitem encontrar algo mais do que a mera conssociação de companheiros biográficos? Uma das janelas para espreitarmos como os que desse contexto se vieram a formar é essa cíclica apresentação dos artistas formados na velha RDA. O meu amigo Dito e seus colegas. No Franco até dia 7, já pouco tempo para se ir espreitar ...

 

jpt

publicado às 10:07

As Fichas da Índico (2)

por jpt, em 01.11.10

Samussone MACAMO

Nascido em 1945, em Chibuto. Migrou jovem para a então Lourenço Marques onde foi empregado doméstico e cozinheiro entre 1959 e 1970, período durante o qual foi colega do futuramente célebre Chissano. Em 1973 procura o já então renomado escultor que o acolhe durante 30 dias no seu atelier, iniciando-o na arte escultórica, sendo aí que obteve o saber brotar a imagem da madeira. Logo se profissionalizou como artista, realizando a sua primeira exposição individual em 1974 na “Casa Amarela” (hoje Museu da Moeda) e instalando-se como artista residente no Núcleo de Arte até 1979, data a partir da qual constituiu o seu próprio atelier. Desde então participou em múltiplas exposições colectivas nacionais e no estrangeiro (Portugal, Áustria, Itália, Espanha), bem como algumas individuais.

Na sua obra reconhece-se não só o estilo mas também a herança do imaginário do seu mestre. Trabalhando madeira, em particular o sândalo mas também umbila ou chanfuta, Macamo reclama a sua arte como uma escultura narrativa versando sobre o quotidiano, fiel a uma arte interventiva que filiada à urgência de uma elaboração pictórica do abismo humano, defrontada à pobreza que assola o seu povo.

Morada:  Bairro Mavalane, Quarteirão 7, nº 20

Telefone: [acessível a quem o pedir por e-mail para aqui]

DITO

Nasceu em 1960 em Maputo. Jovem ainda iniciou-se no atelier do seu tio Idasse. Após isso ombreou com os vizinhos Luís Sengo e Tinga, companheirismo dos bairros de Infulene e T3, uma partilha de aprendizagens e vivências locais que muito viria a marcar a sua obra futura. Com o objectivo de se formar em pintura parte para a Alemanha (Schwerin, então RDA) em 1985, onde trabalhou numa fábrica de processamento de cabedal durante dois anos e depois frequentou um curso médio de pintura. Desse período salienta a formação recebida e o contacto com a tradição artística europeia, em particular a influência recebida dos impressionistas e dos expressionistas. Regressou a Moçambique em 1989 tendo sido professor até 2000, quando se profissionalizou como pintor. Desde então tem pintado em tinta-da-china, acrílico e aguarelas mas actualmente centra-se no óleo em tela. Artista particularmente activo tem organizado e participado em várias exposições colectivas em Maputo, e ainda participado em colectivas no estrangeiro (Botswana, África do Sul, Itália, Espanha, Portugal).

A sua obra ocorre num universo demarcado. Dito percorre e recria o mundo feminino dos subúrbios, utilizando o seu registo figurativo como forma de realçar a beleza dessas mulheres, o engenho das suas estratégias de vida, do seu embelezamento, os momentos de lazer, da conversa constante, o espaço público que elas marcam e festejam. É assumido o seu propósito de narrar um mundo de felicidade, de anunciar uma África de bem-viver, e é com esse objectivo que molda tal mundo com uma alargada paleta de cores ditas “quentes”. Essas que alguns anunciam como típicas de uma atmosfera africana mas que o artista reclama como balsâmicas e, como tal, inevitáveis ao seu mundo.

Endereço electrónico: ditotembe3[@]gmail.com

Sítio electrónico: www.interseccoes.net

FAIZAL

Nasceu em Maputo em 1975. Concluiu os seus estudos na Escola de Artes Visuais em 2004. De seguida fez formação em pedagogia infantil através da arte, percurso que integrou vários estágios em escolas dos distritos de Gaza. Nestes procurou a reconversão de materiais e saberes locais em recursos pedagógicos, com a construção de parques infantis apropriados. Esta experiência marcou decididamente a sua expressão plástica, tanto quanto à matéria-prima que utiliza como quanto aos valores que expressa, imprimindo-lhe uma atenção em produtos naturais e uma convivência com os valores comunitários e ancestrais.

A sua abordagem surgiu provocatória no meio artístico nacional. Desde cedo, até antes da sua primeira individual (2005), que Faizal acolheu amplo reconhecimento, com sucessivos prémios nacionais bem como com a integração imediata na colecção permanente do Museu Nacional de Arte, algo marcante para um ainda jovem artista e que traduz o enorme impacto que o escultor provocou. As suas obras contêm uma complexa heterogeneidade interna, cerâmicas pintadas que surgem como objectos musicais, apelando à imediata interacção entre obras, artista e público, à constituição de “performances”, esse espaço ainda raro nas artes plásticas nacionais. Estas múltiplas facetas ancoram num projecto artístico único, radicalmente pessoal, em que o escultórico surge associado à busca do “conceito sonoro”. Daí esta atracção pela reconstituição do “tambor”, apresentado em múltiplas e incessantes formas, convocado como corpo e veículo do património cultural moçambicano, este assim invocado, reconstruído. Mas não apenas reproduzido, pois trata-se da sua inquirição através do olhar de um dos mais inquietantes e provocantes artistas moçambicanos.

Endereço electrónico: fomarussumane[@]yahoo.com.br

Atelier: Bairro 25 de Junho, Quarteirão 33, casa 32

Telefone: [disponível para quem o solicitar por e-mail para aqui]

Adenda: a ideia é publicar pequenas e despretenciosas notas na revista Índico, divulgando nomes relevantes das artes plásticas moçambicanas e proporcionando a possibilidade de um maior contacto directo entre público (potencial) e os artistas. A primeira dessas fichas de artistas está aqui. Como é óbvio os artistas não são responsáveis pela fraca qualidade das fotos e reproduções aqui colocadas.

jpt

publicado às 15:14

Interessante iniciativa, esta transposição para sítio informático da exposição colectiva Intersecções, que integra obras de Ídasse, Malangatana, Chichorro entre outros, uma iniciativa do Consulado-Geral de Portugal em Maputo (av. Mao-Tsé-Tung). Inaugurada há já um mês estará visitável até amanhã, domingo dia eleitoral. Mais uma boa acção da actual cônsul, Graça Gonçalves Pereira.

Adenda: esta exposição foi também objecto da realização de um blog, o Intersecções.

publicado às 03:47

Dito e Mike Oldenburg

por jpt, em 16.02.09

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Na próxima quarta-feira, dia 18 de Fevereiro, inaugura no Instituto Camões a exposição "Um Momento no Tempo", uma colectiva de Dito e Mike Oldenburg, artistas que já se tinham apresentado conjuntamente no ano passado no Centro Cultural Joaquim Chissano.

  

publicado às 12:59

Colectiva "Reencontros" na A.M.F.

por jpt, em 16.09.08

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"Reencontro", colectiva de Dalito, Dito, Luís Macandza, Mankew e Nataniel, inaugura hoje às 18 h. na Associação Moçambicana de Fotografia (na Nyerere).

[Tanto artista e ninguém consegue fazer um convite menos burocrático? que falta de gosto, a fazer temer a visita. Espero que temor injustificado...]

publicado às 00:33

Dito

por jpt, em 08.09.07
Muito "Degas" dizia, na inauguração, um neófito nestas coisas da arte por aqui. Após uma recente colectiva a dois no Centro Joaquim Chissano, Dito expõe em individual, "Berço da Humanidade", na Associação Moçambicana de Fotografia, mostrando aquilo que é a sua constante linha, retratos de costumes e usos, cândido em formas e conteúdos. Duas ou três pequenas obras um pouco laterais, como esta "faina" acima. A merecer visita até 13 de Setembro.

publicado às 11:12


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