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publicado às 02:34

 

Dams, Displacement and the Delusion of Development: Cahora Bassa and Its Legacies in Mozambique, 1965 - 2007, o livro que Allen Isaacman e Barbara Isaacman publicaram em 2013. 

 

Com óbvia articulação a este temática falarão na próxima terça-feira no âmbito dos seminários do Departamento de Arqueologia e Antropologia da UEM.  A sessão leva o apetecível título de "A expansão dos tentáculos do império Sul-Africano: a desterritorialização da Bacia da Cahora Bassa".

 

Data: Terça-feira 25 de Março
Local: Anfiteatro 1502, FLCS, Campus-UEM
Hora: 10:05 ás 12:05h
Oradores: Professores Allen Isaacman e Barbara Isaacman
RESUMO:

Em 1965, quando Portugal propôs a construção de uma barragem em Cahora Bassa , as autoridades coloniais imaginaram que inúmeros benefícios fluiriam do projecto hidroeléctrico de 515 milhões dólares americanos e do ambiente que iria produzir . Estes incluíram a expansão da agricultura irrigada , o aumento da presença Europeia e dividendos em minerais, bem como a redução de cheias nessa região de chuvas imprevisíveis e às vezes excessivas.

Apesar destas declarações , as realidades no terreno obrigaram Portugal a modificar drasticamente a sua visão para a represa. Durante o período de construção, o progresso da luta de libertação contra o colonialismo Português em Moçambique tornou a barragem um ponto focal no âmbito de uma disputa regional mais ampla. Cahora Bassa se ​​tornou um projecto de segurança que o regime de minoria na África do Sul e da ditadura de Salazar em Portugal mascararam como uma iniciativa de desenvolvimento . Ambos viam a barragem e sua albufeira como um amortecedor poderoso que iria bloquear o avanço das forças da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e , por extensão, o Congresso Nacional Africano (ANC). Os regimes temiam que se a FRELIMO e os seus aliados fossem capazes de atravessar Rio Zambeze, eles teriam acesso relativamente fácil para ambas as principais cidades coloniais da Beira e Lourenço Marques, e para a fronteira Sul Africana.  

Em troca de assistência estratégica da África do Sul na luta contra a FRELIMO, Portugal concordou em exportar para a África do Sul a grande maioria da energia que Cahora Bassa iria produzir a um preço artificialmente baixo. Este acordo de 1969 transformou Cahora Bassa de um projecto da hidroeléctrico multidimensional para uma barragem cuja principal função era fornecer energia barata para as minas e indústria Sul- Africanas, a uma fracção dos preços internacionais aumentando desta forma a segurança energética de Pretoria. De maior importância, o acordo permitiu que o regime do Apartheid pudesse estender os tentáculos do seu império para a área da barragem, no coração da colónia, levando à desterritorialização de Cahora Bassa .

publicado às 12:58

Facim 2013: Niassa

por jpt, em 02.09.13

 

A tradicional Facim (Feira Internacional de Maputo) decorreu na passada semana. A azáfama do costume, ao que me dizem os auto-mártires que têm a santa paciência para se deslocar a Marracuene. Mas é a grande mostra económica do país, compreende-se a vontade dos maputenses.

 

Entretanto um teclado amigo enviou-me estas fotografias. Tiradas no stand do Niassa. Lá estão as peles dos animais, que urge extinguir. E as presas dos elefantes (na foto abaixo outras presas com a indicação do peso, não vá o passante julgar-se enganado).

 

Enquanto os animais vão sendo chacinados a representação do Niassa na "Nação" acha que é este o património que deve mostrar. Para quê comentar? As pessoas, realmente, acham que é assim que deve ser.

publicado às 08:50

CPLP

por jpt, em 21.08.13

publicado às 14:23

Globalização

por jpt, em 16.08.13

publicado às 16:51

A cerveja de mandioca

por jpt, em 05.03.13

 

 

"Com a mandioca das nossas machambas" é o que consta no rótulo desta cerveja Impala, cerveja de mandioca que acabo de conhecer e fruir durante a deslocação à província de Nampula. Um pouco pesada, é certo. Mas aprovada.

 

Espero que se venha a espalhar pelo sul.

publicado às 23:58

Coisas de sempre

por jpt, em 18.01.13

 

jpt

publicado às 16:23

Joseph E. Stiglitz em Maputo

por jpt, em 07.07.12

"O Boom dos Recursos Naturais em Moçambique: Como Evitar o Resource Curse"

 Joseph Stiglitz

12 de Julho de 2012, 08.30-11:00Horas

Hotel Indy Village

Esta "aula aberta", que será moderada por Magid Osman, é uma organização do Centro de Integridade Pública (CIP). Stiglitz foi Vice-Presidente do Banco Mundial (deixei acima ligação à página da wikipédia que lhe é dedicada) e o assunto é premente em Moçambique. A "praga dos recursos" (acima também deixei ligação a uma página explicando sucintamente o que é a famigerada "resource curse") é a borrasca no horizonte num país onde a "corrida ao ouro" poderá ameaçar a velha utopia do "desenvolvimento sustentável". Ou um qualquer outro desenvolvimento.

jpt

  

publicado às 12:04

O Expresso e o Banco Único

por jpt, em 04.09.11

Vejo no Expresso uma grande reportagem sobre o Banco Único, o novo banco em Moçambique, um filme e bastas fotografias das instalações a serem culminadas. Nela vejo várias caras conhecidas (duvido que leiam blogs, e este em particular, mas aproveito para deixar votos de sucesso). Vejo também que a sua sede será o prédio reconstruído na Nyerere (fronteiro ao Hotel Avenida) que me agredira o outro dia, agora que destapado: entre palavrões chamei-lhe "império da marquise". Mas tenho retirar o epíteto, para não parecer que desgosto da iniciativa bancária (ainda para mais portuguesa) e, fundamentalmente, porque o arquitecto é muito afamado. É, portanto, muito bonito o estado em que ficou o prédio ... e não, aquilo não parece uma colecção de marquises.

Surpreende-me que um novo banco, ainda que de capital português, tenha tamanha importância que justifique tamanha cobertura no Expresso. Mais do que o interesse jornalístico presumo que tanta atenção se deva a um bom trabalho do sector de comercialização do banco (o marquetingue), que assim fica de parabéns. O que não percebo é o Expresso. Faz o número e depois titula, com uma raivazinha óbvia, "o novo banco é para ricos". O fel está lá, e escorre, botado pela jornalista Catarina Nunes. A destapar o preconceito de lisboeta visitante. Então uma conta abre-se com 700 euros? São ricos, pois claro - então ela vem a África para encontrar africanos que não estejam esfaimados? Não está tudo ao abrigo do ACNUR? Inaceitável. O preconceitozinho (que se julga progressista mas não é mais que racismo básico, aos pretinhos a pobreza que lhes assiste) explodiu-lhe, e tão recorrente é nos da corporação quando em "vôos de pássaros". Mas mais estranho ainda, presta-se ao número de marquetingue e depois vinga-se (vingançazinha) no suave resmungo? Pobre número. No pobre título.

jpt

publicado às 02:29

[Lula, então presidente do Brasil, em visita a Moçambique]

 

Sobre o anunciado projecto de cedência de 6 milhões de hectares a agricultores brasileiros para desenvolverem plantações de produtos comerciais aqui transcrevo um interessante texto de Beluce Belucci, "economista, doutor em história econômica pela USP. Trabalhou mais de 12 anos em Moçambique, onde coordenou projetos agro-industriais na região de Niassa, Cabo Delgado e Nampula, após a independência em 1975, no ministério da Agricultura e no Banco de Desenvolvimento. Foi diretor do Centro de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro."

 

Esta terra ainda vai cumprir seu ideal publicado em 16/08/2011

 

Por Beluce Bellucci

 

A manchete do primeiro caderno da Folha de S. Paulo de 14/08/2011 “Moçambique oferece ao Brasil área de 3 Sergipes”, para o plantio de soja, algodão e milho a agricultores brasileiros com experiência no cerrado, parece trazer uma grande novidade e oportunidade aos capitais e empreendedores brasílicos. A longa matéria no caderno de economia expõe que estas terras estão localizadas nas províncias de Nampula, Niassa, Cabo Delgado e Zambézia, situadas ao norte daquele país. No mesmo artigo, um consultor indaga, arrogante e desrespeitosamente, “Quem vai tomar conta da África? Chinês, europeu ou americano? O brasileiro que tem conhecimento do cerrado”, responde ele apressadamente. A intenção explicita de colonização nesta passagem não foi contestada pelo jornal ao longo do artigo.

 

Pela matéria, fazendeiros brasileiros afoitos descobrem que em Moçambique existe “um Mato Grosso” inteiro para ser produzido, e 40 deles (não haverá um Ali?) se “apressam” a no próximo mês visitarem o país. O ministro da agricultura moçambicano revela que as terras poderão ser cedidas por 50 anos, renováveis por mais 50, ao preço módico de R$27,00 por hectare/ano.

 

Cabe inicialmente perguntar: será esse negócio uma grande novidade? e trará tanta oportunidade quanto a noticia faz parecer? O desconhecimento dos brasileiros que procuram o empreendimento reflete o desconhecimento histórico que o Brasil tem da África e faz jus ao conhecimento dos que a divulgam. Não compete encontrar aqui as razões por que “tão boa oferta” somente agora chega ao Brasil nem tão pouco saber quem está por trás desse affaire. Interesses seguramente devem existir dos dois lados, o africano e o brasileiro.

 

Mas a quem pode NÃO interessar esse projeto?

 

A região em questão possui vegetação diversa onde vivem cerca de 12 milhões de pessoas organizadas em sociedades com histórias, línguas, culturas e formação social próprias. Estão lá os macuas, os macondes, os nyanjas, os chuabos e outros. Foi o principal palco da guerra de libertação nacional de 1964 a 1975, e nos anos 80 da guerra de desestabilização levada a cabo pela África do Sul e pela Renamo. É uma população de resistência e luta. E o que dizem do modelo desse projeto? Que impacto terá sobre essa população? O que pensam outras instituições locais? Quem efetivamente ganha e quem perde produzindo nesse modelo na região? Não falemos em aumento de PIB ou da exportação, mas em nível de vida, em ganhos palpáveis, matérias e imaterias da população.

 

A experiência que os fazendeiros brasileiros dizem ter no cerrado, e o jornal repete, é de produção técnica, não de relações sociais de produção. Ela não inclui a experiência no trato com as sociedades africanas, aliás, neste quesito perdemos para todos os outros concorrentes. O brasileiro não conhece e quase não sabe andar na África, pouco se interessou pelo continente, seguramente pelo complexo de culpa da escravidão. Foi preciso uma lei, a no. 10.639 de 9/2/2003, para introduzir essa temática nas escolas brasileiras. Só recentemente expandiu suas representações diplomáticas e vem ampliando a cooperação e presença, pese a demanda, interesse e simpatia que os africanos dirigiam ao nosso país. Mas enquanto ficamos ao longo do último século com retórica e boas intenções face aos africanos, pouco fizemos e conhecemos. Em três décadas de presença na África os chineses se tornaram os maiores parceiros do continente. Antes dos fazendeiros e homens de negócios estiveram os estudiosos, os diplomatas, os estrategistas. Desenvolveram planos de longo prazo e não chamaram as regiões de Shanxi ou de Sergipe. Conheceram a história e respeitaram a soberania dos Estados e seus povos. Muito pode-se criticar sobre a presença chinesa na África, menos que seja aventureira.

 

A “novidade”

 

Todos afirmam que a África é hoje um continente subdesenvolvido, isto é, com carências alimentares, na habitação, na saúde, na educação, na capacidade produtiva, mas por quê? Como chegou a se subdesenvolver? Deixemos de lado o tráfico de escravos que mutilou sociedades por mais de três séculos (período que a força de trabalho africana era arrastada a produzir nas fazendas brasileiras – possivelmente em terras dos antepassados dos 40 fazendeiros) e nos aproximemos do século 20. O que fizeram os europeus, franceses, ingleses, portugueses e belgas na África? O que foi e como foi o colonialismo africano senão um fenômeno do século 20? Não foram lá essas metrópoles para civilizar e levar deus aos africanos? Não foram lá levar a civilização e ensinar-lhes como e o que produzir e consumir? E muito produziram... Mas como fizeram?

 

A colonização levada a cabo pelas potências foram entregues a companhias concessionárias (majestáticas ou à charte na França), que recebiam grandes concessões de terra em troca de pagamento de taxas ao estado colonial, na obrigação de produzirem, e para tal podiam explorar e gerir as populações residentes. Umas desenvolveram a agricultura de exportação (para as metrópoles que viviam a revolução industrial), e até integraram regiões com estradas e ferrovias para escoamento. Outras dedicaram-se à exportação de trabalhadores para as minas dos países vizinhos (caso da Companhia do Niassa). Muito se produziu e se exportou. Criaram-se fortunas com o amendoim, o copra, o algodão, o sisal, o café, o tabaco, a madeira... E onde estão estas riquezas? Nos palácios, estradas e infraestruturas africanas? No sistema de educação, saúde e no nível de alimentação da população negra? O povo africano trabalhou nesse século sob a batuta colonial. Produziu muito no sistema de concessão que agora se quer renovar, e foi esse modelo o que subdesenvolveu a África, trazendo para os africanos a miséria que vivem hoje. E é esse o modelo que agora se quer repetir. Antes dele os povos estavam em melhor situação que após.

 

Não são as terras fartas que chamam a atenção dos nossos fazendeiros, mas a existência de uma mão de obra que pode trabalhar a baixíssimos salários. Isso porque ela tem acesso à terra, já que boa parte da terra ainda é comunitária, e garante a própria subsistência. Enquanto esses homens trabalham nas fazendas, suas famílias produzem nas roças tradicionais. E, tendo a subsistência garantida, são impelidos ao trabalho quase gratuito, muitas vezes à força como demonstra a história, nas áreas dos fazendeiros brancos. Ao final do processo produtivo, a exportação, o PIB, os bolsos de poucos políticos e empresários nacionais envolvidos poderão crescer, mas a população continuará vivendo basicamente das suas subsistências e cada vez mais dependente de uma sociedade que a vem dominando culturalmente, através do radio e da TV, com canais globais e religiosos universais, cada vez mais produzidos aqui mesmo na tropicália. O contexto para um novo colonialismo está preparado, e a sua repetição transformará o que foi o drama colonial numa farsa liberal. Na versão colonial do século 20 as sociedades africanas encontravam-se ainda estabelecidas e foram fortemente exploradas nessa articulação com o capitalismo colonial, que a reduziram à pobreza atual. Hoje elas encontram-se fragilizadas, desconfiadas, famintas, e reeditar tal sistema com promessas e perspectivas de que irão melhorar é uma mentira criminosa.

 

Convém observar que a mudança desse modelo de exploração para o modelo desenvolvimentista, industrializante, com início no pós Segunda Guerra facilitou as propostas nacionalistas que culminaram com as independências das colônias na década de 60. Mas este assunto merece outro artigo.

 

O risco

 

Dizem que as terras em Moçambique estão ociosas. Na verdade, estão ocupadas há séculos por populações que a cultivam com tecnologias específicas, para a sobrevivência, num sistema que exige grande reserva natural e rotação. Quando os portugueses chegaram no continente encontraram homens e mulheres saudáveis e fortes. Não eram povos subnutridos nem subdesenvolvidos, mas populações com níveis tecnológicos distintos dos colonizadores. Passados o tráfico e o colonialismo, o que restou foram populações desagregadas, famintas, subdesenvolvidas, fruto das políticas produtivistas de quem “tomou conta da região”.

 

O que nós brasileiros queremos com a África? Mandar para lá fazendeiros para remontarem um sistema já conhecido historicamente e vencido socialmente, que produz e reproduz miséria para a grande maioria e lucro para poucos? Ou temos a intenção e alguma expectativa de estabelecer uma relação de cooperação que aponte para uma sociedade onde a vida das pessoas se transformem e melhorem?

 

O embaixador moçambicano em Brasília diz que “interessa-nos ter brasileiros em Moçambique produzindo, porque temos grande deficit de alimentos”, e o projeto prevê que será preciso empregar 90% de mão de obra moçambicana. A oferta é para produzir algodão, soja e milho, entre outros, visando a exportação. Sendo o milho o único atualmente utilizado para alimento humano. A Embrapa prepara as sementes com investimentos do Estado brasileiro, e o presidente da Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão diz que “Moçambique é um Mato Grosso no meio da África, com terra de graça, sem tanto impedimento ambiental e frete mais barato para a China”. O chefe da Secretaria de Relações Internacionais da Embrapa diz: “Nessa região, metade da área é povoada por pequenos agricultores, mas a outra metade é despovoada, como existia no oeste da Bahia e em Mato Grosso nos anos 80.” O projeto oferece também isenção para a importação de equipamentos.

 

O que pretende este programa é aproveitar as terras moçambicanas, “de graça”, produzir para exportação, aproveitando-se da mão de obra barata, e a ausência de regulamentação ambiental e sindical. Entretanto, sabe-se já de início, os projetos são de capital intensivo e grande tecnologia, e vão utilizar pouca mão de obra. Os produtos não serão consumidos no país e a renda interna proveniente será a modesta soma de alguns meticais por ano, que ficará com a instituições estatais. Moçambique não é a Bahia, pois a África não é o Brasil. Mas o “Havaí é aqui” e lá.

 

Como se observa, são projetos que podem ser viáveis economicamente, mas não são sustentáveis do ponto de vista ecológico e muito menos social.

 

Ao se concretizar a proposta em análise, faremos com que o aprofundamento da relação com a África, tão querida quanto necessária, se dê por um empreendimento tipo colonial comandado por fazendeiros (e jagunços) e com a benção dos estados.

 

Por desconhecimento da história, despreparo dos envolvidos, falta de objetivos estratégicos, estrutura e planejamento do empreendimento, incluído aí o nosso Estado (pese os avanços recentes), a aventura brasileira na África, nos moldes apresentado, tem muita chance de se dedicar a ir descobrir a roda no cerrado e cair no ridículo, perder dinheiro e criar novos personagens conradianos.

 

Mas, se der certo, dará razão a uma anterior parceria entre Brasil e Moçambique, a de Chico e Rui Guerra, por demais conhecida: “Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um império colonial (...), um imenso Portugal.”

 

Entretanto, um outro modelo de cooperação e investimento entre Brasil e o continente africano é possível e urgente de ser pensado. Mas temos que nos preparar internamente para isso, num escopo do que queremos para o nosso povo e das relações entre países.

 

É momento de governo, Estado, universidades, empresários, instituições públicas e privadas, como o Instituto Lula, opinarem sobre um novo modelo de parceria entre Brasil e a África, que envolvesse diferentes agentes brasileiros e africanos, inclusive os fazendeiros do cerrado, para encontrar outro ideal a ser cumprido.

 

jpt

publicado às 12:17

Sobre o Zambeze

por jpt, em 16.08.11

Já que abaixo se fala de estratégias de desenvolvimento da agricultura moçambicana convirá ler a reflexão deixada anteontem no PembaAtolL sobre o desenvolvimento agrícola e as modalidades de utilização da bacia do Zambeze e, consequentemente, dos recursos naturais do país. E ainda para mais pois ali são deixadas ligações para outra documentação e reflexões.

jpt

publicado às 01:30

 

Abaixo o texto da Lusa, assente em declarações da ong Justiça Ambiental, sobre esta novidade: a atribuição de 60 000 kms quadrados no norte de Moçambique a um conjunto de agricultores brasileiros, que os adquirirão a preço simbólico. Não serei eu, imigrante, a protestar com processos de imigração para o país, ainda para mais coordenados com as autoridades. Mas fico curioso sobre esta modalidade (e a lembrar-me dos 400 mil hectares para os romenos, mais as doações para a "meditação espiritual" dos anos 90s, já para não falar dos "boers"-zimbabweanos de finais dessa década). Curioso e estupefacto. Afinal, não há nada de novo sob este céu ...

 

A ver vamos.

 

Adenda: aqui se explica o interesse dos agricultores brasileiros: baixo preço da terra e (!!!) facilidade em obter licenças ambientais para a exploração da terra. Vale a pena adjectivar? Ou enquadrar historicamente?

 

Maputo, 15 ago (Lusa) -- A organização moçambicana Justiça Ambiental considerou hoje "preocupante e perigoso" que o governo atribua "de uma só vez" 60 mil quilómetros quadrados de terra a agricultores brasileiros, alertando para o risco de violação dos direitos da população.

 

O executivo de Maputo anunciou a oferta de uma área de 60 mil quilómetros quadrados no norte do país para agricultores brasileiros plantarem cereais e algodão por terem "experiência acumulada".

 

 Citado pelo jornal Folha de São Paulo, o ministro moçambicano da Agricultura, José Pacheco referiu que as autoridades moçambicanas condicionaram a atribuição do lote de terras à criação de emprego a "90 por cento de mão de obra moçambicana".

 

Reagindo hoje à Lusa, o oficial de programas da Justiça Ambiental, Daniel Ribeiro, disse que ao proceder desta forma o governo demonstra que "quer que os camponeses trabalhem para os investidores".

 

A organização "está preocupada" com a decisão do executivo moçambicano de querer distribuir terra em grande escala e "de uma só vez", afirmou.

 

"É perigoso dar um espaço (terra) tão grande", porque, "a experiência que temos até ao momento no país não é boa: não encontramos um modelo que funcione", disse à Lusa Daniel Ribeiro.

 

Um estudo recente sobre o fenómeno de ocupação de terras em Moçambique, a que a Lusa teve acesso, refere que na implantação de projetos no país, "em muitos casos, apenas as elites locais são envolvidas no processo de consulta".

 

Alguns projetos analisados por organizações da sociedade civil denunciam "alguns líderes comunitários que tinham pessoalmente aprovado projetos nas suas comunidades, apesar da oposição generalizada dentro da comunidade".

 

"É evidente que estes líderes locais gozam de enorme autoridade", mas "quando criticados ou questionados pela comunidade em relação às suas decisões a respeito do uso da terra comunitária, os membros são ameaçados e até fisicamente agredidos", refere o documento.

 

As terras oferecidas a agricultores brasileiros, cuja dimensão o jornal Folha de São Paulo compara a "três estados do Sergipe" e afirma ser "a nova fronteira agrícola do Brasil", situam-se nas províncias do Niassa, Cabo Delgado, Nampula (no norte) e da Zambézia (no centro) e destinam-se à produção de soja, milho e algodão.

 

Como contrapartida para uma concessão de 50 anos, renovável por igual período de tempo, os agricultores pagarão um imposto anual de cerca de 9,00 euros por hectare e deverão beneficiar de isenções de taxas na importação de maquinaria agrícola.

 

O primeiro grupo de 40 agricultores brasileiros parte para Moçambique em setembro.

 

jpt

publicado às 01:08

60 dias de facebooking

por jpt, em 18.06.11

Nunca gostei do sempre-repetido mandamento bloguístico "escreve sobre o que sabes. Link to the rest". Sempre me irritou o prescritivo sobre esta irresponsável actividade, na qual para mim cada-um-como-cada-qual. Os limites do saber próprio (quando este existe) estão no trabalho,  e isto do in-blog é para botar sobre o que vem à respectiva cabeça.

 

Para além disso o weblog é um diário, de impressões, e estas são (ou podem ser) múltiplas, esparsas - um tipo que só se interessa sobre o que sabe, caramba, é um chato. Claro que há os blogs especializados (dedicados), alguns fantásticos. Mas isso é uma saudável opção, não uma obrigação.

 

Mas o mandamento de "link to the rest" está estafado no bloguismo acima de tudo por razões tecnológicas. Com a vertigem imediatista do facebook, aquilo do clic-clic e ligação feita perdeu-se muito da dimensão inter-ligadora (e textual, reflexiva) do bloguismo. Aliás, os sistemas (blogspot, wordpress) terão que integrar essa função supra-ligadora. Ou desaparecem.

 

Como blogar neste contexto? Não sei bem, nem sei se isto tem muito futuro (há anos que se diz que o bloguismo è finito), ainda por cima com a "lentidão" ligadora que tem. Mas, pelo menos, é um sítio e um meio onde se pode escrever ... sobre o que não se sabe. Suprema liberdade potenciada pelo facebook, para onde podemos ir "linkar" coisas, fast-fast, clic-clic, com tanta vantagem ...

 

Uso o FB fundamentalmente como difusor de ma-schamba (a página blog ma-schamba, o grupo ma-schamba [modalidade que perdeu visibilidade nos murais devido às alterações do sistema FB] e o ma-schamba na aplicação NetworkedBlogs). Ainda assim acumulam-se as ligações, seja por réplicas imediatas de outros murais seja provenientes de outros suportes (blogs também). Como exemplo do supra-linkismo facebookista  actual, até vertiginoso, (mas também para meu arquivo, e esperando que alguém se divirta abaixol) deixo os meus dois últimos meses de facebooking, as aventuras nessa likeland reino do clic-clic.

 

A ordem da colocação aqui é inversa da cronológica ...

 

 

64. O (necessário, urgente) elogio da Culinária Moçambicana

 

 

63. Documentário de Werner Herzog sobre pinturas rupestres

 

 

62. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

61. Assange, o wikilikeakista: o facebook é máquina de espionagem! Estes romanos são loucos!

 

60. Constante reprise

 

59. Pérolas do youtube ...

 

58. Um número especial da Science et Vie dedicado ao acidente nuclear de Fukushima (via Klepsýdra)

 

57. Pérolas do youtube ...

56. O Byrne de oiro.

 55. The Clash "Should I Stay or Should I Go?": sem embebimento disponível ... É clicar e ouvir/ver ... 

 

54. Gorongosa. Fauna, Flora e Paisagens, um belíssimo trabalho fotográfico disponibilizado no facebook.

 

53. 30 Postais sobre Moçambique (elo retirado). Vale a pena lavar a vista.

 

52. José Sócrates: "seis anos de batota". Que herança ... A arquivar, para não o esquecer.

 

51. O "vai vir charters" do Paulo Futre. Uma bela peça de marketing mas, muito mais do que tudo, uma lição de rir-se de si próprio. Viva Futre! (o meu candidato ...)

 

50. O excelente Nkwichi Lodge no Lago Niassa, um verdadeiro eco-lodge e com gente porreira à frente, foi escolhido como um dos 101 melhores hotéis mundiais [Já lá estivemos e sobre isso botei, deslumbrado].

 

49. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

48. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

47. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

46. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

45. Directório de blogs expatriados. Aqui a secção Moçambique.

 

44. Um ascensão fulgurante, dançarinos moçambicanos integram o último trabalho de Beyoncé.

 

43. João Pereira Coutinho, no fim de José Sócrates, o pior dos políticos portugueses, com o tique máximo da anti-democracia: "um político que prefere negar a realidade e confunde uma crítica ao governo com uma crítica ao país". Que nunca mais volte, é um desígnio nacional, apesar das suas ameaças "em andar por aí".

 

 

42. O excelente sítio Buala a trabalhar sobre Ruy Duarte de Carvalho.

 

41. O Da Casa Amarela a comemorar o aniversário de Dylan

 

40. A AL é uma emérita coleccionadora de cartoons e tem um mural FB fantástico nisso.

 

39. No 70º aniversário de Dylan, ele sobre Elis Regina

 

38. Forever Mickey

 

37. Água Vumba premiada, a minha bebida moçambicana preferida. (Sim, apesar de militante da dupla 2M - Manica)

 

36. A propósito da crise, versão pop-pirosa ...

 

35. 3XMiles

 

34. The Guardian a olhar para a imprensa moçambicana e seu impacto social. O elogio do jornal "Verdade", o popular primeiro gratuito, que tanto modificou a paisagem mediática aqui. E que é líder na imprensa informática, com o vigor que coloca - celebrizando-se na cobertura dos acontecimentos de 1 e 2 de Setembro de 2010.

 

33. Dexter, via MVF - que tem um refinado mural FB. E talvez por isso tão pouco aqui culime ...

 

32. Mitos industriais perversos, via A Arte da Fuga, um bom pontapé no guevarismo e, mais globalmente, no acriticismo.

 

31. Um céu limpo global, fruto de um projecto fotográfico de grande monta.

 

30. Uma nova supernova. A página da National Geographic dá-nos maravilhas diárias ...

 

 

29. Naipaul por Naipaul - agora aflorando a "escrita feminina". Um elefante em loja de femininismos ...;

 

28. Aquando das eleições portuguesas uma reflexão sobre as aldrabices das sondagens políticas portuguesas. Já nas últimas eleições isso se discutiu no bloguismo - o peso simbólico (académico, como se científico, e mediático-televisivo) dos sondageiros, alimentado pela idolatria da numerologia continua a permitir a subsistência e sobrevivência gente. Urge o ostracismo moral. Para todos ..

 

27. No país da Dirty Dilma: também ler um Que fazer?;

 

26. Sobre os telemóveis. Cancerígenos ou não?, via De Rerum Natura. Questão de "estação estúpida"? Ou bem pior do que isso? E que efeitos nos fanáticos twitteristas?

 

25. Chegou o icloud da Apple, e deve mudar bastante as coisas - como por exemplo nunca mais perder os ficheiros por corrupção dos "discos-afinal-moles".

 

24. Notícia da publicação do Caderno de campo na Guiné-Bissau (1947) de Orlando Ribeiro. Para a agenda de compras quando em Portugal ...

 

23. Lou Reed Forever

 

22. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

21. Bela galeria fotográfica de arte moderna

 

20. Kare Lisboa, na Lx Factory: gente família a lutar bem com a crise. E nós de longe a torcermos pelo sucesso, bem-merecido.

 

19. Lembrei-me da gentil guitarra do Beatle. (um Beatle nunca é ex).

 

18. Bjork, Venus as a Boy: lembrei-me do vulcão islandesa, mas sem direito a partilha (a função "embeber" foi retirada do youtube para este filme). É clicar para ouvir/ver ..

 

17. Tomai lá com o Bach, em Lisboa disse uma velha-amiga

 

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Flying in a motorized paraglider over one of the most diverse continents in the world, George Steinmetz captures in his photographs the stunning beauty, potential and hope of Africa's landscapes and people. See the project at http://mediastorm.com/publication/african-air

16. África em vista aérea, uma galeria sumptuosa a mostrar o  trabalho de George Steinmetz, "fotógrafo americano que percorreu e fotografou as paisagens africanas ao longo de 30 anos. Sobretudo do ar, a bordo de um parapente motorizado":

 

 

15. Uma dupla de Siouxie, a última das moicanas ...

 

14. Lago Niassa declarado reserva natural pelo governo de Moçambique, uma boa notícia enquanto há rumores de que empresas se preparam para acelerar a exploração dos "recursos" minerais existentes.

 

13. Ads of the World: conhecer o inimigo. Para melhor o combater.

 

12. Canal de Moçambique, o mais belo título dos jornais moçambicanos, a abrir a sua página no facebook;

 

11. Imperdível, textos sobre Arte Contemporânea africana;

10. Eu lembrei o Tony de Matos e logo uma amiga-FB completou ...

 

9. O Grande Tony de Matos - que eu sempre recordo a actuar no Coliseu dos Recreios em meados dos anos 1980s, então sala-nobre de Lisboa e como tal vedada aos cantores populares. Foi "special guest star" de Vitorino e levantou o público à ... entrada. Um sucesso, uma reparação. 25 anos depois honra ao Vitorino que provocou o momento ...

 

 8. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

7. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"..

 

6. Uma série apaixonante, a ir ver: Closer To The Truth

 

5. Uma sumptuosa série sobre filósofos, disponível no youtube, ao qual chego via Crítica. Blog de Filosofia;

 

4. Vasco Palmeirim - um delicioso humorista dos novos tempos em Portugal que venho conhecendo via youtube ...

 

3. O silêncio dos livros, um belo blog mostrando leituras.

2. Retirado o título [o grau de doutorada] a deputada europeia [alemã] Silvana Koch-Mehrin que plagiou - informa o Diário de Notícias exactamente no dia em que deixei o resmungo sobre o posfácio dos plágios (e lembrando outro meu lamento mais dorido);

1. Stellarium, um fantástico programa informático que nos põe o planetário em casa (como qualquer miúdo da minha geração teria sonhado).

 

jpt

publicado às 13:10

"Veleiro", whisky moçambicano, produzido e engarrado pela "Embarcadeiro", Av. Mao Tsé Tung, Maputo, Moçambique. "Amarelo Original" ..., anuncia no rótulo.

jpt

publicado às 14:05

Cerveja Moçambique

por jpt, em 05.03.11

O meu amigo Miguel P. abriu um grupo Facebook dedicado aos amantes da cerveja (o "Jolas"). Como qualquer decadente barrigudo que se preze por lá tenho passado, e até colaboro informando aquela maioria lusa das austrais delícias fermentadas. Nessas andanças descubro esta "Cerveja Artesanal Moçambique" e logo me entusiasmo, sequioso sedento, guloso mesmo, num lesto murmúrio, em puro sotaque alfacinha,  "ó lá, o que é isto ...!"

E tem blog e tudo, o Cerveja Moçambique. Esfrego as mãos, já palpando o caminho da castanha (de caju) amais o belo do amendoim. Para logo descobrir afinal, até desiludido, que se trata de uma Nova cerveja artesanal brasileira surgida de uma parceria entre a Cervejaria da Ilha e os cervejeiros caseiros da Opus. Estabelecida na cidade de Florianópolis, a cerveja Moçambique toma seu nome da praia proxima à qual a Cervejaria da Ilha se encontra, no bairro do Rio Vermelho, no norte da Ilha.

Afinal? Fico com a minha curiosidade. Acompanhada com descrição técnica e tudo. Cujo resumo partilho, para hipotéticos amadores que por aqui passem ...

Alguém importa isto, nem que seja só por curiosidade? Têm a palavra os vizinhos imigrados brasileiros (esses do carvão e de outras coisas também; e os de residência mais antiga). Isto sem desmerecer as nossas (no meu caso por usucapião, não me venham com nacionalismos baratos ...) Manica e 2M.

jpt

publicado às 16:12


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