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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Dona Branca, Banqueira do Povo
A voz da rua chama aos banqueiros - pessoas de reputação firme, donas de uma honestidade à prova de bala, escrupulosas e cumpridoras de toda e qualquer lei - que se vejam envolvidos em negócios aparentemente pouco claros o pior que se pode imaginar, enlameando o bom nome daqueles que nada mais pretendem que pôr em prática o mais puro altruísmo. De trafulhas, vigaristas, aldrabões, gatunos a mafiosos e em casos mais extremos, o povo ignaro chega a utilizar fórmulas mais vernaculares como "cabrões" ou "filhos da puta", generalizando com enorme facilidade e emporcalhando gratuitamente o carácter de muitos desses cândidos e inocentes que assim escorregam para as profundezas dos calabouços da má-língua. Tudo vale para os fazer chafurdar na imunda pocilga que o cidadão, levado pela mão invísivel da perfídia e manobrado por interesse obscuros - eventualmente toda uma teia urdida por comunistas! - imagina ser o estômago da "alta finança". Tudo inveja de quem só quer o bem comum, desses faróis do altruísmo, pilares da filantropia. Por conta desta incompreensão, tudo o que, ainda que remotamente, possa estar ligado a estas pessoas de bem, vai no rol da roupa a lavar e, sem levar em conta os mais seguros sentimentos dos simpáticos animais que são os cefalópedes, sobretudo no forno quanto a mim, há quem diga que existe um polvo que se alimenta dos incautos banqueiros que pela mais evidente boa-vontade se deixam enlear nos seus poderosos tentáculos.
Mesmo que queiramos apontar alguns exemplos de más-práticas, penso que não são mais que pequenas distracções ou a célere Justiça já os teria posto a ferros, soa a exagero. Gente como Oliveira e Costa, Luís Caprichoso, Dias Loureiro, Pedro Caldeira, João Rendeiro, a vetusta e infelizmente já desaparecida D. Branca conhecida por Banqueira do Povo, Jardim Gonçalves e os seus acólitos e mais recentemente, Ricardo Espírito Santo Salgado, enredado no que se diz ser um novelo de moscambilhas de alcance internacional que nem com o famigerado fio de Ariadne se consegue desenrolar, acabam por ser vítimas mais do que qualquer outra coisa. No caso actual do persidente do BES que hoje se demite, o rolo compressor atinge toda a famíla, o italiano diria "famiglia" mas rapidamente se fariam ligações a películas como "O Padrinho", partes I, II e III, e quero evitar mal-entendidos, impedindo os seus membros de tocarem mais na chincha, o que leva os mais desconfiados a cimentar infundadas suspeitas sobre toda esta farsa.
Alijemos pois a carga negativa que todos estes imbróglios vão trazendo ao nosso dia-a-dia despreocupado e que, a serem verdade, só tinham ajudado a gasta pátria a atolar-se um pouco mais dando razão ao transgufa Guterres quando chamou pântano a Portugal, com uma nota histórico-humorística numa brincadeira ilustrada que não vale meia acção do BES para que o ilustre banqueiro veja a sua nova condição de reformado com bom espírito, passe-se mais este infeliz trocadilho inspirado na supra-citada, a generosa D. Branca:
Ricardo Espírito Santo Salgado, o Banqueiro do Polvo.
Ricardo E.S. Salgado, Banqueiro do Polvo
Nota:
Diz-me um amigo que teve a amabilidade de ler isto que não consegue perceber se o texto é irónico ou outra coisa qualquer. Rimos-nos os dois.