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por jpt, em 30.11.06

Ainda sobre este meu desabafo, face à altivez de célebres e nada célebres bloguistas."E eu que naturalmente não tinha visto nem lido nenhuma obra de Dom Jacinto (nem então nem agora, verdade seja dita) sentia um calafrio de admiração, porque sempre fui dócil à veneração dos grandes homens e com medo de que não haja nenhum ou que acabem os poucos que há, estou disposto a reconhecer esse título, inclusive, àqueles que, talvez não o mereçam mais que qualquer outro".(Fernando Savater, A Infância Recuperada, Presença, 1997, p. 20)

publicado às 07:12

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por jpt, em 30.11.06

"No começo do seu [Walter Benjamim] estudo [O Narrador] situa esta descrição memorável: "Entre aqueles que têm posto histórias por escrito, os maiores são aqueles que, no seu relato, se afastam o menos possível do que tantos outros lhe contaram anonimamente".

Aqui se sublinha a relação essencial da narração com a memória ou melhor com as formas consolidadas na memória, frente ao romance, que é em grande medida invenção, ou o que vem a ser igual: inovação. O narrador fala de algo, que ele não tem o direito de mudar substancialmente a seu arbítrio, o único direito que o romancista tem, para falar do que fala, é a fidelidade às modificações que o seu arbítrio impõe à narrativa. O narrador transmite, mas não inventa; e o que transmite? A experiência que vai de boca em boca, disse Benjamim e eu diria que transmite a esperança aos homens nas suas próprias possibilidades. Como já se disse,só há esperança nas recordações. Ali estão as vitórias e a lição do fracasso, a superação do que parecia impossível, a intervenção favorável ou desfavorável dos deuses, o aniquilamento de todos os tiranos, os recursos da astúcia e da coragem ... O narrador deve manter viva a chama mais improvável, a da esperança, e por isso não pode alterar a seu bel-prazer a mensagem que outros lhe fizeram chegar. Não se pode julgar com a esperança, ainda que só a esperança permita julgar livremente. Não há tarefa mais imprópria ao narrador do que a desmistificação, que é precisamente a tarefa primordial do romancista moderno ..."

[Fernando Savater, A Infância Recuperada, Presença, 1997, p. 124 (Tradução de Michele Canellas)]

publicado às 00:38


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