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Ainda o "1974" de Filipe Verde

por jpt, em 06.05.15

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Sobre este "1974" de Filipe Verde já deixei duas breves  notas - quando o li em versão final; e passado um mês do seu lançamento. Volto a referi-lo aqui: amizade oblige.

 

O livro tem passado sem grande atenção na imprensa escrita, o que será até normal (um primeiro romance; há muitas publicações no mercado nacional; o autor não tem ligações ao mundo do  jornalismo). E o tema, à primeira vista pouco atractivo para o ambiente moral do universo mediático português.

 

Vi apenas uma recensão simpática no Diário de Notícias. E também algumas curtas referências no nosso meio, o blogal. Por isso regresso ao assunto, crente que a divulgação boca-a-boca (ecrã-a-ecrã) é o meio de divulgação preferencial. E esperando que possa fazer algum visitante aceder a um bom livro, assim fruir.

 

A melhor maneira de o fazer é através das palavras do autor. Ele esteve no programa da TVI 24, "Palavra de Escritor". Quem quiser ver essa entrevista (quinze minutos) poderá fazê-lo através desta ligação

 

E depois, se alguém se convencer a experimentar o "1974" (editora A Esfera dos Livros) já se terá justificado este postal.

publicado às 09:23

A apresentação do "1974"

por jpt, em 22.03.15

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Há já um mês que aqui recomendei este "1974" de Filipe Verde. Um romance que inverte o processo político português, tornando o país um regime comunista após aquela data. Sobre isso o Verde escreve um belo e agudo texto sobre o amor, a solidão e a desesperança. E também sobre a relevância, interna e pública, do acto da escrita - repito a chamada de atenção que então fiz, muito se justifica ler o livro.

 

Diz-se, e vê-se, que muito se escreve em Portugal. E muito se publica. Isso é bom - que haja tanta gente com visões e sensações a transformarem-se em ficções. E que possam ser publicadas e vendidas. Tem um outro lado da face, essa profusão de edições: se não um sucesso imediato, se não vendem como papo-secos quentes, os livros desaparecem das livrarias pouco após a sua chegada, são como se fiambre de curto-prazo, iogurte azedo até. São reenviados para os armazéns das editoras, onde guilhotinhas pressurosas os aguardam, e substituídos nos ávidos escaparates por outros garimpeiros de leitores.

 

Por isso, para que este belo "1974" não desapareça assim, passada que já está a quinzena de guarida nas livrarias - ainda para mais porque ainda que sendo Filipe Verde autor de uma muito importante obra como antropólogo se estreia agora na ficção publicada -, vos chamo a atenção: será apresentado na Livraria Bertrand do Chiado, na próxima quarta-feira dia 25 de Março, às 18.30 horas. Quem quiser (e puder) conhecer o autor e o que tem a dizer vá até lá. Quem não o possa fazer fica aqui este aviso, para sublinhar o importante: em encontrando o livro num escaparate ou numa estante leve-o, e leia-o. É muito provável que goste. 

publicado às 15:22

"1974", de Filipe Verde

por jpt, em 23.02.15

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Filipe Verde, antropólogo, professor no ISCTE, é, e cito-me, "dono da mais brilhante mente que conheço pessoalmente". Alguns dos seus textos profissionais estão disponíveis na sua conta da rede Academia, mas não está o seu "O Homem Livre", um livro super estimulante que tão urgente é reeditar.

 

Sempre o conheci escrevendo ficção. Agora publica o seu primeiro romance: "1974" (na Esfera dos Livros), que estará à venda na próxima semana. Nele cria uma distopia, um Portugal no qual o PCP tomou o poder após 1974. Num registo seco, nada "literato" mas também nada moralista, bota a realidade se assim. Numa breve saga familiar o abissal vácuo brotado n'"o homem [se não] livre", devastado pela verdadeira inexistência. Como se todos fossemos, e não o seremos?, apenas apanhadores de moluscos, confinados à desesperança da mera praia feita prisão.

 

E, deste modo, também falando das cumplicidades e namoros de hoje, das inconsciências "festejantes" da nossa vida, dos "homens livres" que nem o sabem ser nem, verdadeiramente, o querem ser. Os vizinhos, entenda-se.

 

publicado às 14:35

É hoje a apresentação do livro

por jpt, em 22.10.13

 

Abaixo já referi o lançamento deste "Exploradores Portugueses e Reis Africanos", livro escrito por Filipe Verde e Frederico Rosa. Venho aqui recordar quem esteja em Lisboa e tenha disponibilidade que decorrerá hoje, às 18.30 na Bertrand do Chiado. Se por lá estivesse iria, com toda a certeza. Ainda que não acredite que ofereçam chamussas (nunca percebi este costume das editoras deixarem os leitores à míngua de alimento carnal).

publicado às 05:41

Sou amigo do Filipe Verde há quase trinta anos (como custa escrever estas quantidades) e é também por isso, por esta minha fidelidade à ideologia do amiguismo, que aqui venho divulgar este "Exploradores Portugueses e Reis Africanos" (editado por A Esfera dos Livros), o livro que agora escreveu com Frederico Rosa. O qual será apresentado ao público no próximo dia 22 (terça-feira) em Lisboa, na livraria Bertrand no Chiado, por aquela hora do fim da tarde. Acontece ainda que o Filipe é o tipo com a mente mais brilhante que eu conheço (sim, sei do piroso que isto soa), opinião que já bloguei a propósito do lançamento do seu luminoso livro "O Homem Livre", o qual deveria ser presença constante nas estantes mas que me parece meio esgotado, e que continuo a recomendar como obra máxima do pensamento actual em Portugal. O Filipe Verde tem ainda a rara capacidade de pensar denso e escrever leve (entenda-se: muito bem), tornando acessível o seu pensamento de Homem Livre, nada sujeito a modismos e a obrigações de lojas, clubes ou capelas. Com tudo isto até parece que quero desmerecer o co-autor Frederico Rosa, mas não é o caso, é apenas eco de o desconhecer, apenas o ouvi uma vez, há anos, numa informadíssima comunicação, daquelas que denotam um intelectual de mão-cheia.

 

O livro destes dois antropólogos intenta uma releitura das viagens portuguesas em África durante XIX, visitando o calcorrear de Lacerda e Almeida, António Gamito, Rodrigues Graça, Silva Porto, Serpa Pinto, Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens e Henrique de Carvalho, cruzando o olhar da antropologia, da história e da literatura. Coisa pensada não para especialistas mas sim para quem se possa e queira interessar, seja sobre o período histórico, seja sobre África, seja sobre essa coisa da construção dos discursos sobre o longínquo (e quantas vezes tornado exótico). Em termos de apelar a um repensar da história começa muito bem, logo com o título, nisto de "...Reis Africanos", pontapeando o velho olhar sobre o caos (apolítico) africano, o primitivismo sempre presente, com várias roupagens ...

 

Enfim, o lançamento é daqui a uma semana. E se alguém daqui (do in-blog) parta para assistir (os tipos falam bem, já agora) peço para ir lá ao Filipe Verde e entregar um abraço ido do jpt, qu'isto de viver longe tem recompensas mas também tem destas coisas, o perder os bons momentos dos nossos. 

 

Para quem não tiver disponibilidade fica o desafio, o de folhear o livro a deixar-se tentar, a ver se gasta os quase vinte euros (em podendo, e pelo que já li, justificar-se-á).

publicado às 08:20

Um domingo com Lévi-Strauss

por jpt, em 08.11.09

A morte de Lévi-Strauss provocou, no meu registo doméstico, alguns efeitos que me sublinham alguma da sua celebridade, inusitada nesta corporação antropológica. 3 longínquos sms's de pêsames vindos de amigos que não são antropólogos. E até invectivas por não ter aqui escrito algo sobre o autor, apesar da modesta homenagem. Agradeço as condolências. Quanto a escrever sobre o autor quem sou eu?, há muito escrito sobre ele (bem para além das "curtas" das agências noticiosas em registo de obituário). E por quem o leu de fio a pavio, inteligentemente. E depois, hoje em dia, há o youtube, essa moderna mimetização da cultura oral ...

 

Assim sendo dá para passar um domingo a propósito de Claude Lévi-Strauss. Começar por este "O homem que transformou os mitos em matemática", de Filipe Verde, hoje publicado no jornal Público (em parte estando aqui. De seguida ouvir. O homem e sobre o homem, ficam aqui em baixo algumas propostas. E depois, finalmente, há as estantes.

  jpt

publicado às 13:00

O Homem Livre, de Filipe Verde

por jpt, em 18.09.09

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[Filipe Verde, O Homem Livre, Coimbra, Angelus Novus, 2008]

 

A amizade tolda o julgamento. E a extrema amizade tolda extremamente o julgamento. Mesmo sabendo isso muito gostei do destaque dado pelo Público a este livro de Filipe Verde (o jornal tem ainda uma recensão do livro da autoria de Gustavo Rubim, para a qual não encontro a ligação). Ainda para mais durante a realização do bem-sucedido IV Congresso da Associação Portuguesa de Antropologia: "Classificar o Mundo", o que terá incrementado o destaque a esta mais-que-importante obra na disciplina em Portugal.

 

Filipe Verde é dono (padece) da mais brilhante mente que conheço pessoalmente. Iconoclasta. E como ele próprio anuncia este é um livro de antropologia para ser lido pelos não-antropólogos. Vá ler, faça a si próprio o favor.

publicado às 16:08


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