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Ideologias e processos eleitorais

por jpt, em 23.09.15

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 Drew Dernavich, The New Yorker

 

Abaixo coloquei postal sobre ideologias. Até porque nunca comprei a tralha fedorenta e infecunda daquilo do "fim das ditas". É certo que a gente não tem o dever da super-coerência - aliás acho que temos é o dever da incoerência, isso de não fazermos obrigatoriamente concordar o que pensamos sobre as diversas áreas do acontecer, de nos desenvencilharmos dos dogmas sistémicos. Por isso me custa, e ainda mais em período eleitoral, ver os perorões da social-democracia, e os dos múltiplos (nada pós)marxismos e nisso aqueles da democracia participativa (o avatar actual dos amantes da ditadura das "vanguardas"), e também os da democracia-cristã tão fraterna e respeitadora sempre se quer, e ainda os dos sindicalismos mais-ou-menos corporativos, esquecerem tão sonoras afrontas aos direitos dos trabalhadores, às liberdades dos indivíduos, isto de se escolher onde se quer trabalhar (e viver) respeitando os contratos firmados segundo a lei e sob o livre-arbítrio. Afrontas essas, ainda para mais, tão disseminadas ("inculcadas" dizia-se antes) por essa sobre-máquina actual de fazer pensar, o futebolismo. Vê-se isso continuamente, as coerções psicológicas, morais, exercidas pelo patronato (ok, pelas empresas futebolistas), vê-se agora no Sporting com Carrillo. Mas de todos esses palradores, sempre tão cheios de ideias e até ideários sobre o país e mesmo o mundo, os que me custa mais ver tão calados sobre estas aparentes minudências, pois pensadas como apenas "coisas da bola", são os (ditos) liberais, esta tão difícil maneira de ver e fazer o mundo. O Pedro M., velho amigo e leitor do blog, percebeu bem o meu resmungo. E mandou-me este cartoon. Um verdadeiro manifesto, aquela coisa de uma imagem com arte e inteligência valer mais do que o apenas perorar princípios inseguidos. Nestas épocas de voto apenas ... vinagres para apanhar moscas.

publicado às 12:01

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Unicredit

 

Para além da nossa maluquice clubista, aquilo das paixões, isto da bola futebol é, e agora é-o acima de tudo, um negócio. A gente, até desaustinada, resmunga o que aconteceu nestes dois jogos e lembra-se do que aconteceu na liga do ano passado com a protecção aos patrocinados pela empresa Gazprom. E para o ano que vem, e nos vindouros também, lá estaremos, no estádio e diante dos ecrãs. A gritar "gatunos", "corruptos", aos árbitros, aos platinis, aos etc. Não vale a pena mesmo. A única coisa que poderia valer, ainda que talvez quixotesca, seria nunca consumir os produtos dos patrocinadores desta Liga Platini. Fazer os "donos da bola" pensar se este é o caminho mais ... lucrativo. É o que farei: deste conglomerado de "multinacionais" lembro-me de ter comprado batatas fritas Lays: nunca mais o farei. A Heineken terei bebido há anos, mas nunca mais pois é uma merda. E amanhã irei entregar o cartão de crédito do MasterCard ao banco. Quanto ao resto nem conheço nem conhecerei. Se já não somos adeptos mas apenas consumidores que nos comportemos como tal. Que é a única coisa que nos resta.

 

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Playstation

 

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Mastercard

 

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Lays

 

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Nissan

 

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Gazprom

 

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Heineken

 

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Adidas.

 

 

 

 

 

 

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publicado às 01:48

A bola e a política

por jpt, em 19.08.15

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O mundo da bola não é uma escola de virtudes, a gente sabe. Ainda assim quando leio o que o funcionário do sector da comunicação do Benfica, o jornalista João Gabriel, vai dizendo ao longo dos anos deixo-me pensar. Quando vejo as aleivosias que diz agora, em relação a um ex-funcionário do mesmo clube, deixo-me pensar ainda mais. Este homem foi, e foi assim que o conheci, durante uma década assessor da presidência da república, no tempo de Jorge Sampaio. E se nos deixarmos perceber, clubismos à parte, as tropelias que se presta a botar em nome do actual empregador poderemos perceber mais: o desapego às verdades, às liberdades, à mais elementar noção de decente vida democrática que os seus empregadores praticam, por isso o seu apreço empregador por quem a tudo isto se presta. Os actuais e, com toda a certeza, os passados. Daí por ele optarem. E isto a mostrar a concepção de política, algo que uma actividade comunicacional, dos socialistas. Os benfiquistas resmungarão com isto que digo. E é esse o problema da vida política portuguesa (a bola que se lixe), o miserável clubismo. Que acoita tudo isto.

 

Adenda: no grupo ma-schamba no Facebook um amigo recorda o historial deste actual comunicativo do Benfica e antigo assessor de Sampaio. Lembra-nos ter sido ele a entrevistar Xanana apriosionado pelos indonésios [1ª parte; 2ª parte], um acto verdadeiramente colaboracionista. E há quem o empregue, mostrando assim o que é.

publicado às 01:41

Supertaça 2015

por jpt, em 07.08.15

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A época da bola começa domingo. O Sporting em dificuldades, primeiro a lesão do William, agora a maldita sorte no sorteio da antecâmara da liga dos campeões (aka xampions ligue), a defrontar(mos) os malvados soviéticos. No domingo a sempre tão importante e desejada supertaça. A campanha contrária já começou, críticas a um mero anúncio (aka spot) na tv, centrado no sempre-nosso Jorge Jesus. E críticas às suas declarações numa entrevista, nas quais se reclama demiurgo ....

 

E lembro-me de que há um mês tirei esta fotografia. Um belo exemplo da imaginação concorrencial (as virtudes do mercado) na imprensa desportiva. Essa mesma que agora vem (e virá?) criticar.

publicado às 17:52

Pão, circo e aldrabices

por mvf, em 23.10.14

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Não aprecio roubos, furtos, assaltos ou pilhagens e, por maioria de razão, quem os pratica, os seus mandantes e receptadores.

JPT já fez no ma-schamba uma breve alusão ao jogo de futebol Shalke 04 - Sporting, com os alemães a ganharem a partida por 4-3, bem como muitos outros mais conhecedores que eu dos meandros dos balneários, se pronunciaram sobre a pouca-vergonha havida nos jornais, rádios, televisões e nas agora em moda redes sociais, incluindo o director de futebol do clube alemão que ironicamente falou dos chamados árbitros de baliza que habitualmente não vêem porra nenhuma, mas que neste caso um deles viu o que não existiu, ditando o inglório e injusto resultado final.

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Ora, estou irritado, já passaram mais de 24h sobre a roubalheira e o estado não passa e daí escrever o que me parece e apetece agora. Mais pelo estado geral do Futebol do que pela derrota, devo dizer.


Perder não deslustra quando se faz o que se pode, quando o adversário é superior ou mesmo quando a sorte ( ou a falta dela...) se verifica. Já perder porque o campo é inclinado por quem tem a obrigação de o manter nivelado - e o mesmo se pode dizer quando se ganha... - eis coisa que sempre me desagradou. No jogo em Gelsenkirchen como noutras ocasiões, e muitas aconteceram em competições domésticas, em que o nível de incapacidade - modo simpático para designar a actuação dos árbitros principais e auxiliares - se equivale, o jogo deixa de o ser para se transformar numa combinação favorável a um dos contendores e isso, por desvirtuamento, irrita-me solenemente. Gosto de Futebol e muito. Tanto que ao ver o que se vai passando, sinto uma espécie de desgosto, uma angústia, porque a desconfiança do pré-preparado atrapalha o gozo do entretenimento dum desafio e a incerteza dos resultados que sempre se espera favorável às nossas cores e, mesmo que não se passe assim, não é, finalmente uma questão importante: um jogo é só um jogo. E é isto, trata-se só de um jogo, não é morte de homem (pelo menos, não são habituais tão funestas ocorrências...) nem é a bola que paga as contas, mas é uma enorme maçada, uma chatice e não há volta a dar já que se estraga o espectáculo por interesses que se suspeita passarem muito além do interesse directo dos clubes desportivos ( e não, não se passa só no Futebol...). Em Geselkirchen tratou-se de uma aldrabice organizada. São demasiadas coincidências para outros tantos "erros" com um resultado que com o decorrer do jogo não se adivinhava mas que quem esteve mais atento às filhas-da-putice dos apitadores russos podia pressentir. O campo inclinou-se desde o apito inicial para o lado alemão, aliás, russo-alemão. Foi tão patente como indecente.Para não se falar de coincidências que muitas vezes podem muito bem ser só isso, deixa-se aqui para memória futura, e irritação ( e lamento...) actual aquilo que sem margem para interpretações são, de facto, interesses que se prefiguram conflituosos mas que, apesar de tudo, são coincidentes, e, sem querer entrar mais do que isto em questões político-estratégicas, leia-se a questão da Crimeia e a débil e habitual posição da União Europeia que ameaça mas não cumpre, fala mas não age, declara embargos e limitações a tudo o que à Rússia diz respeito, que permite entre outras situações, que a UEFA e clubes europeus, quero dizer clubes de países pertencentes à União Europeia, sejam subvencionados pela Gazprom, uma empresa estatal russa sediada em São Petersburgo, terra natal de Putin. Claro que muitos verão nisto nada mais que uma teoria da conspiração, mas vejamos uma pequena amostra dos patrocínios "dados" pela Gazprom que sem querer ser conclusiva é, no entanto, significativa:

- Liga dos Campeões/ UEFA

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- Shalke 04 ( o presidente do clube, Herr Tonnies é, tanto quanto se diz, próximo de Putin e a agremiação recebe uns míseros 17 milhões de Euros anuais. A parceria já vem desde 2007)

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- Federação Russa de Futebol (que controla a arbitragem)

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Ainda no capítulo "Coincidências e mais um par de botas", temos que a equipa que apitou vergonhosamente o Shalke 04 - Sporting Clube de Portugal era russa, chefiada pelo Sr. Karamasev, um especialista.

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Não tendo dotes divinatórios sobre o armagedão e coisas assim, quer-me parecer que se o programa não se alterar este é o fim dos tempos do Desporto dito rei - o Futebol - tal como deve ser e que pior ou melhor praticado com as suas (poucas) regras simples, continua igual em qualquer latitude, não se podendo dizer o mesmo acerca dos negócios que à volta dele gravitam. Mistura-se a politiquice e temos definitivamente a burra nas couves e eu fora dos estádios.

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Pergunte-se a Blatter da FIFA e ao gaulês Platini da UEFA sobre o que realmente os move e explique-se-lhes que o povo não gosta de pão bolorento e circo de província.

 

 

 

publicado às 15:15

O PSB foi à bola

por jpt, em 02.09.14

Enquanto este jpt se prepara para abalar do "velho continente" (entenda-se a pronunciação, também dita "statement" em português da classe média lisboeta) este PSB prepara-se para abalar para o "velho continente", para ainda mais austrais paragens. O referido PSB é um tipo porreiro, meu amigo e até compadre. Mas não há belo sem senão: o homem é um ferrenho benfiquista. E assim, já tolhido pela nostalgia, no passado domingo foi ali às bandas de Carnide despedir-se do seu clube.

 

Como ambos estamos em abruptas transições biográficas a gente entende que podemos suspender, por um breve postal, a obediência aos estatutos editoriais do ma-schamba. E aqui fica a memória da última ida à Luz deste nosso próximo expatriado:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado às 20:51

Brasil-2014, o meu rescaldo

por jpt, em 15.07.14

 

O Brasil-2014 valeu por três coisas, uma global e futebolística, duas outras nacionais (portuguesas), de ordem intelectual uma, futebolística outra.

 

 

1. O mundial valeu por este monumental golo de Van Persie, no épico jogo contra a Espanha. Simbolizando a equipa mais divertida do campeonato. O resto, aqueles imensos jogos, entre alguma simpatia mais ou menos acinzentada (a Argélia, a Costa Rica, o Chile) e o aborrecimento. Para sempre ficará também o affaire Mineirazo, mas isso não é do departamento futebol, mas sim da escatologia.

 

 

2. A comprovação que a opinião "comentatória" sobre o futebol (jornalística e popular) vale tanto como a sobre outros assuntos - e também por aí o estado do país. Numa fidelidade radical ao a posteriori (derivação do célebre "prognósticos só depois do jogo"), vale tanto como a areia do deserto (poderá servir para a construção mas tanto vale uma como outra qualquer). Os hinos (ou mesmo resmungos) à excelência alemã incapacitam-se de ver o que fez a equipa: sete jogos, dois  muito mauzinhos, com resultados que até podiam ter sido outros, diante de equipas frágeis (Argélia e Gana, esta em convulsão desordenadora); dois jogos fraquinhos (Portugal, um mero treino em que ganharam por falta de comparência; EUA, um q.b. mediano a contento de ambos). Um bom jogo de futebol (com a França), mas sem nada de excepcional. Uma hipérbole, épica e irrepetível, acaso óbvio (o Brasil). E uma final onde podiam ter levado dois ou três, para além do penalti escamoteado ao oponente.

 

Boa equipa, belíssimos jogadores. Mas daí a este coro de elogios? Apenas o primado da opinião confirmatória.

 

 

 

3. Um punhado de futebolistas que jogam em Portugal destacaram-se: Alireza Haghighi, Rojo, Slimani, Haliche, Garay, Perez. Mas duas das três ou quatro figuras do mundial foram James Rodriguez e Herrera. Por mais que custe reconhecer continua a haver gente no F. C. Porto que sabe escolher jogadores. Ou, de outra forma, que não tem apenas opiniões a posteriori - como tantos treinadores de "ecrã" ou "sofá". Treinadores da bola e de tanta outra coisa.

publicado às 11:41

 

Eis seis boas razões para a FIFíA escolher Messi como o melhor jogador do Campeonato do Mundo de Futebol 2014. Se estas não chegam, havia ainda as exibições do holandês Robben.

 
 

 

 

publicado às 12:10
modificado por jpt a 8/11/15 às 20:54

 

 

                                      Estádio do Mineirão no início das obras de renovação

                                      ©miguel valle de figueiredo

 

Sobre a blitzkrieg (guerra-relâmpago) que foi o Brasil-Alemanha ontem no renovado Estádio do Mineirão em Belo Horizonte pouco se pode dizer. mas das equipas, rendimento e consistência é outra conversa.

Aos 29 minutos o jogo acabou quando Semi Khedira espetou o 5º balázio nas redes do desgraçado Julio César. O resto foi um jogo-treino porque o alemão tem uma partida importante pela frente, aquela para que se preparou e quer, justamente, ganhar: a final do Campeonato do Mundo de Futebol.

Confesso a dificuldade para transferir afectos para selecções de futebol que não sejam a minha, a ex-Equipa de Todos Nós, e apreciá-las por prismas outros que não os desportivos, os futebolísticos, e, portanto, interessa-me o jogo em si mesmo e a forma como cada equipa o encara e o pratica. O  alemão como habitualmente, leva a coisa com rigor, seriedade, sem lágrimas ou tremores rotulianos, enquanto o Brasil entrou neste torneio com uma imensa soberba, uma confiança ( em Futebol diz-se fé...) e uma arrogância que não encontravam tradução nas exibições dos amigáveis de preparação para o certame  e, pior ainda, as prestações pálidas nos jogos já "a doer" como aconteceu contra os Camarões, um bando zombie de calções e chuteiras, contra a Croácia penalizada por uma grande penalidade inventada ou contra o Chile, num desafio em que só a barra safou a degola da  "canarinha" no último lance do prolongamento e que permitiu ao Brasil safar-se no electrocardiograma dos "pénaltis" ganhando por 3 a 2 para fazer. finalmente, uma razoável 1ª parte no embate com a Colômbia para acabar a pedir ajuda divina à la David Luiz e protecção à santíssima Nossa Senhora do Caravaggio da devoção de Felipão e ao árbitro que acabasse com aquilo.

Scolari contratou para depois do teste com o Chile uma psicóloga, de sua graça Regina Brandão, supostamente para repôr os níves de confiança nos jogadores. Talvez (re)pensar a táctica e a escolha dos titulares fosse mais eficaz, mas no futebol nunca se sabe porque o futebol é assim. O certo é que o divã freudiano não funcionou...

 

 

Felipão pode ser um belíssimo motivador, angariador de apoio popular ou publicitário, mas não é, nunca foi, um grande treinador, um mestre da táctica, um gajo a que se possam atribuir golpes de asa. Mostrou-o em 2002 no Coreia/ Japão quando o Brasil conseguiu o penta com uma  equipa jogava manhoso, durinho, com crença mas e sobretudo tinha os 3 R's (Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho) que com reconhecido talento disfarçavam a debilidade táctica de Scolari e chegaram para as encomendas levando a taça para casa. Paulo Bento padece dos mesmos males, confunde os seus eleitos com os melhores e em melhor forma a cada tempo, pensa, confundindo, que teimosia e persistência são a mesma coisa e daí a relutância, melhor, a incapacidade para fazer alterações durante o jogo quando tão óbvias quanto necessárias que até eu as percebo, e nutre a mesma aversão pelo virtuosismo, esquecendo um e outro que se este, o qual não não valorizam por nunca o terem compreendido não comparecer, as suas orientações tácticas arriscam a derrota sem apelo nem agravo, embrulhadas numa manta patchwork de enxovalho, vergonha, humilhação. Esperam sempre que apesar deles a sorte do jogo lhes caia no regaço e que alguém resolva com um golito a questão. Pode ser que se um dia, já reformados virem um jogo pela televisão, cheguem à conclusão que há uns gajos que só precisam que não lhes tolham os movimentos, que os deixem jogar como naturalmente sabem, mas isto é pedir muito. Disse no pós-guerra de ontem o pouco utilizado defesa Daniel Alves aquilo que Scolaris e Bentos deviam perceber: 

 

"Precisamos evoluir. O futebol está evoluindo no mundo todo. Somos o país do futebol mas não somos os donos do futebol"

 

                David Luiz, imagem de um capitão

 

Tem razão Alves e basta olhar para a Costa Rica, a Colômbia, o Chile ( para referir somente países cujo nome começa por cê...) ou até os Estados Unidos e, por mais que muitos não queiram, a rigorosa e temível Alemanha com a coesão que faz as grandes equipas, uma forte mentalidade individual e carácter colectivo e que entendeu que juntando às suas proverbiais características, uma fórmula mais elástica que não apague a capacidade técnica dos jogadores - note-se a percentagem altíssima de passes acertados e o toque de bola da maior parte dos jogadores da Mannshaft, por exemplo -  e se tornou assim um osso duro de roer como o seu aço inoxidável e que dá jeito em climas com elevada humidade e que se diz deitar abaixo outros menos preparados. Joga para ganhar, tudo sem merdas, sem preconceitos ou fingimentos e com um futebol dinâmico, moderno, de primeira água. Já se pode falar de um padrão das saídas de Manuel Neuer da grande-área quase como um antigo líbero e isso não parece fruto do acaso nem estado de necessidade e sim uma opção liberta do caderno de encargos burrocrático de treinadores ditos mais conservadores, como aliás o esquema do duplo-pivot cheira a trabalho, ideias e treino que tresanda, a mobilidade e rendimento de toda a equipa é a soma de tudo isto sob a batuta de Joachim Low. A Portugal espetou quatro e abrandou porque mais não era preciso e ao Brasil, o que era diferente por todas as razões, enfiou 7, deixando a impressão que podiam ter sido 10, 11, 12, 16, 23 e por aí fora se não houvesse mais que fazer no próximo Domingo. Repito, aquilo a partir do 5º foi uma peladinha, um treino, uma brincadeira.

Há nesta vitória esmagadora um traço desagradável no comportamente do time germânico que não posso evitar e que só foi muito ligeiramente atenuado com o golo sofrido, ou consentido?, como se do último cigarro de um condenado à morte concedido pelo carrasco se tratasse: A Alemanha está no Brasil como convidada e devia ter mostrado boas- maneiras com o anfitrião, evitando a cabazada que irá marcar o brasileiro amante de futebol nas próximas décadas por muitas façanhas que venha a conseguir.

 

 

 Outras cabazadas em Campeonatos Mundiais:

Hungria - 10 X Salvador - 1 (1982) 

Jugoslávia - 9 X Zaire - 0 (1974) 

Hungria - 9 X Coreia do Sul - 0 (1954)

 

Também Portugal entra no Top 10 das goleadas com um honroso 6ºposto garantido pelos 7 secos ao norte-coreano em 2010 (África do Sul) enquanto o Brasil podia zombar com os suécios por lhe ter dado também 7 bolas contra apenas 1 e massacrar os espanhóis no mesmo torneio de 1950 por os ter presenteado com um esclarecedor 6-1. Esse Campeonato Mundial que também se realizou no Brasil, ficou para a eternidade pela até agora mais infame derrota do "escrete", um jogo conhecido como "Maracanazo", uma barracada de que ainda hoje é lembrada, muitas vezes com escárnio pelos adversários do Brasil. Contra todas as expectativas brasileiras o Uruguai teve a desfaçatez de ganhar aos anfitriões finalistas por 2-1 perante 200.000 pessoas, ainda hoje um recorde. O entusiasmo excessivo que antecedeu a final era tal que levou Angelo M. Morais,  "Prefeito" do Rio de Janeiro, um homólogo de António Costa na Câmara Municipal de Lisboa e talvez um pouco mais demagogo..., a ter um discurso de vitória que a realidade teimaria em não confirmar no final da contenda. Aqui fica um excerto da basófia:

 “Vós brasileiros, a quem eu considero os vencedores do campeonato mundial; vós brasileiros que a menos de poucas horas sereis aclamados campeões por milhares de compatriotas; vós que não possuis rivais em todo o hemisfério; vós que superais qualquer outro competidor; vós que eu já saúdo como vencedores!”

No dia seguinte, 17 de Julho de 1950, o El Diario estava mais perto do que se passara no Maracanã, o que não foi grande habilidade ou inesperado furo jornalístico. A glória tinha sido alcançada na véspera... 

 

 

 

Porém os boches também não têm razões para rir quando se lembrarem que os húngaros no mundial da Suíça em 1954 lhes garantiram lugar neste pódio de grandes vitórias e equivalentes vergonhaças com uns aterradores 8 a 2. Na verdade que deve ser completada, os alemães alinharam neste jogo com menos cinco titulares habituais e a equipa do imortal Puskas não lhes perdoou o atrevimento, esticando o placard até aos tais 8 golos. Encontraram-se mais tarde para rever a pantomina, é verdade que Puskas jogou em  esforço (no 1º jogo o defesa Liebrich encarregou-se de aviar uma forte cartuxada no mago magiar e com isso enviá-lo para o estaleiro até à partida final), que a Hungria vinha de dois jogos lixados contra o Brasil e contra o Uruguai, este com direito a prolongamento e que, segundo os relatos, entrou em campo visivelmente cansada. Tambem é um facto que o jogo anterior que os húngaros ganharam ao Brasil por 4 a 2 foi de tal modo duro que ficou conhecido como a Batalha de Berna! Ainda segundo os crónicas, o jogo com a Alemanha disputou-se sob forte temporal, um dilúvio que terá prejudicado o futebol rendilhado e de maior habilidade dos húngaros, vindo à tona a maior capacidade físico-atlética dos robustos teutões. No fim, apesar de argumentação mais ou menos convincente, no fim eram 11 contra 11 e ganharam os alemães... e foram campeões do mundo pela 1ª vez. O resultado de 3 a 2 quebrou a extraordinária série de vitórias da Hungria: nada menos que 32 jogos sem derrotas em 4 anos.

 

 

 

Outros números do Brasil 2014 vistos pela Alemanha:

 

 

Miroslav Klose, alemão nascido na Polónia há 36 anos com o tento apontado ao Brasil aos 23 minutos da 1ª parte, é agora o novo rei dos goleadores com 16 batatas na conta da mercearia, relegando Ronaldo "O Fenómeno" para 2º lugar. Klose tem 136 jogos pela selecção pela qual marcou 71 golos desde a estreia contra a Albânia em 2001. Nada mau para um velho...

Brazil-1/ Alemanha-7:

  1- 0 aos 11' T. Muller, 2-0 aos 23' M. Klose, 3-0 aos 24' T. Kroos, 4-0 aos 26' T. Kroos, 5-0 aos 29' S. Khadira, 6-0 aos 69' A. Shurrle,

  7-0 aos 79' A. Shurrle, 1-7 aos 90' Oscar

- A Alemanha passa o Brasil e é agora a equipa com mais golos marcados na história dos Mundiais com 222, ficando a faltar a final 2014

publicado às 17:20
modificado por jpt a 11/7/14 às 04:18

 

 

Nada a comentar sobre a hecatombe acontecida, para sempre dita Mineirazo, a superioridade do drone germânico no "país tropical". A sua narrativa perdurará bem mais do que o próprio futebol.

 

Mas realço a transmissão televisiva. Neste mundial-2014, tal como nos largos últimos anos, a tv coloca o público presente nos estádios como actores constantes - e a introdução de ecrãs gigantes nos locais convocou a interacção destes com o público global televisivo, "exigindo-lhes" brevíssimas explosões para que todo o mundo os veja acenando, em cumes de fruição. As câmeras vasculham as bancadas, mostram as moles esfuziantes, os adeptos mais pitorescos (numa actualização do "folclore") e as adeptas mais vistosas e apetitosas ("belo plano", disse um dia o excelente locutor Rui Tovar, agora falecido, quando a transmissão mostrava uma bonita adepta).

 

Ontem? O contrário. Enquanto o metrónomo de Joachim Low devastava a atrapalhada selecção anfitriã, a realização (brasileira, decerto) ausentou-se da "moldura humana". Uma criança chorando ao 0-3, uma adepta espantada (de boca aberta) ao 0-5, uma balzaquiana chorosa por aí, nada de alemães festivos (um brevíssimo plano aos 0-7). A completa censura à alegria alemã.  A completa higienização do espectáculo, extirpado do drama in loco sentido pela afición brasileira. A mostrar o quão encenado tudo isto é. E como são políticos estes eventos. 

 

publicado às 09:44

JPT, seleccionador do Ma-schamba, mergulha no oculto e indaga os espíritos sobre o futuro de Paulo Bento enquanto seu congénere na selecção nacional de Futebol. Por mais que as forças do Bem se empenhassem num tranquilo afastamento do cargo por manifesta incapacidade, o mentor do futebol de vão de escada da "Equipa de Todos Eles" (FPF toda metida neste caixote de lixo e mais alguns que acabam por apoiar com tranquilidade toda esta merda) garantiu ainda antes de ter sido corrido do mundial da especialidade e zangado como sempre com um mundo imbecil que o não compreende, que independentemente de tudo o que pudesse acontecer - e o mais provável foi o que acabou por verificar-se... - não se demitiria. Fez bem e fica-lhe ainda melhor. Se querem saber mais sobre o que se segue é perguntar ao retratado. Por mim, desligo-me da equipa com que andamos ao colo e que de "Equipa de Todos Nós" tem pouco.

Vosso

mvf

 

         

 

publicado às 18:58
modificado por jpt a 11/7/14 às 04:22

 

(Matola-rio, hoje mesmo)

 

Eu sei que é um postal rude. Mas que melhor ilustração da ambivalência do adepto da selecção lusa? Entre a suave relativização do "fenómeno desportivo", o olímpico "perder e ganhar ...", a já mais especializada contextualização geracional da equipa actual, a crítica ponderada às questões tácticas? Tudo isso sintonizado nesta primeira afirmação, firme mas atenciosa, legalista (onde reina um magnífico "nesteste", para futura atenção dos "acordistas fonetistas). 

 

Para logo na frase a seguir se impor o sentir do verdadeiro adepto, face à imundície apresentada ...

publicado às 18:39

    

 

 "Ases do IX Mundial de Futebol - México 70", sugestivo nome da colecção de cromos das Edições Palirex sobre o campeonato mundial de futebol de 1970 que fui buscar ao baú, traz  à memória quase tão fatigada como a pobre Selecção Nacional de Portugal no Brasil 2014, vários dos grandes jogadores dos últimos 50 anos e, eventualmente, a melhor equipa nacional de sempre, a do Brasil, que veio a conquistar o troféu pela 3ªvez, garantindo a posse permanente da cobiçada Taça Jules Rimet. Ora esta noção de permanência foi significativamente abalada quando os 3, 8 kg em ouro do troféu foram desviados criminosamente no Rio de Janeiro e nunca mais encontrados (diz-se que a taça terá visto a sua forma alterada, derretida que foi num superior passe de alquimia). No entanto, o desvio da Jules Rimet não era caso inédito e uma rábula do género já tinha acontecido em Inglaterra em 1966, meses antes do Campeonato do Mundo que o país sediava começar, e conta-se numa penada. A taça foi surripiada a 20 de Março quando estava exposta em Londres em simultâneo com uma mostra filatélica. Apesar da apertada vigilância, o larápio foi relativamente bem sucedido, se exceptuarmos o pequeno  incómodo de ter sido preso sem contudo confessar o crime e o paradeiro do precioso objecto. A afamada Scotland Yard andou desatinada  e aos papéis, nada encontrando, vendo-se enxovalhada uma semana depois por Pickles, um cão igualmente britânico que enquanto passeava o dono e levantava a pata para um habitual desanuviar da bexiga, se travestiu de Sherlock Holmes, farejou um arbusto e em vez de um apetecido e esperado osso, encontrou outro petisco igualmente duro de roer: Era a desconsiderada taça embrulhada em jornais. 

 

 

 Voltando aos protagonistas principais do jogo, ou que deviam sê-lo sempre e em qualquer ocasião, o Brasil de '70 tinha uma equipa com uma qualidade que dificilmente se repetirá. O seleccionador brasileiro era Zagallo (duas vezes campeão mundial enquanto jogador em 58 e 62 e muito justamente treinador campeão no México) e contava com o inevitável Pelé, único futebolista a conseguir 3 títulos mundiais, mas e não desfazendo no homem, coadjuvado por Clodoaldo, Gerson, Tostão, Piazza, Jairzinho, Carlos Alberto e Rivelino até eu era Pelé! Curiosamente se era do Rei Edson Arantes do Nascimento (sei de cor o nome o que não é habilidade...) que se esperavam os golos, este acabou por marcar só quatro e o melhor marcador do escrete acabou por ser o infernal Jairzinho, sucessor do mítico Garrincha no Botafogo, com 1 golo por partida - o melhor marcador do torneio foi o alemão, à época federal, o habillidoso e letal Gerd Muller, com 10 batatas apontadas na conta pessoal, incluindo dois hat-tricks consecutivos contra a Bulgária e contra a Roménia ainda na fase de grupos.

 

    

 

 

 Se o Brasil era isto, a Itália e a República Federal da Alemanha eram igualmente grandes equipas e o jogo entre as duas selecções nas meias-finais ficou conhecido como o "Jogo do Século", só mais nada. Para dar uma pálida ideia da maluqueira que foi, fica um vídeo e adianto para quem não tiver pachorra para os poucos minutos do resumo que aos 90' o placard indicava 1-1 mas no final da meia-hora de prolongamento a Itália ganhou por 4 a 3. Entre outros, jogavam pelos transalpinos o lendário guarda-redes Albertosi (o seu supelente era Dino Zoff), Riva, Sandro Mazzola e o endiabrado Rivera e pelos boches encontravam-se o enorme Sepp Maier, Netzer, Overath, Schnellinger (que jogava no Milão), Vogts, Uwe Seeler, Muller e aquele que haveria de ficar conhecido como Kaiser, o extraordinário Franz Beckenbauer.

 

 

 

                                                                    

Portugal, apesar da proeza que foi o 3ºlugar dos "Magriços" no Inglaterra '66, numa presença inédita nos mundiais, evitou habilmente a maçada e canseiras da deslocação ao México - lá iria em 1986 para uma desastrada presença desportiva, desonrando a camisola das quinas com histórias miseráveis fora do relvado que não cabem aqui agora, de um grupo de jogadores que poderia ficar conhecido como "Os Mercenários". Foi pena, porque havia futebolistas de enorme categoria e qualidade como Eusébio em bom estado e boa forma, José Carlos, Humberto com 20 aninhos, Jaime Graça, Peres, Toni, ou Tomé e Jacinto João do Vitória de Setúbal. A baliza era geralmente guardada por Zé Henrique, conhecido por Zé "Gato" e à sua sombra estava o muito mais talentoso e eficaz Vítor Damas. Critérios que alguns afirmam injustos de seleccionador mas que são geralmente imutáveis, mesmo perante as evidências e que se vão perpetuando com breves interrupções com a "conivência" da FPF. Esta gente merecia pelos seus dotes futebolísticos, estar numa competição em que participavam outros enormes praticantes para além dos já mencionados. Estavam Gordon Banks e os manos Charlton, um deles um senhor, "sir" Bobby, numa equipa inglesa que contava com outro Bobby, o Moore, Nobby Stiles e Alan Ball, o uruguaio Fórlan, de sua graça Pablo, notável jogador e pai do Diego que foi considerado o melhor jogador no Mundial de 2010 na África do Sul, ou o jovem talento peruano que poucos anos depois veio brilhar para o FC Porto, Teofilo Cubillas. Foi um despedício não estar no México 70, parece-me.
 
E se o a batalha das meias-finais entre Itália e a RFA foi considerado o jogo do século, um dos golos que o Brasil espetou nos 4 a 1 à Squadra Azzura que, na 2ªparte por causa do calor e da anterior refrega com os alemães, estava com os bofes de fora,  é apontado como o melhor da história do futebol, uma obra colectiva da constelação brasileira de estrelas. Fica para acabar de vez com a palheta o filme do momento, uma lição como se pode e deve jogar Futebol com Carlos Alberto a fechar o Mundial '70 com uma chave de ouro e que pode converter aqueles que entendem o Futebol como uma espécie de religião, um ópio do povo.

publicado às 23:38
modificado por jpt a 11/7/14 às 04:25

 

 

José Mourinho é um extraordinário treinador, todos o sabem. Cruza este defeso com alguma dificuldade, pois a atenção mundial desvia-se um pouco de si - a guerra no Iraque e o mundial de futebol no Brasil distraem o público global da sua pessoa. Mas ele combate este pequeno interlúdio na Mourinhofilia. E vai zurzindo aqui e ali, em particular a pobre selecção portuguesa cujo principal defeito é não ser treinada por ele - ainda que ele não o queira.

 

Sou grande admirador do homem (e ainda lamento que à última da hora não tenha ido treinar o Sporting). Fica aqui o meu modesto contributo para a sua glória: a "Pizza Mourinho", uma especialidade do afamado e excelente restaurante "Mundos", na Julius Nyerere de Maputo.

publicado às 03:31

 

 

Dos factos:

1 - Pepe, um jogador conhecido pelo seu comportamento exemplar, encosta com meiguice a cabeça ao boche, um tradicional e despudorado simulador, e a organização a que preside o impoluto Blatter aplica-lhe um jogo de suspensão em pleno campeonato mundial de futebol.

2 - Incitado por uma antiga jornalista, Letizia de sua graça, o jovem Felipe Juan Pablo Alfonso de Todos los Santos de Borbón y Grecia agride violentamente o seu velho pai à cabeçada, o ex-Rei que apesar de já não o ser ainda o é, D. Juan Carlos, e, insidiosamente, usurpa-lhe o trono para de caminho lhe ficar com a coroa...

 

Das reacções:

Em comentário, o Sr. José Mourinho, o Especial I, diz que por Pepe não ser português devia ter outro comportamento. Ao contrário pensamos que Pepe, justamente por ser um exemplo do que é ser português, dos valentes e imortais, é que apanha o castigo numa clara manipulação de imagens, uma evidente manobra persecutória para prejudicar a Selecção Nacional que tanta qualidade mostrava ao mundo, preparando-se para rebentar com o alemão numa espécie de blitzkrieg à portuguesa. Já o novel Rei Felipe VI de España segue a sua vida com garbo e tranquilidade entre aplausos da multidão e votos de maior sucesso por parte dos mais destacados líderes mundiais, incluindo o presidente da geringonça, o Professor Aníbal Cavaco Silva, conhecido pelo ternurento cognome de Nosferatu de Boliqueime.

 

 

A Fifa utiliza critérios distintos para casos equivalentes e esta é a dura verdade com que nos confrontamos.

 

De Campinas, segue um cordial abraço a que se juntam as mais sinceras saudações desportivas

mvf

 

 

 

publicado às 13:00


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