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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Festival Cultural da Ilha de Moçambique: exposição-venda de artesanato.
Origem variada, dos Grandes Lagos (presença residente já referida aqui) à maconde de Nampula e, evidentemente, local. Destaco Hallu A Berta (antes Mustafa Juma), grande bordador de cofiós. Dele destaco
Hallu A Berta é também poeta, o maior letrista de Tufo da Ilha
Da sua extensíssima obra ocorre-me esta canção, feita para o grupo Beira-Mar há pelo menos década e meia, e que vem muito a propósito desta ocasião - sem que com isso queira apagar conflitos que estes eventos, e o turismo que há-de (há-de?) chegar, provocam e provocarão.
Zorrera phia zimphelia
Zinlompa pinadamo onkala etunia
Hinnho Beira-Mar nofurahia
Amaka zuwelani nihuku nalelo otikiniha makalelo
Echerehe ziniphwanhalé zinnithimaka mirima
Owá achulupale elapho zikhina
En'hipiti yotene enathithima
Nakhumaka olumbo
Nawaka mpaporo
Khumphwanha mwanaevela
Onemelale ny ekhantiero
Nhakumaka m´paporo
Khukela n'rikicho
Kiarowa nsarrero
Paketi awaka
Akela nipiloto
Aphiaka ekissirwa takhua
Apazeraka oweha elapo
Yanqueliha ekhantiero
Yossunkhulo wa morcado
(Eis o que é belo neste mundo
Eis o que um homem roga acontecer dia após dia
Nós de Beira-Mar gostamos imenso
A nossa alegria de hoje é incomparável, pela vinda destes
amigos de outros países
Toda a Ilha hoje está a abalar.
Naqueles tempos, tempos que já lá vão,quando vínhamos do continente
Lumbo, o nosso transporte principal era o paporo [rebocador]
Ao pisarmos a Ilha, avistávamos primeiramente as estatuetas
das muralhas florindo um brilhante candeeiro
Da Ilha para os vários locais viajávamos de riquixós
Quando o paquete adragava era guiado por um piloto, um
farol que piscava da ponta do Mercado Sancul)
[versão (muito) livre, sem identificação do seu autor, publicado em "A Ilha de Moçambique Pela Voz dos Poetas", compilação de Nelson Saúte e António Sopa (Lisboa, Edições 70, 1992). Aí publicada como anónima, e então assim a receberam os compiladores, como "canção popular", coisas do vero-velho olhar que anonimiza os chamados poetas "populares" enquanto eleva o nome de qualquer "poeta" burguês. Coisas de muitos lugares, não-só-daqui.]