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Hallu A Berta

por jpt, em 11.10.06

Festival Cultural da Ilha de Moçambique: exposição-venda de artesanato.

 

Origem variada, dos Grandes Lagos (presença residente já referida aqui) à maconde de Nampula e, evidentemente, local. Destaco Hallu A Berta (antes Mustafa Juma), grande bordador de cofiós. Dele destaco 

 

 





 

 

 











Hallu A Berta é também poeta, o maior letrista de Tufo da Ilha

 

 

Da sua extensíssima obra ocorre-me esta canção, feita para o grupo Beira-Mar há pelo menos década e meia, e que vem muito a propósito desta ocasião - sem que com isso queira apagar conflitos que estes eventos, e o turismo que há-de (há-de?) chegar, provocam e provocarão.


Zorrera phia zimphelia

Zinlompa pinadamo onkala etunia

Hinnho Beira-Mar nofurahia

Amaka zuwelani nihuku nalelo otikiniha makalelo

Echerehe ziniphwanhalé zinnithimaka mirima

Owá achulupale elapho zikhina

En'hipiti yotene enathithima

Nakhumaka olumbo

Nawaka mpaporo

Khumphwanha mwanaevela

Onemelale ny ekhantiero

Nhakumaka m´paporo

Khukela n'rikicho

Kiarowa nsarrero

Paketi awaka

Akela nipiloto

Aphiaka ekissirwa takhua

Apazeraka oweha elapo

Yanqueliha ekhantiero

Yossunkhulo wa morcado

 

(Eis o que é belo neste mundo

Eis o que um homem roga acontecer dia após dia

Nós de Beira-Mar gostamos imenso

A nossa alegria de hoje é incomparável, pela vinda destes

amigos de outros países

Toda a Ilha hoje está a abalar.

Naqueles tempos, tempos que já lá vão,quando vínhamos do continente

Lumbo, o nosso transporte principal era o paporo [rebocador]

Ao pisarmos a Ilha, avistávamos primeiramente as estatuetas

das muralhas florindo um brilhante candeeiro

Da Ilha para os vários locais viajávamos de riquixós

Quando o paquete adragava era guiado por um piloto, um

farol que piscava da ponta do Mercado Sancul)

 

[versão (muito) livre, sem identificação do seu autor, publicado em "A Ilha de Moçambique Pela Voz dos Poetas", compilação de Nelson Saúte e António Sopa (Lisboa, Edições 70, 1992). Aí publicada como anónima, e então assim a receberam os compiladores, como "canção popular", coisas do vero-velho olhar que anonimiza os chamados poetas "populares" enquanto eleva o nome de qualquer "poeta" burguês. Coisas de muitos lugares, não-só-daqui.]

publicado às 23:07


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