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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
[Hannah Arendt, Entre o Passado e o Futuro. Oito Exercícios Sobre o Pensamento Político, Relógio d'Água, 2006]
Em 1957 Hannah Arendt escreveu "A Crise na Educação" procurando delinear as verdadeiras causas da crise que se anunciava no sistema educacional americano - a qual adivinhava que se estenderia ao mundo -, crise que considerava inserida na crise geral que se derramava "em todas as áreas da vida humana" no mundo moderno. Identificou três ideias-base sintomas dessa crise: o apartar do mundo adulto e do mundo infantil - resultante na absoluta tiranização dos "novos", em paradoxal contradição com o anunciado desejo de os libertar da subordinação face aos mais velhos -, o primado da pedagogia "progressista", "salganhada de coisas com sentido e de coisas sem sentido".
E o processo de infantilização dos alunos, algo que considera como a a-politização do seu devir, algo "que encontrou a sua expressão conceptual sistemática no pragmatismo. Essa ideia-base é a de que se não pode saber e compreender senão aquilo que se faz por si próprio. A aplicação desta ideia é tão primitiva quanto evidente: substituir, tanto quanto possível, o aprender pelo fazer. [...] A intenção confessada não é a de ensinar um saber mas a de inculcar um saber-fazer." (pp. 192-193)