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José Júlio em Moçambique

por jpt, em 21.08.11

[A fala de José Júlio]

 

José Júlio, o sempre recordado "pintor-faroleiro", figura até mítica dos alvores da pintura urbana em Moçambique, está em Moçambique, 14 anos depois da sua última visita. Anteontem visitou o Núcleo de Arte, onde foi deparar com um convívio para o receber (não uma "recepção", coisa que nesses moldes lhe desgostaria). Encontrou, com toda a certeza, um local distante daquele que frequentou desde 1957, e o qual era então nas suas palavras "um local de elite" (como expressou no incontornável trabalho - e que brevemente será editado em livro - de Alda Costa "Arte e Museus em Moçambique. Entre a construção da nação e o mundo sem fronteiras (c. 1932-2004)", uma intensa tese de doutoramento). Alguns dos seus colegas, até discípulos, de então estiveram e falaram. Frisando o seu papel, suave e companheiro, de mestre, incentivador e até descobridor.

 

Numa muito feliz intervenção Samate referiu como José Júlio o encontrou, então muito jovem ("no tempo em que Malangatana pintava paisagens", em bela expressão), a visitar uma exposição. E como vendo o seu ar interessado o questionou sobre o seu interesse, e como logo o visitou em casa e depois o levou ao Núcleo, ao convívio com outros pintores (em particular o do seu quase-vizinho Malangatana). Frisou-o homem antes do seu tempo, na forma descomplexada de então ser homem. E ainda lembrou como José Júlio pintava diante de todos, sem procurar esconder nada, partilhando sem palanques o seu saber e arte. Como um homem honrado, disse Samate.

 

["Samate fala; à sua direita Mankew, José Júlio, Estevão Mucavele e Macamo; à sua frente José Cabral, Machado da Graça (encoberto) e ao fundo na mesa Alda Costa"]

 

Raramente ouvi, e ainda para mais expresso de uma forma tão conversada, nada encenada, tão profundo elogio.

["A fala de Mankew"]

 

["A fala de Makamo"]

 

["Celestino Mudaulane, a caminho de mais-velho"]

 

["A fala de Tinga, o mais-novo dos mais-velhos"]

 

O velho Estevão Mucavele, sempre personagem particular, antigo emigrado e como tal ali posterior a José Júlio, fez o rasgado elogio do actual Núcleo de Arte, como local de trabalho artístico incessante.

 

["A fala de Mucavele"]

 

Depois Chico António cantou um pouco (algo entrecortado pelo "ambiente cultural" típico do Núcleo de Arte, diga-se). E comeu-se, dobrada com xima, e bebeu-se sangria. Belo momento. Belo "estar com ...".

 

["A fala de Chico António"]

 

jpt (com o seu Nokia e suas paupérrimas imagens)

publicado às 13:51


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