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É reconhecido e saudado pela sociedade portuguesa o progresso que nas últimas décadas a polícia tem tido, na formação dos seus agentes, na sua capacidade operacional e no civismo, até pedagógico, com que acompanha a sua acção ordenadora. Um belo exemplo disso ontem, um agente da PSP a bater a continência a um prisioneiro. Bonito de ver! E com toda a certeza demonstrativo de uma atitude generalizada, até de manual.

publicado às 12:01

Top 44

por mvf, em 25.03.15

Esta semana temos o grato prazer de divulgar o segundo grande êxito musical do Movimento Cívico "José Sócrates, sempre!". O bom gosto e apurado sentido estético-musical leva-nos a pensar que este grupo terá mais chances no Eurofestival da Canção que a vetusta Simone de Oliveira. Parabéns a todos por mais esta realização artística!

 

publicado às 14:31

Do que me ficou desta semana

por jpt, em 06.02.15

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Como disse aqui à semana que agora acaba preenchi-a com um congresso de ciências sociais, em Lisboa, ali ao antigo D.R.M. Cerca de 1500 participantes, mais os visitantes que iam só para ouvir alguma comunicação, bastantes portugueses, imensos brasileiros, escassíssimos congressistas vindos de outras paragens. Nestes cinco dias muitas conversas, algumas longas, muitas breves, com conhecidos ou neo-conhecidos. Num contexto destes fala-se de muitas coisas, claro, mas a política não falta, ainda para mais em época de "crise" e de syrizismo. Trata-se de um universo francamente à "esquerda", vem um pouco da tradição crítica das ciências sociais, vem também da própria história destes eventos (tratava-se do 12º "luso-afro-brasileiro").

 

E por isso retiro duas ideias da empiria acontecida. Apanhei um alargado punhado de colegas brasileiros bufando, autenticamente, com o PT, em particular com Lula ( e seu filho também) e com o estado venal do poder sob Dilma, ainda que diferenciando-a do seu predecessor. E isto, friso, verbalizado por gente que se anuncia como sendo (ou tendo sido) eleitor entusiástico do PT. Contrariamente, cruzei esta semana de inúmeros contactos com colegas portugueses sem que algum deles me tivesse referido o "affaire" José Sócrates.

 

Pois reina na sociedade lisboeta, apesar das primeiras páginas e das entrevistas na RTP, um silêncio sobre o ex-primeiro ministro, a esconder o desconforto que o eixo alargado dos seus (ex?)apoiantes sente. Isto mostrará, julgo e disso estou esperançado, que Sócrates é um cadáver político, impossível que se torna escamotear a gravidade das trapalhadas que o homem produziu quando alcandorado ao poder, pelo "povo", pela "classe média" e pelos "intelectuais profissionais tão apoiantes de Mariano Gago" - esta sequela actual do velho patrimonialismo de morgadio, isso do "dê-nos as bolsas de investigação que a gente dá os votos e o apoio público". Mas mostra também o vigor desta elisão higiénica que o PS intentou desde o seu congresso: não falar do assunto, deixar assentar a areia, enterrar o corpo malfadado. E regressar ao poder, sem reflectir no acontecido. Para fazer da mesma forma, claro que o mesmo. O primeiro passo, o de fazer as hostes (e os "amigos") assobiar para o lado está a correr bem, com competência.

 

A segunda coisa interessante ocorrida durante a semana foram as declarações de Soares, isso de "o juiz que se cuide!", dedicado ao juiz que enfrenta as referidas trapalhadas de Sócrates. Também sobre esta ameaça do antigo presidente nada ouvi, nenhum escândalo, nenhum remoque. Nem mesmo alguma "caridosa" redução do dislate a uma deriva anciã. Também aqui a lei da rolha partidária (ou amiguista) está a funcionar, e de modo bem competente. Nem mesmo aqueles que há mês e pouco tanto se indignaram com o poder timorense destratando os juizes portugueses aproveitaram o "intervalo para café" para se indignarem.

 

É certo que me baseio numa amostra muito pequena, ouvida sem qualquer sistema. Ficando-me num mero "achismo". Mas parece-me assim que a passadeira rosa está aí bem esticada, para que os futuros (antigos) possidentes nela ascendam. E isso assusta.

publicado às 21:07

A clique

por jpt, em 18.01.15

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Há dias contavam-me, entre risos, que aquando do falecimento do irmão de José Sócrates o seu funeral tinha sido pago através de uma conta do ... motorista de referido ex-primeiro-ministro. Preocupei-me com a moral dos meus amigos (e familiares) mui socráticos. Como aguentariam eles, gente de bem, esta tralha toda? Continuariam eles pressurosos a defender o PEC4? Irados, sobretudo, contra as violações do segredo de justiça? Contra a campanha em curso contra o homem que tanto defenderam? Ou estariam algo acabrunhados, entristecidos, mesmo sem o demonstrarem fora-de-portas e endo-murais?

 

Agora vem uma ainda pior, referente àquela gente que os meus queridos sempre elogiaram ao longo destes anos. Não, não é política, não é directamente do "engenheiro". Dirão, os mais resistentes, que é coisa privada, nada política. Mas esta nova baixaria bem demonstra a fibra daquela gente: pois surge que aquele professor de Sócrates, que lhe leccionou as últimas quatro disciplinas feitas assim a correr (e consta que ao domingo), aquela bronca toda da "licenciatura" do homem, a bem mostrar quem ele é, está a processar o ex-braço direito Armando Vara, por motivos de lhe ter engravidado a mulher, só agora seis anos depois sabendo disso. Uma baixaria reles, a mostrar o ambiente da clique que dominou (e vai dominar) o país, uma cloaca de gente.

 

Que sentirão os meus entes queridos? Terão estômago para continuar a defender o actual "44", para suportarem tais gentes? Para enfileirarem, sem mais, nas sequelas disto tudo, o ex-número 2 Costa (Costa & Salgado e Cº lda)? Deve ser difícil, malfadado Inverno estão a ter.

publicado às 22:51

Sócrates, a prisão e o Benfica

por mvf, em 17.01.15

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 A comunicação social dá conta que José Sócrates mantém uma luta feroz com o regulamentado na cadeia de Évora, estabelecimento onde é mais conhecido por 44, coisa que não lhe será estranha pois apelido de familia é coisa que nunca utilizou numa simpática proximidade, num tu-cá-tu-lá, numa, ainda que limitada, intimidade com o cidadão que decerto ao venerável leitor destas diatribes não escapou.

O caso agora relatado é algo complexo, de alcance jurídico-político-social duvidoso para incautos como este Vosso criado. Ao que se vai sabendo o 44 entrou para a choça com umas botas de cano, ao que parece curto - um tipo de calçado a que outros que não os eruditos jornalistas chamariam prosaicamente botins - mas os responsáveis da cadeia não querem saber disso para nada e proíbem o elegante e sofisticado recluso de as calçar, estabelecendo uma diferença entre as boutiques da Rodeo Drive ( Los Angeles) e o cárcere eborense que entendem, algo exageradamente, não ser uma colónia de férias. Por outro lado e muito bem, os advogados do 44, presumo que a pedido do próprio, pretendem que o seu constituinte enfie os delicados pés onde muito bem lhe apetecer e sem restrições. Não é conhecida a argumentação para a modificação da medida inibidora de uma das mais amplas liberdades individuais, ou seja, calçar-se a gosto, a contento do 44, mas a capacidade extrema até agora patenteada pelos causídicos por ele contratados leva-nos a ter a maior confiança na forma como irão descalçar esta bota, ou melhor, este par de botas, sabendo-se já que apresentarão a breve trecho um recurso junto da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais que espera ter efeitos suspensivos sobre a utilização dos chanatos.

Não é nosso hábito brincar com assuntos delicados e sérios e estamos convictos que este é um combate digno de um homem que esteve tantos anos à frente do país com tão bons resultados como se tem provado  - esqueçamos por ora alguns deslizes menores como o aeroporto de Beja, já que no tocante ao processo do futuro aeroporto/ trapalhada da Ota é preferível passar um pano com Sonasol não vá alguém lembrar-se de pedir ao Costa de Lisboa neste ano em que pretende chegar aos comandos do governo da gasta Pátria, que explique a cerrada defesa da extravagante e cara solução numa posição que com a Câmara no regaço rapidamente abandonou..., as auto-estradas e estradas transformadas em scuts do interior do país que os automobilistas, teimosos como muitos e ingratos como poucos, insistem em não utilizar com a frequência esperada, alegando ser demasiado barato o pagamento por cada meia-dúzia dequilómetros desconfiando assim da qualidade da generosa oferta e preferindo utilizar as velhas estradas municipais que, apesar da falta de conservação, dão para os gastos, ou os mais de 150 milhões oferecidos a consultores sobre a viabilidade  do TGV  que ao não entrar nos carris evitou que mais 11 mil milhões de Euros fossem ao ar segundo o  insuspeitoTribunal de Contas... A talhe de foice, lembremos o que se gastou nos 10 - estádios - 10 (!) de futebol para o EURO 2004 do nosso contentamento e suas acessibilidades, responsabilidade directa do governo de António Guterres e do seu dilecto ministro que tutelava o desporto, o eminente Engenheiro José Sócrates. Essas contas, caladas, que puseram a corda ao pescoço de tantas autarquias deviam agora ser lembradas bem como o homem que segundo o 44 liderou todo o processo de candidatura à realização do evento, o Sr. Carlos Cruz, também ele preso. Na sua visão, como a de quase todos os presos e condenados de Portugal, uma injustiça, uma perseguição pessoal rotulada, também ela, como infame. Devia mesmo, e dando crédito a destacados membros da sociedade lusa (não confundir com a SLN, valendo o éne como negócios ou negociatas, do BPN), pensar-se em eliminar a Justiça ou, pelo menos, limitar-lhe a  daninha actuação quando agarra quem não devia, destabilizando interesses privados que são muitos deles públicos. Não chegando a esses extremos, a nossa proposta também aponta no sentido de deixar em paz e sossego os mais "poderosos" entrando com humildade por um postigo semiótico. Altere-se ligeiramente o que se entende geralmente como símbolo da Justiça, melhorando-lhe a imagem. Deste modo, voltar-se-ia atrás, aos tempos da Grécia pré-FMI/Tróica e a estatueta de Thémis (ou de Diké) destaparia os olhos para melhor ver as iniquidades que se vão praticando ou, numa versão mais rebuscada, trocar a conhecida venda (significante: tratar todos por igual, sem distinção, com imparcialidade) por um avental, uma espécie de manto diáfano à la Eça que se arranja em qualquer loja e que tapasse as vergonhas (entenda-se vergonhas como partes pudibundas).

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 A deriva já vai longa e não tem o estimado frequentador deste estaminé mais tempo a perder, roído que está de curiosidade e minado na sua infinita paciência. Aqui vai o que falta:

Aqui há uns dias o Sócrates recebeu uma visita de um seu correlegionário, desta feita não do Partido Socialista mas do Sport Lisboa & Benfica. Falamos do tão famoso como extraordinário "Barbas" que se tirou de trabalhos e foi visitar o 44. Para lhe alegrar a forçada estada levou como oferta um cachecol e um édredão da colectividade desportiva de que ambos são ferverosos adeptos. Acontece que o regulamento de uma cadeia pode ser diverso das congéneres mas, como se vê nas séries televisas policiais americanas, um cachecol pode tornar-se em perigoso adereço, servindo, por exemplo, para um gajo em desespero se enforcar, ser enforcado ou enforcar alguém. Assim sendo, talvez o 44 devesse agradecer o cuidado que com ele e com os seus companheiros de infortúnio vão tendo lá na choça eborense, magnífico exemplar do género que aqui há anos enquanto primeiro-ministro requalificou para melhor receber criminosos de outra estirpe, gente de outro gabarito, que não a do vulgar assaltante de beira de estrada, do pequeno traficante ou do típico carteirista da baixa lisboeta. Por vezes discutimos regulamentos sem conhecer os seus fundamentos. Como mero temos que a vetusta penitenciária de Lisboa (E.P.L.) não permite a entrega de uvas aos presos. Incrédulos perguntamo-nos a razão do que parece ridiculo mas afinal não mais é a pretensçao de evitar que o detento mais industrioso transforme o apreciado fruto em vinho, podendo com isso levar a estados de embriaguez mais adequados em discotecas e bares do que em casas de reclusão. Como este há outros exemplos regulamentados que sugerem haver alguma atenção à tensão que naturalmente existe numa cadeia, precavendo males maiores.

Com tudo isto não se pretende retirar qualquer mérito ao Papillon do Largo do Rato na sua luta incessante contra o estado da Justiça e no qual não terá reparado nos 6 anos de chefia do Governo. Perseguido agora como benfiquista que é, depois de o ter caçado como político como muitas vozes declaram e não como criminoso comum que a mesma Justiça entende ser. Qualquer dia ainda o perseguem como Testemunha de Jeová ou coisa assim...

Caramba! Perseguição política e também desportiva não está ao alcance de todos e inquieta o mais pacato contribuinte. Solidário que tento ser, entendo que todo o preso deve ter o direito a usar com orgulho e pundonor o cachecol do Benfica.

Força nas canetas Zé, nem que seja na esferográfica vermelha com que mandaste à merda todo um jornal numa das tuas missivas. A luta continua!

 

Post-scriptum:

a foto que ilustra o postal mostra interesses comuns entre Vale e Azevedo e José Sócrates aquando do Euro 2004 e não me altera minimamente  a infundada certeza que se trata de inocentes. 

publicado às 19:30

A encomenda de Arnaut

por jpt, em 27.12.14

 

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António Arnaut, antigo ministro da Saúde e nessa condição instaurador do Serviço Nacional de Saúde, que todos prezamos (ou deveríamos prezar), algo sempre lembrado quando nele se fala, e também antigo grão-mestre maçónico (algo que não me impulsiona tanto respeito, mas enfim ...), enviou por correio um livro ao detido José Sócrates, o qual lhe foi devolvido pelos serviços prisionais. O ancião indignou-se, vociferou que nem no tempo do fascismo e da PIDE isso acontecia, lembrando até que "nos tempos" enviava livros para um colega moçambicano então preso. Apesar de estarmos em quadra natalícia, com a gente mais dada às questões das respectivas famílias, uma série de cidadãos, mais ou menos dados ao adeptismo socrático-socialista, encontrou disponibilidade para ecoar essa indignação, gritando uma perseguição pessoal ao ex-líder socialista, e figura grada da actual direcção desse partido, como o comprova o tão recente e veemente seu elogio por Ferro Rodrigues, também ele ex-líder socialista e actual chefe do grupo parlamentar do PS. Nesse eixo argumentativo obviamente querendo reduzir as questões que a justiça lhe coloca a uma perseguição política e pessoal.

A argumentação de Arnaut é (apesar do SNS, que a gente louva) totalmente desonesta, e não é a sua idade que deve obstar a que se lhe diga isso na cara. Pois intenta a mensagem implícita, a de que Sócrates é um preso político, quando o homem está acusado de crimes de delito comum. O coro dos indignados é, nos melhores dos casos, ridículo ou seja, irreflectidamente desonesto, e não é a aparência democrática, esse tom de protecção das liberdades individuais, que deve obstar a que se lhes diga isso. Pois, como agora, alguns dias depois, vem a público, os serviços prisionais apenas cumpriram a lei. Ainda para mais elaborada quando Sócrates era primeiro-ministro.

As tentativas de protecção e defesa do antigo líder socialista vão descambando nisto, na mais rasteira das manipulações do elementar bom senso. Não acredito que Sócrates venha a ser condenado por corrupção, algo sempre difícil de provar - convém lembrar que a inusitada condenação de Isaltino de Morais, sendo uma vitória da democracia, não assentou na prova de corrupção mas de outros crimes. Mas toda a trapalhada, vergonhosa, que vem vindo a público sobre os bens de Sócrates não vai deixando dúvidas nos mais cépticos - deixará apenas terreno para os eternos "clientes", mas isso é outra dimensão da vida pública. Também por isso o crescente silêncio de tantos facebuquistas e bloguistas, durante anos tão céleres em defender o evidente biltre que nos governou (e o constante adiamento da visita a Évora do seu antigo número 2, agora secretário-geral do PS, o doutor António Costa, ainda que as férias de Natal estejam já adiantadas e que ele tivesse anunciado que seria neste período que iria abraçar o correligionário, agora em tamanhos apuros). E apenas os mais desajeitados (e os mais "obrigados") continuarão ao serviço, que "novos" "senhores" estão no horizonte. Velhos senhores, note-se bem, mas intentando rejuvenescer-se às custas de muita àgua sacudida dos respectivos capotes (alentejanos, ali em Évora).

publicado às 17:06

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Há poucas semanas ocorreu o incidente com as autoridades timorenses, que expulsaram um alargado número de expatriados ali cooperantes, entre os quais alguns magistrados portugueses e, julgo, pelo menos um funcionário policial. A reacção da sociedade portuguesa foi intempestiva, membros do governo, políticos, jornalistas, etc. surgiram a denunciar e/ou a lamentar a corrupção do poder timorense, a inexistência das necessárias virtudes institucionais.

 

Escrevi aqui o meu espanto pela postura do Estado português e dos seus funcionários - como foi possível deixar magistrados portugueses ali deslocados investirem contra o poder legítimo timorense? Quem lhes desenhou os termos de referência? E, ainda para mais, quem permitiu que os funcionários públicos em causa (magistrados e não só) surgissem nos jornais, nas tvs, acusando o Presidente da República timorense e outras altas autoridades locais de corrupção e má índole, referindo-se explicitamente a casos jurídicos que se preparavam e a documentação que teria sido enviada (com que legitimidade) para Lisboa? Julgo, e escrevi-o, tudo isto um desnorte da política de cooperação portuguesa. Potenciado por um fundo intelectual de raiz colonial, um impensamento  transversal, que tem como corolário a confusão de cooperação (Ajuda Pública ao Desenvolvimento) com tutela.

 

O meu espanto foi tão grande que procurei textos sobre o assunto, em jornais e vários blogs, para além de referências dos cidadãos nas redes sociais. Nada encontrei neste eixo de reflexão. Com várias matizes foi geral a invectiva contra o poder timorense, e a explicitação da crença na sua corrupção.

 

Nem os comentadores radio-televisivos, nem jornalistas, nem cronistas, nem bloguistas, nem nós-facebuqueiros/tuiteristas, nem políticos no poder/oposição referiram o absurdo do processo. E também nenhum surgiu a invocar a necessidade do segredo de justiça, a invectivar o eco jornalístico (o "circo mediático") havido, a verborreia dos magistrados em causa, a exigir salvaguarda do bom nome dos políticos até prova definitiva em contrário - tudo isso que seria de sublinhar pelo facto de envolver magistrados portugueses em funções num país estrangeiro, como tal com repercussões na política externa portuguesa. Nada, foi apenas, um global "ai, Timor".

 

Tantos desses surgem agora, tão pouco tempo depois, quais vestais, erectos sobre (esses) invioláveis princípios. Para os profissionais da palavra pública (políticos, jornalistas) isto é um total absurdo, para não dizer outra coisa. Para nós, cidadãos verborreicos, é mesmo distracção. Ou então é mesmo só clubismo.

publicado às 01:58

Presunção da inocência

por jpt, em 24.11.14

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(cartaz do fascismo salazarista, julgo que de 1933)

 

 

Como sabem todos os que pelo ma-schamba passam não sou nem jurista nem filósofo (ou seja, formado em filosofia - muito menos sabedor de filosofia do direito). Mas ainda assim, nesta rasteira condição, arrogo-me ao estrado de muito lamentar a radical ignorância, boçalismo intelectual, que vejo repetido até ao enjoo (ad nauseam) a propósito da prisão (agora preventiva, antes mera detenção) do antigo secretário-geral do Partido Socialista português e, nessa condição, primeiro-ministro da república. Na tv, imprensa e no bloguismo, tanto no comentatório contratado como neste nosso mero vociferar cidadão.

 

Pois inúmeros vates chocalham, pelos prados pastoreados ou  pelos baldios silvestres, o princípio da presunção de inocência dos acusados, qual sacrossanto pilar impeditivo da opinião. Brutalismo boçalismo, repito-o assim. A presunção da inocência é um direito fundamental, que muito bem protege os cidadãos. Até ao culminar de hipotéticos processos em que sejam réus não podem eles (não podemos nós) ser considerados, tratados ou vilipendiados, pelas instituições jurídicas, penais e outras, como culpados. Este é um daquelas princípios fundamentais, basilares, da democracia. Daqueles, poucos e escassos, pelos quais valerá (valeria, espero) combater com a vida em risco.

 

Mas acontece que um cidadão não é uma instituição. Tal como não seria eu, nem qualquer visitante aqui, dotado de poderes e obrigações de investigar, julgar e até absolver ou condenar alguém, também não sou eu, nem qualquer visitante aqui, obrigado a presumir a inocência de alguém. São "coisas", percepções, interpretações [racionalizações se se quiser elevá-as assim], totalmente diferentes. Ou seja, exijo que as instituições, em primeiro lugar as jurídicas, do meu estado considerem qualquer cidadão como inocente até prova definitiva em contrário. (E, até, que creiam, e nesse sentido actuem, na hipótese de regeneração do culpado). Mas não sou minimamente obrigado a seguir esse princípio, enquanto dado de avaliação de um compatriota.

 

Dito isto, eu, jpt, cidadão democrata de 50 anos, re-ju-bi-lo  hoje, com a prisão do acusado, e presumível inocente, José Sócrates, antigo secretário-geral do Partido Socialista. Convicto que estou, sem provas, das suas inúmeras maldades. Contra o meu país. Assim traidoras.

 

(E, já agora, lamento a confusão intelectual de tantos teclistas e até oradores que por aí peroram sobre o "direito  à presunção à inocência". Uma espécie de "plural majestático" que usam, julgam-se estes pobres indivíduos verdadeiras instituições. Um pouco de modéstia não lhes ficaria mal. Ou, pelo menos, de reflexão.)

publicado às 22:53

Do Eusébio e seus fãs...

por mvf, em 07.01.14

Campeonato Mundial de Futebol de 1966, Londres, Inglaterra. Portugal perde 3 a 0 com a Coreia do Norte. Eusébio diz que já chega de brincadeiras e, à sua conta, marca 4 batatas ao norte-coreano que terá ficado com os olhos em bico. Resultado final: Coreia do Norte-3 / Portugal - 5.

 

Na pacata Covilhã, o pequenito José, provavelmente desiludido com o resultado que se verificava ao intervalo, sai de casa e vai para a escola. Pelo caminho, percebe pela vozearia que Eusébio leva Portugal às costas e que o resultado se vai modificando até à vitória final. Tornou-se benfiquista por causa do Eusébio e desta jornada. O jogo verificou-se a 23 de Julho e tenho ideia que seria período de férias escolares. E foi Sábado... Com boa vontade, admito que o calendário desse ano esteja errado.

 

Haverá sempre quem cavalgue os caixões sem problemas.

 

Vosso

mvf

 

 

publicado às 11:29

O Zé e os petizes

por jpt, em 11.12.11

A notícia já é do meio da semana mas não resisto a armazená-la aqui (encontrei-a no ABC do PPM). Em Paris, "de França", no meio dos colegas da escola onde agora estuda o Zé Sócrates avisa que "Pagar a dívida é uma ideia de criança". Depois, e talvez porque o obrigaram a ir ao exame de recorrência, regressa ao tema.

O homem é conhecido, a gente sofreu-o. Mas talvez o importante seja lembrar (guardar para arquivo) aqueles que com ele estiveram. Porque vão tentar voltar. Pois nós, os compatriotas, nada mais somos que petizes.

jpt

publicado às 01:47

José Sócrates anda por aí

por jpt, em 03.09.11
 

"I'll come back as soon as I can with as much as I can. In the meantime, you've got to hold.", general MacArthur para o general Wainwright (na retirada das Filipinas, Março 1942).

O jornal noticia, o incansável José Sócrates interrompendo os seus estudos para visitar Merkel e Zapatero, e os que se seguirão. E a gente que (o) aguente ...

jpt

publicado às 01:28

60 dias de facebooking

por jpt, em 18.06.11

Nunca gostei do sempre-repetido mandamento bloguístico "escreve sobre o que sabes. Link to the rest". Sempre me irritou o prescritivo sobre esta irresponsável actividade, na qual para mim cada-um-como-cada-qual. Os limites do saber próprio (quando este existe) estão no trabalho,  e isto do in-blog é para botar sobre o que vem à respectiva cabeça.

 

Para além disso o weblog é um diário, de impressões, e estas são (ou podem ser) múltiplas, esparsas - um tipo que só se interessa sobre o que sabe, caramba, é um chato. Claro que há os blogs especializados (dedicados), alguns fantásticos. Mas isso é uma saudável opção, não uma obrigação.

 

Mas o mandamento de "link to the rest" está estafado no bloguismo acima de tudo por razões tecnológicas. Com a vertigem imediatista do facebook, aquilo do clic-clic e ligação feita perdeu-se muito da dimensão inter-ligadora (e textual, reflexiva) do bloguismo. Aliás, os sistemas (blogspot, wordpress) terão que integrar essa função supra-ligadora. Ou desaparecem.

 

Como blogar neste contexto? Não sei bem, nem sei se isto tem muito futuro (há anos que se diz que o bloguismo è finito), ainda por cima com a "lentidão" ligadora que tem. Mas, pelo menos, é um sítio e um meio onde se pode escrever ... sobre o que não se sabe. Suprema liberdade potenciada pelo facebook, para onde podemos ir "linkar" coisas, fast-fast, clic-clic, com tanta vantagem ...

 

Uso o FB fundamentalmente como difusor de ma-schamba (a página blog ma-schamba, o grupo ma-schamba [modalidade que perdeu visibilidade nos murais devido às alterações do sistema FB] e o ma-schamba na aplicação NetworkedBlogs). Ainda assim acumulam-se as ligações, seja por réplicas imediatas de outros murais seja provenientes de outros suportes (blogs também). Como exemplo do supra-linkismo facebookista  actual, até vertiginoso, (mas também para meu arquivo, e esperando que alguém se divirta abaixol) deixo os meus dois últimos meses de facebooking, as aventuras nessa likeland reino do clic-clic.

 

A ordem da colocação aqui é inversa da cronológica ...

 

 

64. O (necessário, urgente) elogio da Culinária Moçambicana

 

 

63. Documentário de Werner Herzog sobre pinturas rupestres

 

 

62. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

61. Assange, o wikilikeakista: o facebook é máquina de espionagem! Estes romanos são loucos!

 

60. Constante reprise

 

59. Pérolas do youtube ...

 

58. Um número especial da Science et Vie dedicado ao acidente nuclear de Fukushima (via Klepsýdra)

 

57. Pérolas do youtube ...

56. O Byrne de oiro.

 55. The Clash "Should I Stay or Should I Go?": sem embebimento disponível ... É clicar e ouvir/ver ... 

 

54. Gorongosa. Fauna, Flora e Paisagens, um belíssimo trabalho fotográfico disponibilizado no facebook.

 

53. 30 Postais sobre Moçambique (elo retirado). Vale a pena lavar a vista.

 

52. José Sócrates: "seis anos de batota". Que herança ... A arquivar, para não o esquecer.

 

51. O "vai vir charters" do Paulo Futre. Uma bela peça de marketing mas, muito mais do que tudo, uma lição de rir-se de si próprio. Viva Futre! (o meu candidato ...)

 

50. O excelente Nkwichi Lodge no Lago Niassa, um verdadeiro eco-lodge e com gente porreira à frente, foi escolhido como um dos 101 melhores hotéis mundiais [Já lá estivemos e sobre isso botei, deslumbrado].

 

49. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

48. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

47. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

46. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

45. Directório de blogs expatriados. Aqui a secção Moçambique.

 

44. Um ascensão fulgurante, dançarinos moçambicanos integram o último trabalho de Beyoncé.

 

43. João Pereira Coutinho, no fim de José Sócrates, o pior dos políticos portugueses, com o tique máximo da anti-democracia: "um político que prefere negar a realidade e confunde uma crítica ao governo com uma crítica ao país". Que nunca mais volte, é um desígnio nacional, apesar das suas ameaças "em andar por aí".

 

 

42. O excelente sítio Buala a trabalhar sobre Ruy Duarte de Carvalho.

 

41. O Da Casa Amarela a comemorar o aniversário de Dylan

 

40. A AL é uma emérita coleccionadora de cartoons e tem um mural FB fantástico nisso.

 

39. No 70º aniversário de Dylan, ele sobre Elis Regina

 

38. Forever Mickey

 

37. Água Vumba premiada, a minha bebida moçambicana preferida. (Sim, apesar de militante da dupla 2M - Manica)

 

36. A propósito da crise, versão pop-pirosa ...

 

35. 3XMiles

 

34. The Guardian a olhar para a imprensa moçambicana e seu impacto social. O elogio do jornal "Verdade", o popular primeiro gratuito, que tanto modificou a paisagem mediática aqui. E que é líder na imprensa informática, com o vigor que coloca - celebrizando-se na cobertura dos acontecimentos de 1 e 2 de Setembro de 2010.

 

33. Dexter, via MVF - que tem um refinado mural FB. E talvez por isso tão pouco aqui culime ...

 

32. Mitos industriais perversos, via A Arte da Fuga, um bom pontapé no guevarismo e, mais globalmente, no acriticismo.

 

31. Um céu limpo global, fruto de um projecto fotográfico de grande monta.

 

30. Uma nova supernova. A página da National Geographic dá-nos maravilhas diárias ...

 

 

29. Naipaul por Naipaul - agora aflorando a "escrita feminina". Um elefante em loja de femininismos ...;

 

28. Aquando das eleições portuguesas uma reflexão sobre as aldrabices das sondagens políticas portuguesas. Já nas últimas eleições isso se discutiu no bloguismo - o peso simbólico (académico, como se científico, e mediático-televisivo) dos sondageiros, alimentado pela idolatria da numerologia continua a permitir a subsistência e sobrevivência gente. Urge o ostracismo moral. Para todos ..

 

27. No país da Dirty Dilma: também ler um Que fazer?;

 

26. Sobre os telemóveis. Cancerígenos ou não?, via De Rerum Natura. Questão de "estação estúpida"? Ou bem pior do que isso? E que efeitos nos fanáticos twitteristas?

 

25. Chegou o icloud da Apple, e deve mudar bastante as coisas - como por exemplo nunca mais perder os ficheiros por corrupção dos "discos-afinal-moles".

 

24. Notícia da publicação do Caderno de campo na Guiné-Bissau (1947) de Orlando Ribeiro. Para a agenda de compras quando em Portugal ...

 

23. Lou Reed Forever

 

22. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

21. Bela galeria fotográfica de arte moderna

 

20. Kare Lisboa, na Lx Factory: gente família a lutar bem com a crise. E nós de longe a torcermos pelo sucesso, bem-merecido.

 

19. Lembrei-me da gentil guitarra do Beatle. (um Beatle nunca é ex).

 

18. Bjork, Venus as a Boy: lembrei-me do vulcão islandesa, mas sem direito a partilha (a função "embeber" foi retirada do youtube para este filme). É clicar para ouvir/ver ..

 

17. Tomai lá com o Bach, em Lisboa disse uma velha-amiga

 

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Flying in a motorized paraglider over one of the most diverse continents in the world, George Steinmetz captures in his photographs the stunning beauty, potential and hope of Africa's landscapes and people. See the project at http://mediastorm.com/publication/african-air

16. África em vista aérea, uma galeria sumptuosa a mostrar o  trabalho de George Steinmetz, "fotógrafo americano que percorreu e fotografou as paisagens africanas ao longo de 30 anos. Sobretudo do ar, a bordo de um parapente motorizado":

 

 

15. Uma dupla de Siouxie, a última das moicanas ...

 

14. Lago Niassa declarado reserva natural pelo governo de Moçambique, uma boa notícia enquanto há rumores de que empresas se preparam para acelerar a exploração dos "recursos" minerais existentes.

 

13. Ads of the World: conhecer o inimigo. Para melhor o combater.

 

12. Canal de Moçambique, o mais belo título dos jornais moçambicanos, a abrir a sua página no facebook;

 

11. Imperdível, textos sobre Arte Contemporânea africana;

10. Eu lembrei o Tony de Matos e logo uma amiga-FB completou ...

 

9. O Grande Tony de Matos - que eu sempre recordo a actuar no Coliseu dos Recreios em meados dos anos 1980s, então sala-nobre de Lisboa e como tal vedada aos cantores populares. Foi "special guest star" de Vitorino e levantou o público à ... entrada. Um sucesso, uma reparação. 25 anos depois honra ao Vitorino que provocou o momento ...

 

 8. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"...

 

7. Da enorme série "recomendações dos amigos-FB"..

 

6. Uma série apaixonante, a ir ver: Closer To The Truth

 

5. Uma sumptuosa série sobre filósofos, disponível no youtube, ao qual chego via Crítica. Blog de Filosofia;

 

4. Vasco Palmeirim - um delicioso humorista dos novos tempos em Portugal que venho conhecendo via youtube ...

 

3. O silêncio dos livros, um belo blog mostrando leituras.

2. Retirado o título [o grau de doutorada] a deputada europeia [alemã] Silvana Koch-Mehrin que plagiou - informa o Diário de Notícias exactamente no dia em que deixei o resmungo sobre o posfácio dos plágios (e lembrando outro meu lamento mais dorido);

1. Stellarium, um fantástico programa informático que nos põe o planetário em casa (como qualquer miúdo da minha geração teria sonhado).

 

jpt

publicado às 13:10

A situação é grave. Como é sabido a responsabilidade do aquaplaning é da oposição.jpt

publicado às 17:10

Margarina Planta

por jpt, em 09.04.11

 

25 anos depois da integração na Europa. Nos últimos 16 anos o PS governou sozinho durante 14. O país está numa crise terrível - e não tem, como tinha em 1983 quando o FMI interveio, a expectativa do desenvolvimento através da UE. O partido do poder tem agora um congresso. Normal seria a discussão sobre os caminhos viáveis, a consciência das dificuldades e o calibrar (ou remodelar) do que fazer. Discutir o que foi feito, por quem foi feito? Talvez não, por táctica eleitoral, mas com toda a certeza que discutir o "que fazer". Mas o que se vê é o cerrar fileiras, o culto da unicidade. Insustentável. Inaceitável.Há gente que apoia. Que escreve apoiando. Que lixo.

 

jpt

publicado às 06:25

Não fica nada melhor

por jpt, em 09.04.11
Sim, qualquer pessoa, política ou não, que vá à televisão procura a melhor posição. Mas neste momento, corolário que é, este registo de encenação breves momentos antes da sisudez dramatizada com que discursa ao povo é sintomático da falsidade deste homem. O quisto do país ...jpt

publicado às 05:48


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