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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Na Associação Moçambicana de Fotografia a 3ª colectiva deste grupo de artistas, constituído por antigos alunos da Escola de Artes Visuais, associação de geração, jovens ainda, no chegarem-se à trintena de anos.
Uma mostra-venda a integrar Pinto, o qual nos últimos anos se tem afirmado no desenho, e nesta expressão coleccionado sucessivos prémios nacionais, que apresentou obras da série (fase?) anteriormente exposta na sua individual no Instituto Camões. E com a qual também se apresentou ao concurso da Bienal TDM. Nada de novo, portanto. Chalucuane e King Nuvunga obtiveram muito sucesso nesta mostra de inverno, um público sensível à competência na área que gosto, como leigo, de referir como "africana". Ainda que em ambos os casos algo depurada, não excedentários naquelas constantes que animam o padrão corrente.
De Sérgio Mutlabye retirei o maior prazer. Do pequeno decorativo
["O Pequeno Acrobata"]a um "Beijo" que já quer bem mais.
Em algumas das obras de Mutlabye, como em alguns outros ceramistas, é um pouco do mundo terrível e grotesco, até obscuro, dos velhos mestres pintores que baixa à terra. No seu caso com uma doçura que me desarma, até pelo inesperado consenso que consegue.
Aliás, e hei-de insistir nesta ideia, hoje em dia é na cerâmica que se encontra maior atrevimento, risco, nas artes plásticas moçambicanas. E de onde retiro maior gozo. Enquanto espero que tais caminhos transpirem para outras expressões, em geral bastante padronizadas, acorrentadas por uma mistura de conservadorismo e mercantilismo. Não critico. Apenas, no meu pequeno gosto de leigo, constato.
Por último uma obra de Luis Muiéngua, talvez o fenómeno mais interessante desta mostra.
Muiéngua apresentou esta proto-instalação. Decerto concebida como una mas apresentada, por ulteriores considerações, como uma série de oito obras individuais.
Culminámos em pequena conversa sobre isto. Aqui a lembro pois parece chegado o momento de convencer os mecenas locais a patrocinarem instalações únicas, perecíveis ou não (esta é, ou pode ser, perene). Em particular os mecenas empresariais, com disponibilidade para intervir e já com enormes acervos de obras em suporte tradicional [os quais, diz-se, levantam já problemas de inventariação e restauro, mas isso é outra conversa. Ainda que urgente]. Mas, porventura, ainda com alguma insensibilidade para estas outras expressões, aqui ainda em circuito inicial.