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[Lawrence Durrell, Salve-se Quem Puder, Ulisseia, 1985. Tradução de Daniel Gonçalves]

Aos grandes autores apontam-se-lhes, por vezes, "livros menores". Este Durrell li-o há vinte anos e não gostei ("menor", claro). Agora peguei-lhe para uma viagem (tamanho adequado) e para confirmar da velha impressão - ou até piorá-la. Nove pequenos episódios narrando a vida da missão diplomática britânica na imaginária Vulgária, estado comunista dos Balcãs. À procura do registo cómico mas entre Durrell e a diplomacia só restava o sarcasmo. Este, como sempre, "menor" (lá está). Ainda assim fica-me uma citação, ilustração que me faz recordar gente (não-diplomata) que cruzei no século passado - para as quais, diga-se, só restaria mesmo o sarcasmo:

"Se se fizer a uma história do Foreign Office, é ao estrangeiro que será preciso ir buscar os seus brasões. A alguns nunca foi feita a justiça que lhes era devida - como esses infelizes Reggie e Mercy Mucus, o par do British Council. Morreram no cumprimento do seu dever, comidos pelos lobos. A despeito de um nevão que caía, insistiram em atravessar um lago gelado carregados com uma edição popular das obras de Shakespeare; dirigiam-se a qualquer remota aldeia insalubre onde a sua clientela de pastores de porcos os esperava impacientemente, ansiosa por ingerir toda essa cultura estrangeira. Em vão! Em vão!" (114)

jpt

publicado às 07:41


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