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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
"... a epidemia Dois-Tons [Ska] é uma ilha de sanidade no mar de pragas que é a música Rock no princípio da década. Que ela sirva de estímulo à criação dum Rock português Dois-Tons - em vez de macaquear os trejeitos musicais europeus de há quatrocentos mil anos, porque não explorar o filão riquissimo que é o folclore africano (e, muito em especial, a maravilhosa música popular de Cabo Verde), em estrita colaboração com músicos africanos, para criar um Dois-Tons de expressão luso-africana? Não faltam músicos nem material. Um Dois-Tons luso-africano, capaz de sintetizar os ritmos que reflectissem a situação da juventude portuguesa de hoje, seria uma prova de originalidade e um acto cultural corajoso....
É que se cá se tocasse fazia-se cá Ska."
[Miguel Esteves Cardoso, "Ska tocasse fazia ska ska", Escrítica Pop, Assírio & Alvim, 2003, 53]
"Tudo isto levou, em Portugal, a um ponto de absurdo empolamento da música Pop. Há música Pop a mais nas telefonias, música Pop a mais na televisão, música Pop a mais nos jornais, música Pop a mais nos recintos de recreação, música Pop a mais no pequeno espaço cultural português. E estão a fazer à música Pop o pior que alguma vez lhe podiam fazer: estão a levá-la a sério, a ler-lhe, no encanto instantâneo, laivos terroristas de eternidade, e a analisá-la até à agonia. Estão a roubar-lhe o seu pequeno mas delicioso prazer: a sua futilidade cintilante, a sua natureza descartável - estão a amplificar a sua importância até rebentar o balãozinho colorido que é o Pop."
(Miguel Esteves Cardoso, "Crítica Pop: nem Crítica nem Pop", 1982, em Escrítica Pop, Assírio & Alvim, 2003)