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Monoteísmo (31 - 2ªparte)

por mvf, em 11.02.14

À atenção de Maria João Pires

Querida Senhora, era mais isto que tinha em mente ... Pedia-lhe a fineza e a caridade de mostrar aos seus amigos e a muitos dos seus colegas, o filmezinho com a interpretação do amigo Emil Gilels da modesta peça que compus para piano de barba rija.

Um seu criado,

W.A. Mozart

 

 

 

publicado às 15:28
modificado por jpt a 23/1/15 às 02:06

A necessidade das famílias burguesotas transformarem as suas filhas em meninas prendadas de subida alma artística - sacrificando para tanto, vários indefesos pianos com grande contentamento de comerciantes e afinadores do instrumento, bem como a pobre vizinhança que deste projecto não tinha qualquer responsabilidade... - deu cabo de alguns compositores. Enfim, as primeiras décadas do Séc. XX foram penosas e deram cabo, por exemplo, de Mozart, amaneirando-o, adocicando-o e, também por isso (ou basicamente por isso?) tornando o génio num compositor popular. O homem merecia lugar de destaque sem precisar dos dedos  das pouco talentosas criaturas. Sei disto pelo que me contaram tias velhotas, não exactamente neste termos, e porque ouvi alguns exemplares sobrevivos (que não tias, note-se!) em hesitantes interpretações e algumas herdeiras recentes dessa "tradição" - uma delas, um fio de esparguete míope, destítuido de pinga de noção musical que seja, inferniza-me a existência com inacabadas Marchas Turcas e inevitáveis Pour Elises, obrigada pelo progenitor que quer forçar a natureza da criança... Pior mesmo que assassinar Mozart, Beethoven e outros, só as tremendas escalas e os exercícios do velho Czerny. O que deu? Deu que gerações de pianistas, alguns internacionalmente reconhecidos e galardoados foram na coisa e, hélas, rebentaram com o austríaco. Felizmente houve gajos a sério que tocarem as obras do Wolfgang como o deviam ter sido sempre: com rigor e respeito. Um deles, um russo-soviético do caraças,  gravou algumas peças para que Mozart esteja descansado lá onde foi parar. Aqui fica Emil Gillels em duas interpretações exemplares. E depois digam que sou eu que sou bera...

 

 

publicado às 20:37
modificado por jpt a 23/1/15 às 02:06

Claudio Abbado morreu hoje aos 80 anos. Morreu um enorme maestro que não precisou nunca ter "mau-feitio" para afinar as suas orquestras. Os epitáfios ma-schambeiros por frequentes que se estão a tornar, querem-se curtos. Assim e por isso, no caso de Claudio Abado, não será a última vez que dele se falará, até porque o homem nascido em Milão conta como pontos (eventualmente) mais altos no seu percurso musical a direcção do milanês Scala, da London Symphony Orchestra, da Vienna State Opera e da Berlin Philarmonica e no youtube há muito material que pode e deve ser divulgado. Abbado, tem uma das mais sofisticadas leituras do reportório sinfónico clássico ao mesmo tempo que se debruçou, felizmente para a grande Música, sobre obras de Berio, Boulez, Schnitkke e Stockhausen, a moderna música clássica, se me desculpam o disparate. Fica a memória de um importante contributo, de uma obra excepcional através da Sinfonia Inacabada nesta vida que se acabou.

 

publicado às 22:38
modificado por jpt a 23/1/15 às 02:07

Hallelujah que é como quem diz, Aleluia!

 

publicado às 21:30
modificado por jpt a 23/1/15 às 02:08

José Vianna da Motta, pianista, compositor e professor, foi e justamente homenageado por um dos seus pupilos, pianista de eleição, Sequeira e Costa, com a criação do Festival de Piano que leva o seu nome. Alguns não darão a importância devida ao evento, de frequência que diria irregular, mas tem tido como júri, alguns nomes grandes da música dita clássica, entre os quais, Friederich Gulda, Arturo Benedetti Michelangeli, Lev Oborin e Nikita Magaloff. Na sua 1ªedição em 1957, o vencedor foi Naum Shtarkam e é ele hoje o monoteísta de serviço, enquanto que um destes dias voltaremos com maior destaque a Vianna da Motta.

 

 

publicado às 21:00
modificado por jpt a 23/1/15 às 01:26

Passam hoje 222 anos sobre a morte do genial W.A. Mozart. Como na morte não há criatividade, aqui fica in memoriam, o seu próprio requiem.

 

publicado às 21:47
modificado por jpt a 23/1/15 às 01:30

O baronete inglês Edward Elgar escreveu a sobejamente conhecida série de marchas Pompa & Circunstância (de sua graça completa, "Marchas Militares Pompa e Circunstância"), mas deixou uma série de outras composições que merecem atenção e gosto particularmente desta. Elgar é considerado o primeiro compositor a levar a sério o gramofone, fazendo entre 1914 e 1925, gravações ainda sem microfone algumas das suas obras. Um gajo moderno, portanto, o nosso Elgar

 



publicado às 22:54
modificado por jpt a 23/1/15 às 01:32

 

Quem viu "Barry Lyndon" talvez se lembre disto que Schubert compôs e que Stanley Kubrick aproveitou para a banda sonora do filme estreado em 1975 - passou em Lisboa na então moderna sala do Apolo70 e durante a projecção foi mais namorar do que tomar atenção à fita. Um olho no Barry, outro na cigana... No entanto e apesar da minha distracção, a Fotografia de "Barry Lyndon" a cargo de John Alcott - que usou sempre iluminação natural - teve grande sucesso e bem merecido. Tanto que ganhou o Oscar para "Melhor Fotografia". A Academia, com receio que o pequeno boneco de 35cm de altura se sentisse sózinho, garantiu-lhe a companhia de mais 3 estatuetas: "Melhor Banda Sonora" e daí a escolha do 2º andamento (Andante com moto) do Trio Op.100 de Franz Schubert para abrilhantar o vosso serão no ma-schamba, "Melhor Direcção Artística" e"Melhor Guarda-Roupa". Sendo quatro, sempre podiam jogar à Sueca...

Siga a música que de palheta estão vosselências fartas.

 

 

publicado às 20:30

Viola Organista
foto: Tomasz Wiech/AFP

 

O bom e velho Leonardo da Vinci, entre outras habilidades com que se foi entretendo e com elas espantando, engendrou um instrumento musical extraordinário: a viola organista!... Quinhentos anos depois de desenhado, um concertista polaco de nome fácil de ler e ainda mais simples de pronunciar, Slawomir Zubrzycki, deitou mãos à obra antes de as deitar ao teclado, e transformou o plano do Mestre dos Mestres, num mecanismo que funciona. A geringonça é uma mistura de viola de gamba (ancestral do violoncelo e assim chamada porque se colocava entre pernas para ser tocada e, como todos sabemos, perna em italiano diz-se gamba...), um cravo e um orgão mas com a aparência de um piano de cauda. Se fosse eu chamava-lhe um pianoncelo... Certo é que o paciente e capaz Slawomir mostrou a coisa, salvo seja, pela primeira vez em Outubro de 2013 em Cracóvia. Genial e o adjectivo é curto.

 

 

publicado às 21:18

publicado às 19:38
modificado por jpt a 12/7/14 às 22:36

 Uma versão da ira divina por Verdi no seu Requiem, num monoteísmo póstumo e funéreo.

 

Lou Reed (2/3/1942 - 27/10/2013)

 

publicado às 20:44
modificado por jpt a 23/1/15 às 01:40

Bestial! Mais nada a dizer disto. A não ser que dos quatro movimentos, ficam aqui os dois primeiros (1.Poco adagio -Allegro; 2: Adagio ma non troppo) 


1



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publicado às 22:01

Martha e Nelson dividem tarefas e na 20ª edição de Monoteísmos, 20 dedos num dueto provado. Schubert emprestou a pauta e dois parecem um.

 

 

publicado às 08:43
modificado por jpt a 23/1/15 às 01:41


Vincenzo Bellini podia ser uma marca italiana de pronto-a-vestir masculino, de gelados (imaginem o pregão: Gelatti Bellini!!!) ou de pizzas instantâneas, mas é, no caso, somente o nome do compositor que com de enorme inspiração compôs "Norma", uma ópera, que curiosamente e como muitas outras, baseada numa peça teatral francesa (Norma ou l'infanticide, uma criação de Alexandre Soumet). "Norma", dizem os entendidos, é particularmente exigente na sua interpretação, valorizando bastante mais a capacidade canora do que a dramatização do papel, dizendo-se até, numa frase de gosto duvidoso, que é o Evereste do belcanto italiano. Enfim... A verdade é que sendo assim ou nem parecido, Maria Callas é a recordista de aparições em palco, tendo interpretado o papel principal (a druída Norma) por 92 vezes!!!, mas é Joan Sutherland quem é considerada a Norma das Normas, talvez porque Pavarotti tenha dito depois de assistir à coisa, que a australiana era a melhor voz feminina de sempre. Certo é que "Casta Diva", uma das mais famosas árias do repertório operático, foi interpretada magistralmente tanto por Callas como por Sutherland, ficando aqui uma gravação da segunda, enquanto da primeira se pode ver e ouvir "Ah! bello a me retorna", ária talvez menos conhecida mas igualmente notável da obra-prima de Bellini. No youtube, arquivo extraordinário, a data desta gravação de Maria Callas aparece como sendo de 1958 em Paris, mas não parece datada rigorosamente porque nesse ano, Callas só terá levado Norma a passear em Roma.






Maria Callas



Joan Sutherland

publicado às 22:06

Gold para Gould

Podia ser o título deste postal num trocadilho que à primeira pode parecer óbvio e fácil mas não é a intenção, já que Glenn era Gold antes se transformar em Gould. Um toque de Midas estranho mas justificado. O seu pai teve receio que o menino d'oiro fosse confundido com qualquer judeu ao tempo em que o povo errante errava pelas ruas da amargura na algo anti-semita Toronto do agora incensado por muito civilizado Canadá, e acrescentou um "U" ao apelido. Estávamos na década de 30 do séc.XX e o Canadá não era a Alemanha de Hitler... Enfim, rábulas deste mundo que agora quer parecer outro.

Quanto ao pianista extraordinaire que foi GG, deixo aqui uma sonata brava composta por Serge Prokofiev, ainda que o canadiano tenha ficado célebre (sobretudo) pela soberba gravação das Variações Goldberg de JS Bach de 1955 para a Columbia Records. 


publicado às 20:31


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