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Ressaca pós-Natal

por mvf, em 27.12.14

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 O 26 de Dezembro é-me habitualmente um dia estranho, um dia que garante uma estabilizada inércia para não dizer profunda preguiça, talvez causada por algum excesso gastro-vinícola para não dizer descarada gula, a qual é segundo os católicos um pecado. Ora trata-se de um pecado praticado em dia santificado e tenho dúvidas se posteriormente confessado com devido arrependimento. Glória a Deus nas alturas e rancho farto aos homens de boa vontade em regime de excepção, eis do que se trata.

Programa fácil neste 26 seria atravessar a rua e alinhar na nova febre consumista daquilo a que os anglo-saxónicos chamam "black friday" (e nós, uns poliglotas, também...), mesmo que a feira dos preços baixos e da renovação dos stocks de material em fim de linha ou de roupas de outras modas calhe a outros dias de semana que não a uma sexta-feira, mas a tradução é livre e a contento do comerciante e do comprador, e por cá, como tantas vezes, gostosamente se importou o truque com publicidade cúmplice descarada das tevês que tratam do assunto como notícia relevante. Se isto era bom e sem grande dificuldade mesmo com a carteira apertada, melhor ainda seria um salutar afogamento voluntário (note-se o contra-senso) em água das pedras esperando que o organismo se reabilite. Nada. Nada que sou um fraco e em vez de uma e da outra ideia peguei numa velha companheira que nunca recalcitra mesmo se a trato como bengala ou pretexto e fui dar um giro, coisa não muito demorada  que o frio não me cai bem, uma passeata redentora sem rumo apontado. Já na rua e de máquina fotográfica  à bandoleira - a tal companheira - lembrei-me de aproveitar para (re)ver os enormes painéis de azulejos na Av. Calouste Gulbenkian, coisa desenhada por João Abel Manta no início da década de 70 ( entre 1970 e 1972, segundo consegui apurar) e ali pespegados já em 1982. Tenho a vaga lembrança de ter ido ver aquilo de propósito ainda em tempo de faculdade, portanto ainda com os azulejos intactos e o graffiti selvagem por descobrir. Terá sido pouco depois da inauguração, talvez por meados de 83. Quantas vezes ali se passa motorizado e mesmo olhando não se vê o colorido intricado da obra maior... Bom, é melhor assim para não esbarrar no carro da frente obrigando a despesas desnecessárias as pobres companhias de seguros. Aproveitei o meio da tarde e fui a pé ver aquilo que merece ser visto e toca a queimar o reforço calórico da quadra, ou melhor, desmoer. Vista a azulajaria, desci mais um pouco até ao Vale de Alcântara para admirar o troço do aqueduto chamado das Águas Livres que por ali passa em arcaria extraordinária dividida por aquele que é considerado o maior arco ogival do mundo e que me parece que os alfacinhas, emulando os nova-iorquinos na sua relação com o Empire State Building, não realçam com a merecida atenção, passando por debaixo dele a bordo dos seus bólides com total indiferença.

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Enfim, para desmoer o que restava fiz o regresso a casa pelas entranhas de Campolide, o edificado entre o decrépito e o renovado, detalhes aqui e ali com destaque para um estranho nicho (que eram, afinal dois...) com figuras várias, entre elas a de um Cristo crucificado escondido por duas imagens de Nossa Senhora, um Santo António de Lisboa com o Menino ao colo e um rei mago, tudo por cima de uma esconça oficina-auto de paredes exteriores pintadas de preto.

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Tempo agora de ver passar os aviões em fim de tarde azul-escuro  - memórias de outros tempos em que se ia à Portela esperar quem vinha ou ao bota-fora de quem ia... - ali perto da mesquita central de Lisboa, ecuménico que tento ser, para acabar a fazer uma fotografia das poucas iluminações de Natal no Bairro Azul que estoicamente aguentava um infernal trânsito de frequentadores satisfeitos com as suas aquisições no El Corte Inglès.

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Fica aqui o registo de coisas singelas, de imagens e palavras sem pretensões para memória futura, nem que seja só a minha, destes tempos que atravessamos.

publicado às 20:00

O consumismo do Natal?

por jpt, em 26.12.14

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Dia de ressaca (de comeres, já não de beberes; e também da demoníaca radiculite que atacou na véspera e na vera consoada, com raiva pagã, anti-crista mesmo). Leio na "nuvem" (fb e blogs) várias invectivas, franciscanas-comunistas, contra o consumismo, gentes iradas com isto dos presentes, dádivas e contra-dádivas, amais as fartas e glutonas mesas, que conspurcarão o santo dia e o espírito de comunhão, veras traições à data, sintomas da decadência intelectual e até moral que vivemos.

 

Não deixo de reflectir. 24 horas quase não-stop entre vários eixos familiares implicaram-me excessos alimentares - ainda que hoje em dia coma e beba pouco, emagreço, estou preocupado. Adormeci no sofá à tarde, efeitos dos múltiplos voltarens talvez ..., para alguma vergonha minha. Gastei imenso, para aí 200 vezes mais do que tinha programado, entre brinquedos para os mais-miúdos, submersos em tralha, e ainda em queijos, cuscurões e sonhos que sobraram para o dia de reis, e pequenas lembranças, talvez até desgostadas, para os mais velhos.

 

E nisso tudo, eu, ateu convicto, enchi a "alma" entre (alguns dos) meus. Principalmente com aqueles que só vejo anualmente, nesta data.

 

E também por isso, neste dia de azia, não consigo deixar de resmungar ... não se poderão calar esses chatérrimos denunciadores, sempre céleres no "dever" opinativo. E, decerto, hoje tão flatulentes e pirosos como eu ...

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publicado às 19:32

BOM NATAL!

por mvf, em 24.12.14

 

publicado às 20:10
modificado por jpt a 23/1/15 às 02:10

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A quadra natalícia é aquela em que mais se cultivam afectos puros e desinteressados e se apregoa a boa vontade entre os homens. Acresce que é nesta época que mais se deseja a tolerância, se exige a paz e se relembram com maior fulgor outras coisas boas para o nosso mundo como mousse de chocolate, rabanadas ou mesmo coscorões, isto em Portugal.

Sem outras considerações por ora, fica a lembrança de alguns faróis do amor pelo próximo, gente acusada, diga-se que com inteira justiça, de diminuir  o número de habitantes do planeta em nome de qualquer coisa e de servir aos sobrevivos pratos cheios de privações acompanhados com doses maciças de sofrimento, gente que nos nos mostra afinal momentos de enorme ternura e compaixão. Uns corações de manteiga, eis a realidade.

Note-se que a ordem das fotografias é completamente arbitrária não respeitando ordem cronológica ou quantidade de vítimas destes exemplares.

Bom Natal e boa memória são os votos de hoje!

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publicado às 22:42

O símbolo do Natal

por jpt, em 31.12.13

 

João Machado da Graça, o verdadeiro fundador do bloguismo em Moçambique, através do seu Ideias para Debate, tornou-se (como tantos outros) num aguerrido faceboquista. E foi naquele suporte, no reduto de uma também bloguista, que se insurgiu contra aqueles que atravessam hemisférios e planisférios nesta época do ano, em demanda de símbolos natalícios, esses que ele ele considera vácuos de sentido. Dele discordo, pois aos símbolos da quadra encontro-os preenchidos, abundantes de significados.

publicado às 08:22

publicado às 17:44
modificado por jpt a 23/1/15 às 01:22

E o ma-schamba não larga o perú e continua natalício. Desta vez deixo a Jane Monheit fazer as honras da casa e mostrar como se deseja um Feliz Natal ...

 

publicado às 16:40
modificado por jpt a 23/1/15 às 01:24

 

E um Feliz 2014 para todos nós.

 

 

 

Aqui ficam os votos dos VA, jpt e mvf (residentes), AL, FF e PSB (incertos em parte ausente).

publicado às 14:47

Neste 15º Templo que é o 2º dedicado à quadra natalícia, o bom Rod Stewart em grande forma e reformado da rocalhada (parece...) deseja-nos um óptimo Natal. O presente era para ter sido mostrado ontem mas o laçarote do embrulho atrasou tudo...

 

publicado às 20:03
modificado por jpt a 28/12/14 às 13:40

11º Templo - Do Natal

por mvf, em 07.12.13
O Ma-schamba inaugura hoje a época natalícia musical ou musical natalícia. Para cansar desde já os frequentadores, aqui vai uma interpretação com pouco mais de duas horas do Oratório de Natal de JS Bach e que foi ouvido pela primeira vez no Natal de 1734. A entrega da música é feita pela batuta de Sir John Eliot Gardiner, que desta vez a deve ter deixado no camarim, com a afinada malta do Monteverdi Choir e English Baroque Soloists. O conjunto é composto por seis partes distintas e, segundo alguns conhecedores, não seria para ser apreciado de uma vez, recaíndo cada uma das cantatas em igual número de dias da quadra da boa vontade entre os homens em grande parte do mundo. Talvez mesmo a única... A partitura apresenta as datas das 1as apresentações nas igrejas de São Tomás e de São Nicolau, em Leipzig, o que pode ir de encontro à teoria de estender o programa, não se sabendo se Bach  pretendia que a obra fosse alguma vez apresentada integralmente. Fosse esta a vontade do compositor ou a fórmula dividida, nos nossos tempos o Oratório vai de seguida ou dividido em somente duas partes.

Como sugestão,aumentem o volume e ouçam a coisa por inteiro enquanto o perú vai ao forno ou enquanto desfiam o bacalhau.

 

publicado às 17:37
modificado por jpt a 23/1/15 às 01:26


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