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Acontecendo em Moçambique

por jpt, em 28.06.13

[Grant Neuenburg]

 

Nos últimos dias recebi várias mensagens, de amigos, de leitores do ma-schamba, até de co-bloguistas, incentivando-me a usar o ma-schamba para informar sobre os acontecimentos que vêm decorrendo em Moçambique. Algumas provenientes de vizinhos, enredados, como eu, nesta angustiada teia de incertezas, temores pelo futuro do (seu) país. Muitas outras vindas de Portugal, de onde me dizem não haver muita informação sobre o que aqui se passa ("só se liga à Turquia e ao Brasil", dizem alguns, "só se fala na crise", apontaram outros). Lamento desiludir mas "não posso mentir" - esta bela expressão usual no português de Moçambique -: não possuo quaisquer informações suplementares nem tampouco alguma consideração analítica (e muito menos se explicativa) para partilhar. Talvez apenas algum cuidado suplementar, o de não acreditar em todas as notícias (e mais ainda nas FB-"notícias") que vão fluindo.

 

Recordo que não sou jornalista nem nunca entendi o bloguismo como um sucedâneo da imprensa (e continuo sem perceber porque me mandam convites e comunicados de imprensa). Blog é(-me) diário. Não intimista, mas ainda assim diário. Mais ainda, não sou, como bloguista, um "moçambicanólogo". Nem profissionalmente o sou - e menosprezo, por razões epistemológicas, antropólogos (e doutras ciências sociais) que gingam essa condição, "anunciada na TV" como se apresentavam os produtos rascas há algumas décadas.

 

Ou seja, o que está a acontecer em Moçambique? Houve conflitos no centro do país, tem havido alguns ataques na estrada nessa região, onde se circula em coluna. Falta informação substantiva na capital.  Mal-estar expresso nas conversas. Afirmação constante de teorias da conspiração ("nada é o que parece ser"), que surgem "virais", como se diz agora . 

 

E que  mais acontece no país? Noel Langa expõe na Associação Moçambicana de Fotografia, em dueto com Filomena Gaspar. Mas o mais-velho deveria ter feito uma individual, tem material para isso, sempre no seu figurativo mágico, ternurento e sereno, o "noelismo" que lhe é próprio. No contexto da sua obra tem algumas obras de referência ("O Amigão", como ele o é, "Fruta de Vida", um elogio do caju que eu gostaria de levar para casa, "Caminho Longo I", entre outras).

 

 [Grant Neuenburg]

 

Desde há dias que Grant Neuenburg tem a sua individual "Xilunguini" exposta na Kulungwana (a galeria na estação dos CFM), fotografia abstracta, trechos murais, de naturezas mortas e desvalidos cascos de navios, que surgem inovadores na fotografia em Moçambique e que são um delicioso momento de elogio do belo, da sua produção, acima de tudo pela inteligente produção do paradoxo, um quase-manifesto, na manipulação do real para o elevar a essa condição.

 

Em ambas as exposições, mas mais ainda na do Grant, pelo seu inusitado aqui, entrevemos o caminho necessário. Sempre, agora ainda mais ao país. O de tornar o real, tal qual ele é, nosso. Não utopizando-o, não apenas reflectindo-o. Refractando-o. Pela inteligência e com o talento possível a cada um. Por isso tão necessário é avançar, agora, até à Associação Moçambicana de Fotografia e até à Kulungwana. Crer.

 

 

publicado às 16:02

Noel Langa no Franco

por jpt, em 18.04.11

 

Coincidente com a apresentação do filme que lhe é dedicado surge uma individual de Noel Langa no Franco-Moçambicano. A sua primeira desde há oito anos, surpreendo-me com a informação (será mesmo?). Quinze desenhos, muito antropomórficos, de 1990, uma colecção silenciosa e que pode surpreender pelo preto-e-branco e tão figurativo. Com a eterna ternura do pintor. E mais sete quadros, cinco em tons de ... madeira (?), uma série de 2010 e dois finais, já deste ano. O acima - eu brinco e chamo-lhe auto-retrato, três génios bons. E tanto o cobiço.

 

Pintor da concórdia, da doçura, muito mais do que de um sítio Noel Langa é um bálsamo. Um bálsamo que nunca se quis típico, e também por aí o meu tão grande agrado pela obra deste mais-velho.

 

 

Tal como para Reinata deixo a ideia. Falta um álbum. O álbum é um instrumento que poderá estar desprestigiado, hoje em dia, tempos de internet. Mas isso pode implicar que um álbum é também um sítio informático onde Noel verá colectada e trabalhada a sua incessante produção. Coexistindo com o recente filme que é, fundamentalmente, sobre o homem.

 

jpt

publicado às 17:03

 Bonita época para o Noel. A semana passada o filme (bom e bonito) que sobre ele se debruça e o ecoa. Agora uma individual no "Franco", momento sempre grande em Maputo.jpt

publicado às 21:46

Agitação em Maputo

por jpt, em 25.03.11

 

Hoje no Franco, às 20.30, espectáculo de Hortêncio Langa. Comemorando os seus 60 anos - o Hortêncio passou anteontem a sexagenário. Ontem inaugurou uma exposição individual no Museu Nacional de Arte (instituição que teve a gentileza de não convidar os amigos, do artista e do próprio Museu). Hoje às 18 h. na Núcleo de Arte agitação múltipla "Voltas em Mundo sem Revoltas" (escultura, pintura, fotografia, jazz, poesia, dança, um grupo de gente com Gonçalo Mabunda e Sininho Paco entre outros). Ontem no Franco a estreia de dois documentários sobre os artistas plásticos Noel Langa e Estevão Mucavele, uma produção conjunta do Escola Nacional de Artes Visuais e do Centro Cultural Franco-Moçambicano.

 

 

Muito bem conseguidos os dois filmes. O dedicado a Noel Langa transpirando o carinho que Noel merece e tem, um documento telúrico, centrado no mundo de que ele é artístico obreiro, o Bairro Indígena (Munhuana). O dedicado a Estevão Mucavele como documento mais problemático, utilizando a verve inconfundível do pintor como matéria-prima. Procurando a adesão mais rápida. Mas trazendo (e registando) a personagem única.

 

(Filmes a mim fazendo lembrar tempos muito antigos, no milénio passado. Quando alguém que então conheci propunha a uma estação televisiva estrangeira, aqui instalada, que produzisse este tipo de documentários-arquivo. Ao menos alguém se lembra de ir fazendo algo. Mas passou muito tempo - com as lentes desligadas).

 

jpt

publicado às 15:51

Uma espécie de safari artístico

por jpt, em 16.09.08

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Provando o empenho acima ilustrado o Toix apresenta eco do tal "safari artístico", fotografias de fotógrafo do primeiro passeio informal do género, ocorrido sábado passado. Nas suas imagens constam vários dos participantes, grupo heterogéneo constituído segundo o magno critério de terem respondido ao sms-desafio. A ideia é continuar com regulares passeios pelos ateliers da cidade, um sábado de quando em vez. Agora o programa, amputado de uma visita por indisponibilidade de última hora de um artista constou de deslocações

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ao sítio de Pekiwa, na Matola-Rio. Aí aconteceu um um desvio temático, calcorreando-se o caminho até às

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Salinas do Zacarias, ali mesmo na Matola-Rio, onde chegámos à hora do despegar.

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Avançou-se então para o Bairro do Jardim, a casa de Idasse. E, depois de um longo almoço no Choupal, que as galinhas tardaram em modorra acentuada

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seguiu-se à Munhuana, a casa de Noel Langa. Onde foi também tempo de recordar os velhos tempos dos anos 90s onde ali era sede noctívaga, jazz certo. Em honra disso juntámo-nos ao balcão, um longo gin, momentos dos quais não há registo fotográfico.

Finalmente (o que é apenas uma maneira de dizer)

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os resistentes foram ao Franco-Moçambicano, saudar a inauguração da exposição (Ti)Nyanga, fotografias de Brigitte Bagnol e Esmeralda Mariano. Bebeu-se um copo, e ainda outro, que a loja do Centro (versão loja da Bia) aniversariava pela primeira vez.

Depois, quem ainda quis, e foram alguns, diluíu-se nas mesas do Zambi, em intuitos de jantar que foi já ceia.

Para o mês que vem haverá mais. Se houver interessados.

publicado às 00:17

Noel Langa

por jpt, em 05.05.06



Uma individual de Noel Langa no Centro de Estudos Brasileiros, inaugurada ontem.Fotografias de "O Sol, a Lua e o Arco-Íris" e "O Ninho" (em ambos os casos acrílico sobre tela).

publicado às 23:25


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