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Ainda Pedro Rosa Mendes

por jpt, em 30.01.12


 

Sobre o afastamento de Pedro Rosa Mendes convém ler este texto de "RTP, episódios de uma eterna servidão" de José Manuel Fernandes.

jpt

publicado às 21:00

 

Há algum tempo o ministro português Miguel Relvas esteve em Maputo. Assisti a um excerto da sua estada, transmitido em directo pela imprensa estatal (RTP-África) e nada gostei. Não gostei da impreparação intelectual, do tipo de propaganda a confundir-se com o trabalho de relações externas. A prejudicá-lo, ainda para mais. Estou há anos demais em Moçambique para desperceber que não é assim. Disse-o então, no debate em que participava o ministro (e o ex-ministro Morais Sarmento). Escrevi-o no blog, logo depois, para desgosto de patrícios. Notei também que a imprensa estatal recebe instruções do ministro, segundo as próprias palavras de Miguel Relvas.

Soube há dias que o ministro iria a Angola e que a imprensa estatal (a RTP, através do programa "Prós e Contras") se associaria a essa visita. Tive curiosidade em ver qual o registo, tanto para perceber as mutações nas entoações em contextos diferentes como para reconhecer as continuidades de um olhar sobre África que está, manifestamente, impreparado. E também para ver como a imprensa estatal continua o seu trabalho "oficial", apertada pelo espartilho da mera anuência face ao poder político. Mas não pude ver, o meu pai morreu na véspera, todo o resto perdeu sentido.

Sei agora que Pedro Rosa Mendes falou sobre essa visita a Angola, criticando o papel da imprensa pública portuguesa (é aconselhável ouvir este texto, para não dizer que é obrigatório). Rosa Mendes critica a situação angolana. E critica o seguidismo da RTP. Sabe-se também que este texto, inserido numa coluna de opinião na estatal RDP (Antena 1), implicou o cancelamento desse programa (artigo do Público transcrito aqui).

Tudo isto é inaceitável, pura censura. Porventura denotando o seguidismo do poder português ao capital angolano. Colocando de novo a questão do papel, e da sua liberdade, da imprensa estatal, muito em particular quando se debruça sobre as relações internacionais portuguesas e os seus caminhos diplomáticos. Mas, mais ainda, levanta também, por mais meandros e desmandos que venham a ser agitados, a questão sobre a prática política deste governo e deste ministro. O qual, é o momento de o lembrar, afirma dar instruções à imprensa estatal.

Não se governa sem democraticidade, isso não faz parte deste nosso regime. Seja em momentos de cruzeiro seja (ainda menos) em momentos de extrema complexidade, como os actuais. Para os mais arreigados defensores deste governo convirá lembrar o governo anterior e os efeitos degenerativos que a arrogância antidemocrática foi causando.

Esta intrusão escandalosa na liberdade de imprensa tem um conclusão: Relvas não tem lugar no governo de Portugal. Nem ele nem os que como ele vão. Como os senhores da RDP, a transmitirem as ordens.

jpt

publicado às 15:21


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