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Eleições Autárquicas

por jpt, em 20.11.13

 

O Pedro Sá da Bandeira (PSB) acompanhou as eleições autárquicas de 2008, era então o repórter fotográfico da delegação da Lusa em Moçambique. Para comemorar as eleições de hoje, quinquénio passado (voado), elas sempre a festa da democracia (por mais que apareçamos resmungões somos, cada um com a sua hierarquia de irritações, fundamentalistas democratas), aqui partilhamos algumas das suas fotos de então, feitas nas campanhas eleitorais dos municípios de Maputo e de Matola. Com os nossos "votos" de que o dia de votação e os dias de contagem corram a contento. Que o sufrágio seja sufragado ... E que alimente a paz.

 

 

publicado às 06:20

"As compotas do Pedro"

por jpt, em 23.01.12

 

O nosso co-bloguista Pedro Sá da Bandeira surge na edição do Diário de Notícias de ontem (21.1.2012), em artigo ilustrado pela fotografia que reproduzo acima. Ali se explica (também) o pousio bloguístico em que ele se encontra, dedicado às suas urgentes e literais machambas. O Pedro, meu amigo e compadre (por via da amizade sororal das nossas filhas), é repórter fotográfico, trabalhou durante anos no "Record". Partiu para os EUA e depois para Moçambique, onde trabalhou com assinalável sucesso. E fez ainda exposições individuais. Do seu trabalho realço a exposição "Vai Fazer Bom Preço" em 2008. Uma coisa raríssima, um olhar destipificador, uma marcha contra o exótico e a despersonalização, um momento de inteligência perfeitamente excêntrico ao comum do olhar português sobre África.

 

É um profissional com este valor que, regressado a Portugal por razões familiares, encontra um mercado profissional desgraçado, prisioneiro da sub-remuneração, o estertor do jornalismo como existia, o desbaste da sociedade que conhecíamos. Profissionais primeiro proletarizados, depois sub-proletarizados. O PSB, à sua maneira, suave e sem procurar os píncaros, recusa a lumpenização. E tem a extrema coragem de procurar outros caminhos, de se reinventar. Um naco de terra de família, mãos à obra na produção agrícola e na sua transformação. Um must de dignidade nestas suas compotas, as "compotas do tio" como eu insisto, risonho, em intitular. Em vénia. Viva o PSB!!

 

Ele fez zoom à fruta da quinta da avó


Do congresso norte-americano para a Quinta de São Romão, em Setúbal, vão cinco anos. Pedro Sá da Bandeira, 41 anos, é fotógrafo. Estudou no Cenjor, estagiou no desportivo Record e colaborou com títulos como o El País, o Le Monde, a revista Edit ou o jornal de Washington The Hill. Foi ainda correspondente da agência Lusa em Maputo, Moçambique. Além do fotojornalismo, Pedro trabalhou como fotógrafo para a Organização das Nações Unidas, a Fundação Gulbenkian e a USAID - Agência de Cooperação para o Desenvolvimento do Departamento de Estado americano.


De regresso a Portugal, depois de quatro anos nos Estados Unidos e outros tantos em Moçambique, Pedro não encontrou o mesmo mercado que em 2002, ano em que saiu do País. "Escolhi a fotografia porque gostava e porque queria uma profissão que não me obrigasse a estar fechado num escritório. Passava as manhãs a ler jornais, a história do jornalismo era-me familiar. Tinha a quinta da família, e comecei a arranjar as coisas, não naquela coisa idílica de ir para o campo, mas para ter, no fundo, melhores laranjas para comer em casa. Rapidamente comecei a ter o que queria na fotografia - andar ao ar livre - e passei a ir para Setúbal quase todos os dias. Depois, é esta economia de sobrevivência: tinha lá uma ameixeira. Quando vi as ameixas a cair, decidi fazer uma compota", conta.


Até ao ano passado, a casa da avó de Pedro servia apenas para férias e fins de semana. Primeiro, o fotógrafo decidiu recuperar o laranjal - que produzira frutos até ao governo de Cavaco Silva e permitira à família comercializar laranjas. Mas Pedro não ficou pelo pomar: começou a fazer compotas de fruta e plantou uma horta com legumes da época. "Ervilhas, rúcula, tomate... agora só como tomate produzido por mim...", esclarece.


Mas como é que um fotógrafo profissional troca as lentes e as objetivas pela enxada? Não troca. Pedro continua a levar a máquina fotográfica para todo o lado e tem documentado o crescimento e a produção da horta. Além disso, continua a trabalhar como fotógrafo sempre que surgem trabalhos - como aconteceu em 2011, quando foi contactado pelas Nações Unidas para fotografar o trabalho State of World Population Report.


"A fotografia continua, mas procuro-a menos, sempre à espera de uma resposta. Não desisti da profissão, mas, de momento, ser fotógrafo não está a garantir-me qualquer tipo de rendimento. Não é que o que eu estou fazer esteja, mas pelo menos todas as semanas faço uma sopa com os meus legumes."


O sucesso das compotas de fruta da época - que Pedro cozinha e coloca em frascos esterilizados - já não se resume a pessoas da família: o fotógrafo pensa apostar na venda dos produtos em mercados, depois do sucesso que as suas compotas fizeram no Natal.

"Há muita concorrência, por isso tenho apostado em pequenos pormenores. Por exemplo, a baunilha que uso é francesa e as receitas são as mais tradicionais."


Com um investimento que ronda os 500 euros mensais, entre "combustível e sementes", a venda de compotas ainda não cobre todos os custos de produção, mas Pedro quer prosseguir com o projeto, a par da fotografia. Para isso, tem fotografado a horta e espera poder vender as fotografias emolduradas. "É assim... As voltas que a vida dá."


Entre ervilhas, espinafres, couves-flores, brócolos e tomate, Pedro Sá da Bandeira decidiu mudar de vida. Ou como o próprio escreveu numa carta, "se calhar, o futuro passa por aí. Por nos reinventarmos".

Retrato

Pedro Sá da Bandeira nasceu em 1970 e tem dois filhos. Frequentou o curso de Relações Internacionais mas optou por ser fotógrafo, por não se imaginar a trabalhar "num escritório". Entre 2006 e 2010, colaborou com a agência Lusa na delegação de Maputo, Moçambique. Em 2009, expôs o trabalho realizado em Moçambique no Instituto Camões. Vende cada frasco de compota por 5 euros.


jpt

publicado às 01:01

Exposição de Shikhani em Maputo

por jpt, em 06.11.11

 

Há algum tempo aqui deixei um texto sobre Shikhani. Porque é o meu artista moçambicano preferido, coisa subjectiva e que me é indiscutível. Mas também pelo meu espanto diante do total silêncio e inactividade que se seguiu à sua morte, acontecida no último dia de 2010. Injustificáveis. Não falo das homenagens, das proclamações de heroísmos ou genialidades. Apenas do regresso (ou ingresso) à sua obra. Exposições, textos, audiovisual, testemunhos. Nada. Para quem esteja minimamente interessado nas artes visuais em Moçambique todo este apagamento deveria parecer absurdo. A mim parece-me.

 

Também por isso o meu agrado com esta exposição que amanhã inaugura no Consulado-Geral de Portugal, duas dezenas de obras de Shikhani, realizadas durante a década de 90, e propriedade de um coleccionador, um português actualmente residente no Zimbabué. A iniciativa é da cônsul-geral de Portugal em Maputo, inestimável "servidora pública" (uma mulher que entende o funcionalismo público como "serviço público", pessoa que não sendo única é verdadeiramente rara).

 

Não será o consulado de Portugal (na Mao-Tse-Tung) o local ideal para o regresso de Shikhani aos olhares dos que o apreciam, e para sua apresentação aos muitos que o desconhecem. Não o será devido à exiguidade das instalações que o vão acolher. A qual no entanto é ultrapassada pela grandeza do serviço cultural que ali vem decorrendo, entendido como motor de inter-conhecimento. Ainda para mais em sítio tradicionalmente associado a barreiras e dificuldades, a estranhezas, coisas da burocracia. Agora, assim, sítio votado a entranhezas.

 

Regressar a Shikhani é suficiente. Não deve ser aproveitado para derivações outras. Mas é-me impossível, aliás, recuso-me a evitar o comentário, até paralelo. Ver o consulado-geral de Portugal avançar por iniciativa própria, sem meios humanos ou financeiros particulares nem mesmo as condições suficientes, apenas contando com o interesse e a energia próprios, para esta fundamental acção, demonstra o vazio de propósitos, de energias, de interesses, de intelecto, que os serviços culturais do nosso país vêm apresentando em Moçambique. Uma máquina até pesada, mas inerte e inane.

E neste cruzamento de realizações ao olhar o funcionalismo público (que não o "serviço público) pátrio presumo que isso implique custos, nocivos. Não aos que vegetam. Sim aos que fazem. Que me engane ...

 

Quanto às instituições culturais moçambicanas, estatais ou civis, que poderei eu dizer? A minha excentricidade face a elas impede-me a indignação que sinto ao olhar os meus patrícios vegetativos. Mas com toda a certeza que espero que esta exposição, muito parcelar, sobre Shikhani obrigue, provoque, a uma necessária atenção a um dos grandes da terra. Um regresso.

 

Abaixo reproduzo alguns textos (pressionando-os aumentam) que acompanham o desdobrável realizado para a exposição: fotografia do nosso PSB, excertos de Adelino Timóteo e meu; textos de Maria Pinto de Sá e de Graça Gonçalves Pereira.

 

Amanhã, segunda-feira, 7 de Novembro, pelas 18 horas, na Mao-Tse-Tung. Dia e hora de Shikhani. E durante as semanas seguintes. Vão ver.

 

jpt

publicado às 05:57

Sete Mil Milhões

por jpt, em 27.10.11

 

[Fernanda Manhique, estudante de Geografia, fotografada no campus da UEM por Pedro Sá da Bandeira]

 

Foi ontem publicado o FNUAP, State of World Population 2011. Em poucas horas seremos sete mil milhões. O relatório deste ano destaca Moçambique. E isso é feito exactamente através de uma galeria de personagens moçambicanas, activos e activistas cidadãos, assim feitos exemplo do mundo que somos, e retratados para o efeito pelo nosso PSB. Uma incisiva galeria de gente que o é um pouco mais, e que aqui é partilhada pelo PSB.

 

(Nisso também a encher-nos o peito, ufanos do co-bloguismo, de o termos aqui mais junto a nós, no meio dos tais sete milhões).

 

jpt

publicado às 22:59

Neste ano após-Shikhani

por jpt, em 26.09.11

["Shikhani, 28.9.2007; Foto de Pedro Sá da Bandeira"] 

 

Neste ano após-Shikhani

O ano 11 do século começou exactamente na véspera. Preparavam-se as libações apropriadas ao rejuvenescimento do calendário, espraiados ao sol, acalentados pela festa da continuidade que se aproximava, quando tudo foi interrompido, enublado. Os sms, esses tantans de agora, anunciavam, cruzando o país: “Shikhani morreu!”.

O areal onde recebi a nova tem Maputo como horizonte, longínquo como este sempre o é, mas assim de súbito tornado ainda mais inalcançável. E tudo me surgiu como simbólico. O ali estar, defonte à sua cidade agora feita túmulo. A data, fim-de-ano , sempre dada a rescaldos, as contas do deve e haver de cada um. Estas a acusarem-me de não o ter procurado, acompanhado, desculpando-me por não querer perturbar a intimidade alheia. Soube ali que tendo ele perdido a vida desperdiçara eu próprio um pouco da minha, ao não o ter demandado, perguntando sobre aquele seu mundo encantatório, assim deste aprendendo algo mais. E, mais importante, nele fruindo.

Mais tarde, naquela noite, quando nós os vivos comemorávamos este estar vivos, brindei sozinho ao velho que acabara – não sou religioso, a morte é o fim. Fica a memória, sim, mas nos outros, para estes a usarem. A minha memória de Shikhani, o meu artista moçambicano preferido, que dela fazer?, foi esse o meu brinde, meu compromisso comigo mesmo.

Recordo-o com enleio quando, ainda eu recém-chegado a Maputo, fui até Shikhani, então num flat à Samora Machel, um verdadeiro “jardim suspenso”, pejado de pinturas e desenhos. Ali me perdi, em espanto e encanto. Logo agendámos outro encontro, coisa de eu querer ver mais e com mais atenção, e também para preparar uma exposição, que até veio a acontecer. Nesse outro dia fui à casa do bairro do aeroporto, para onde Shikhani se estava ainda a mudar – “e onde há mais luz para ver” disse-me. No quintal, ao sol, foi-me abrindo o baú, dezenas das suas “coisas”, como as declarava, naquela sua voz pastosa, numa placidez até irónica, cruzada por laivos de sorriso que transformavam o seu corpo enorme em quase-criança.

Estava eu absorto no seio das pinturas quando Shikhani anunciou que tinha mais umas obras, e foi buscá-las, para logo surgir com as suas esculturas, arte que eu lhe desconhecia. Foi um embate, o maior que tive no país. Sempre recordo que depois dei comigo sentado num pequeno banco, sem ter reparado como ali chegara, manuseando tudo aquilo que se me desvendava. “De onde lhe vem isto, mestre?”, perguntei, e fui perguntando, ingénuo, como se tal seja coisa que se pergunte. Um cosmos pré-colombiano, passei a dizer, pobre de expressões, a todos aqueles a quem falava, ininterruptamente, de Shikhani. Para tentar expressar a sua radical originalidade, densa, abissal, labiríntica, imersa num frenesim de sentidos.

Foram essas memórias e a de outros breves contactos que com ele tive, mas também dos meus diálogos com a meia dúzia de peças dele que vim a possuir, que me acorreram naquele início de 11. Acabrunhando-me, como sempre a morte o faz? Sim, mas também felicitando-me o acaso da vida, este de o ter encontrado um pouco. E assim que fazer agora, para agradecer essa fortuna?, foi também o meu primeiro sono do ano.

Nem uma semana passara, já cruzara eu a baía de retorno a casa, e de novo soou o SMS-tantan, foi Idasse na alvorada a avisar: “Malangatana morreu!”. O ano começava, trágico, com esta razia nas personagens centrais do país. Pérfida coincidência, disse eu, o racionalista descrente em destinos. Conterrâneos, contemporâneos, colegas, parentes, tanta afinidade entre ambos veio desembocar na mesma foz de tempo.

A morte do velho mestre, o sempre aclamado Malangatana, logo fez explodir a comoção nacional. Pela sua grandeza, homem “maior do que a vida”, feito símbolo do país. Pela sua primazia, verdadeiro apropriador da modernidade no país, e dela reprodutor, incansável disseminador. Pelo seu atrevimento, de tudo tentar, tudo reclamar, tudo agir, no afã de recriar. E porque na sua obra pictórica, às vezes esquecida nas loas que lhe tecem(os), ter convocado para este nosso presente o passado e futuro do seu cosmos, assim tornando-os presente, um presente supra-preenchido, fortaleza de tantas forças, às vezes inebriado – fazendo-me lembrar, europeu que sou, o antepassado Bosch -, outras vezes terrivelmente doloroso. Explícito. E assim, no seu reclamado atrevimento e no seu mundo pintado, Malangantana surgiu aos olhos dos compatriotas o moldador da identidade comum, fez-se princípio.

Mas fez-se também como se tudo. E esse seu viver voraz foi-o também na morte, como se tudo se apagando em seu torno. Deixando-me assim com este luto, amargo, que desde então ocorre. No qual caminho, no mesmo areal daquele último dia antes de 11. Que fazer com o “meu” Shikhani? Esse das esculturas excêntricas, disformes, desordenando a ordem humana. Dos constantes labirintos, às vezes até figurativos outras apenas eles. Do doloroso despojamento, naquelas frenéticas inconclusões disfarçadas de meros passeios geométricos. Eu sigo a olhá-lo como um nosso desvendar. Dos abismos aos quais pertencemos. Dos implícitos. A identidade, afinal. Sem fronteiras. A dos homens.

Quando terei, e quando teremos, a coragem de voltar a Shikhani?

jpt e PSB (texto e fotografia publicados na edição africana do jornal Sol de 23.9.2011)

publicado às 23:18

Exo-blog

por jpt, em 23.09.11

 

Para os potenciais interessados aqui deixo a informação: a edição de hoje do jornal Sol, na sua versão africana, integra uma fotografia do Pedro Sá da Bandeira acompanhada de um texto meu, tudo dedicado a Shikhani.

 

Aproveito a ocasião para informar que o PSB tem andado ausente do ma-schamba pois está, literalmente, a tratar das suas machambas. Espero que lhe chova a contento para que possa amealhar algum pecúlio com a colheita. Que os rendimentos, verdadeiros, se substanciais ou mesmo que escassos, irão cair no regaço dos Jerónimos Martins e Sonaes, essas "grandes superfícies" tão apoiadas, legislativamente e não só, pelos "esforços desenvolvimentistas" do Portugal europeu. E o resto alimentará o Estado, que bem precisa de dinheiro para pagar as auto-estradas e similares, tão necessárias são elas para transportar ... as mercadorias para os Jerónimos Martins e Sonaes.

 

(Já agora, AL, onde andarão os nossos outros compadres? O MVF está em trabalho de parto, que o livro está quase no berçário. Mas dos outros nada sei, saberás tu que deles és vizinha/conterrânea?)

 

jpt

publicado às 13:05

Eduardo, Mafalala.

por jpt, em 10.05.11

 

PSB

publicado às 23:51

Lua, A Noite É Toda Tua

por jpt, em 21.03.11


Setúbal, 19 de Março de 2011.

PSB

publicado às 19:36

Big Mal

por jpt, em 18.10.10
Um adeus a um treinador de que todos gostavam, benfiquistas inclusive.PSB

publicado às 12:12

pedro-sa-da-bandeira-danca

Pedro Sá da Bandeira está a apresentar a exposição "Dança - 30 anos depois", baseada na Companhia Nacional de Canto e Dança. No Instituto Camões até 22 de Maio.

A exposição foi pensada para se integrar no 30º aniversário da Companhia, com riscos de se tornar qual "retrato oficial". Mas o repórter conjugou-se com a costela de etnógrafo do quotidiano do PSB. E disso resultou a fuga ao estereotipado olhar sobre a dança, a tal deriva oficialista. O compadre PSB meteu a mão nas entranhas alheias, bastidores e esquissos, incorrecções técnicas e improvisos. E assim deixou a memória da dança, viva de pujante.

Não há duas sem três, diz-se. Fica comprometido PSB a uma futura (e terceira) exposição sobre o Moçambique que olhou. Agora que se prepara para partir que monte uma retrospectiva do que aqui foi fazendo. E regresse para a mostrar.

[A imagem reproduzida é um excerto do folheto da exposição. Amputada para evitar o design que, em muito, o prejudica. Caramba, um fotógrafo destes merecerá um lettering decente. Pelo menos...]

publicado às 13:35

Pedro Sá da Bandeira

por jpt, em 02.02.09
O novo sítio do fotógrafo Pedro Sá da Bandeira.

publicado às 15:28

...

por jpt, em 28.10.08

O sítio de Pedro Sá da Bandeira, fotógrafo português actualmente a residir em Maputo.

publicado às 15:10

Exposição "Vai Fazer Bom Preço"

por jpt, em 13.02.08

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"Vai Fazer Bom Preço" é a exposição que o fotógrafo português, cá residente, Pedro Sá da Bandeira está a apresentar no Instituto Camões (até 8 de Março). São 24 fotografias - cujas reproduções aqui são empobrecedoras - em estilo de retrato-pose mostrando 24 vendedores de rua - a maioria ambulantes, alguns nem tanto, que bem conheço o seu poiso certo. Estimulante exposição: por um lado a mostrar o modo inteligente, nada exótico ou exotizante, com que o fotógrafo se animou na cidade e com a gente nela, como a capta sem subterfúgios "poetizadores"; por um outro lado porque neste olhar cara-a-cara, apenas aparentemente despido, deixa um documento da paisagem humana (um olhar etnográfico, se se quiser) dos tempos que passam; finalmente, porque este mostrar os vendedores, nomeando-os (nome e local de trabalho) sem os empacotar ("artística" ou "poeticamente"), é um óbvio manifesto, um combate ao anonimato social de uma classe de trabalhadores que o são (anónimos) por excelência, ostracizados e estigmatizados - estigma auto-reproduzido, pouco atreitos a serem fotografados e mostrados pela exo-desvalorização individual que assumem como própria.

 

Uma bela iniciativa muito bem captada pelo Daniel da Costa que, no texto de apresentação, deixa: "Os seus olhos [do fotógrafo] são alérgicos às feridas. Em silêncio, tratou de eliminar da moldura uma boa parte dessa imagem e arregaçou as mangas de novo. Foi à procura do outro lado da história, um lado real, sem o cliché do costume, mas algo ausente dos nossos álbuns. (...) A objectiva entendeu assim dar a César o que é de César. Devolveu ao vendedor ambulante o segundo pé e a dignidade que lhe é roubada todos os dias um pouco."

 

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A visitar por todos - em particular pelos que têm, seja por profissão seja por aspiração, a ideia de representar (até analiticamente) a gente que faz o real. A ver se despem um pouco o seu ver.

 

Acho que podia ter havido um maior arrojo no acto de expor - sem colocar em questão o central do projecto. Espero que isso venha a acontecer nas próximas apresentações desta exposição, que presumo virem a acontecer nas cidades a centro e norte do país.

publicado às 10:26


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