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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
O Diário de Notícias publica hoje uma notícia afirmando graves irregularidades na transacção da barragem de Cahora Bassa, um processo inscrito no acordo de independência de Moçambique e culminado em 2007 (com um episódio final em 2012). A notícia é muito problemática, por duas razões: a) vem daquela coisa do wikileaks, que ecoa informações diplomáticas, e como tal legítimas, americanas que foram roubadas. Ora quem usa produtos roubados, ainda por cima para ganhar dinheiro (vendendo jornais, publicidade, ou crescendo clics) é um receptor, exactamente como os tipos que compram aos ladrões a tralha que eles vão roubando de casas ou automóveis alheios. Assim sendo o diário de notícias passa a receptor, perde aqui as maiúsculas e nem leva o elo para a notícia que lhe cresça os clics; b) as mensagens que são ecoadas são meros telegramas diplomáticos, e nem sequer os verdadeiramente secretos. Em tempos li alguns desses (tive o azar de alguns, particularmente problemáticos, terem sido traduzidos no ma-schamba por um antigo machambeiro) e nunca são prova de nada, são apenas sínteses de conversas, um diz-que-diz dos "mentideros", às vezes só fumo, outras nem isso, outras afogueados, e outras, muito raramente, com brasa. Um pacote de atoardas, na sua maioria. E isto não é uma característica específica da diplomacia americana, como bem se sabe.
Ou seja, num mundo ideal as pessoas virariam a cara para o lado, mudariam de página ou dariam "scroll down" a este tipo de notícias. Mas não vivemos num mundo ideal e as pessoas interessadas na saúde das suas sociedades mergulham, ávidas, neste tipo de informação, também porque sentem um défice democrático, administrações opacas. É por isso que tenho no meu mural de Facebook vários amigos moçambicanos a partilharem esta "notícia" que alude a, repito, graves irregularidades na transacção da propriedade de Cahora-Bassa do estado português para instituições moçambicanas, mediada por consórcios bancários em cujo cerne estava a banca portuguesa, e também a pública.
É isso mesmo que me interessa, o fenómeno da recepção pública deste tipo de notícias. A "notícia" sai hoje (porquê?) dia da queda do governo português e simbolicamente do regresso ao poder do partido socialista, esse que estava no poder naquela altura e que tanto interferiu e controlou a banca portuguesa, pública e portuguesa. E no meu mural de Facebook nem um dos milhares de contactos portugueses não-residentes em Moçambique, tantos deles tão eufóricos hoje com o anunciado regresso socialista ao poder, reparou, comentou ou partilhou, naquela notícia. Porque desprezam a wikileaks? Nada disso, que se "pelam", à direita e à esquerda, para vituperar os americanos ou para "denunciar" reflexamente o que eles aludem. Não partilham, não atentam, porque gostam, se alimentam e orgasmam, com esta gente, e nada que lhes possa fazer perder o aparente brilho lhes apetece .... E aos outros chamam "fascistas"...
Adenda: Como quem leu o texto compreenderá eu não leio wikileakadas, acho patético todo o processo. Como tal não li a notícia, vi os cabeçalhos hoje sistematicamente partilhados pelos amigos moçambicanos (e/ou patrícios residentes em Moçambique). Por isso, ainda que surpreendido (como aliás também expresso no texto), julguei que a notícia era de hoje. Leitor atento avisa-me que não, que se trata de uma partilha generalizada de uma notícia antiga. Isto tem um efeito sobre o postal: retira a surpresa pelo facto de hoje não haver eco entre os portugueses (festivos ou não) da notícia. Mas por outro lado recorda uma coisa - a aludida confusão não teve qualquer efeito em termos de auto-reflexão na época. Em termos de imputação aos alheios (a "corrupta África Negra") teve-a em tempos, lembro-o bem. Mas não em termos de questionamento sobre as instituições nacionais. Como tal deixo o texto assim.
Há algumas semanas, antes das eleições portuguesas, escrevi aqui um texto "Prós e Contras (e Paulo Dentinho)" a propósito das críticas dos dirigentes socialistas à informação do canal televisivo público. Nesse texto critiquei, também as declarações de Porfírio Silva, bloguista, universitário, dirigente socialista e leio que apontado como ministeriável no próximo governo.
Porfírio Silva leu agora o texto e reagiu nos comentários do texto, considerando-se por mim caluniado. Como o postal é já antigo e, ainda para mais, como actualmente os comentários deste blog são pouco visíveis e menos visitados, e porque a calúnia é uma coisa mais-que-feia, aqui chamo a atenção aos interessados (idealmente: todos os que leram o texto) para a sua reclamação e, também, para a minha argumentação. São acessíveis nesta ligação.
Tudo (toda a imprensa) o indica, esta será a primeira semana do novo governo português, o regresso do PS ao palácio de São Bento, um governo minoritário com o apoio do BE, do PCP e daquela coisa "os verdes". Muitas tarefas terá o governo, com toda a certeza. Uma atenção sobre aquela vertente "eucaliptos" seria interessante - seria bom neste caso que houvesse um partido ecologista no bloco do poder ou influenciando-o.
Mas estou certo que haverá uma linha de actuação (reclamação) no seio deste novo conglomerado (pro)governativo. Creio que a rapaziada e raparigada universitária e seus afins, conjugada no BE, avançará para uma necessária "causa fracturante". Por entusiasmo; como forma de congregação da fluída coligação; e devido à desideologização da "classe média" europeia (em particular se lisboeta). Por isso presumo que nestas sete colinas e seus subúrbios já estejam alguns trabalhadores intelectuais de estirpe marxófila a preparem a liberalização do consumo do cânhamo com THC ilimitado e mesmo do seu comércio, uma causa fracturante simpática e alegre. Não para avançar este 2016, que isto ainda está muito arisco, mas decerto lá para o ano seguinte.
Torço o nariz, e não por razões morais. Pois tenho outra causa fracturante para esta legislatura, em que o BE pode reclamar moedas de troca. É uma causa egoísta, tenho consciência de que o meu tempo se escoa, tende abruptamente para o final. Mas é também uma causa social, sei que não estou sozinho nesta deriva. Como tal considero que para "causa fracturante" actual, para congregar as tropas, para militar, o fundamental será lançar uma legislação abrangente, progressista, da eutanásia. É certo que os mortos não votam e os familiares enlutados tendem para a amnésia. Mas seria um passo no desenvolvimento cultural do país. E, falando por mim, se a legislarem juro que fumarei uns charros em público para apoiar a campanha seguinte, a tal do cannabis. Se ainda cá andar ....
Tudo (toda a imprensa) o indica, esta será a primeira semana do novo governo português, o regresso do PS ao poder, em modalidade de governo minoritário. Daí este meu segundo lugar, coisa que poderia interessar. Há alguns dias o nosso presidente teve uma intervenção canhestra, pois enquanto adiantou que havia partidos ingovernamentais foi apelando à rebelião no PS, um tratado de impolítica - deveria ser óbvio que isso apenas implicaria a congregação das tropas alheias. Mas a presidencial alocução teve um efeito entre vários amigos meus (falo dos reais): levou-os a botar por todo o lado, em modalidades de viva-voz, texto, imagens, auto-produções ou partilhas, veementes críticas ao presidente por considerar este que havia partidos democraticamente sufragados sem direitos à participação do governo (o BE, o PCP, e até aquilo dos "Verdes"), como se isso fosse uma menorização inaceitável, mesmo uma infantilização. Muito bem, muito democráticas as reacções.
Agora está aí à vista o novo governo. Já disse que não espero nada de escatológico, será coisa para nós normal, para além de perfeitamente legítima. Só me intriga uma coisa. Será um governo minoritário, só com o PS, proposto para uma difícil legislatura. Um suporte minoritário algo mais frágil do que os anteriores minoritários, dado que o PS foi apenas o segundo partido mais votado. E os partidos que o apoiarão no parlamento não entram no governo. Perfeitamente legítimo, nada a obstar. O que me intriga são os tais meus amigos (falo dos reais). É que esta é uma coisa que lhes poderia interessar. É que não os vejo a botarem falas, textos, imagens, auto-produções ou partilhas, criticando o facto dos tais partidos não irem para o governo. 4 anos de um governo do segundo partido mais votado? Sem que os apoiantes estejam também no governo? Não é isto uma menorização inaceitável, mesmo uma infantilização?
Ou seja, têm cabimento num parlamento mas não no governo. Afinal, teve Cavaco Silva razão? Pelo que concluo da actual desazáfama dos meus amigos (falo dos reais) teve-a. Mesmo que daquela forma canhestra, como nele sempre foi habitual.
Tudo (toda a imprensa) o indica, esta será a primeira semana do novo governo português, o regresso do PS ao palácio de São Bento, sob a liderança do seu secretário-geral António Costa. Em primeiro lugar aquilo que verdadeiramente interessa: o futuro primeiro-ministro é por via paterna descendente de famílias moçambicanas [avô paterno da comunidade goesa católica, de ascendência brâmane; avó paterna da conhecida família Frechaut, ramo de franceses índicos estabelecidos no país durante XIX] e espero que isso venha a influenciar, no respeito pelos interesses de ambos os países, um ainda maior reforço das boas relações, um pequeno tempero, se me é permitido o sorriso, na interacção.
Em segundo lugar aquilo que também interessa: por mais que eu trema de ira com isto do PS voltar ao poder (como é possível?, meu Deus!, clama este ateu ...), por mais que eu esteja crente que o PS de António Costa é mais do PS de José Sócrates, tenho que saudar esta coisa no meu país, isto de uma campanha renhidíssima e de uma pós-campanha mais-do-que-problemática não ter provocado as aleivosias racialistas ou mesmo racistas adversas a Costa que se poderiam temer, oriundas de sectores mais ultramontanos mas difusamente apreendidas (na prática até foi no PS que isso mais se notou). Não se trata de um "obamismo" (ainda que eu já me tenha rido com um apenas-jocoso "Obama baneane" que um amigo, moçambicano já agora, botou em jantar) que a situação sociológica é completamente diferente. Mas é um excelente sinal sobre o Portugal actual que as ligeiras matizes fenotípicas não sirvam para poluir o ambiente. É certo que alguns poderão clamar que há racismo no país e que neste caso a extrema homologia sociológica se sobrepõe a tudo o resto. Seja, mas ainda assim sob este prisma o ambiente desta ascensão de António Costa é um sinal muito saudável da sociedade portuguesa.
A tolerância, base da democracia, é a forma nada exaltante e ainda menos exaltada da esperança. Depois de meses de furibundismo, alheio e próprio, deparo-me com este novo governo anunciado. Então é momento de tolerância, feita dessa tal esperança e até de crença, as de que o PS se ultrapasse a si mesmo (como, de certa forma, o PSD se ultrapassou nos últimos anos) e que governe o melhor possível para bem do país (o "aggiornamento" decente do tétrico "A bem da nação").
Isto é uma mudança de atitude, até no quotidiano. Pois se vamos ter o BE (a desde sempre "besta negra") no bloco de poder e o aceito até com desvelo, não há mais razões para radicalismos. Como tal decidi sinalizar/ festejar esta nova era de tolerância da forma mais radical possível: acabo de subscrever a Benfica TV, assim refutando os falsos hiatos que nos apartam sem verdadeiro sentido.
E hoje verei o United-City e depois a segunda parte do Benfica-Sporting (e no meio, noutra estação, a imperdível meia-final do mundial de râguebi, Argentina-Austrália). E que ganhem os melhores, se possível sem azares alheios (no râguebi) e sem aldrabices (no futebol). Para um bom domingo. E uma melhor segunda-feira.
As coisas estão a entrar nos eixos, a recuperar-se a normalidade pós-eleitoral, para além dos normais desacordos em vida democrática. Símbolo disso é a eleição acontecida hoje do presidente da assembleia da república, a segunda figura do Estado. Eduardo Ferro Rodrigues, político de boa fama, de dignidade. Que decerto fará melhor, mais honrará o país, do que o seu antecessor socialista no cargo, que andou oficialmente a pedir investimentos no país às redes índicas de tráfico de heroína e de armas, sabendo muito bem a quem se dirigia.
Este agora homem digno, político sério e de princípios, verdadeiro símbolo do PS. Como o confirma aqui neste discurso em Outubro último (ouvir entre 1.40 e 2.45 minutos). O futuro será este, não outro.
(Daniel Carrapa, autor do excelente blog A Barriga do Arquitecto, avisou no meu mural do facebook que aqui no ma-schamba temos "ódio" e "espumamos pela boca" por razões da política portuguesa. Assumo para mim a crítica, dado que sou eu que aqui mais escrevo quantitativamente. Se calhar é verdade. Não gosto, nunca gostei, de traficantes de heroína. Nem de traficantes ilegais de armas. Nem de primeiros-ministros que enriquecem às custas do seu povo com o conhecimento dos seus camaradas dirigentes de partido. É defeito meu, pelos vistos.)
Os jornais anunciam o acordo para o novo governo. Uma inesperada coligação à esquerda a evocar a quase mítica "Frente Popular" francesa, até porque também brotou de uma surpreendente inflexão do partido comunista. Tenho a pior das opiniões deste partido socialista, da sua liderança, morgados do anterior guterro-socratismo e acreditei/desejei que pelo menos mais uma legislatura de oposição, ainda por cima em austeridade (estrafegando-lhe a tradicional volúpia autárquica), pudesse expurgá-lo do estatismo omnívoro que por lá medra. Mas como já botei aqui há dez dias esse governo "será totalmente legítimo e, como tal, democraticamente bem-vindo" pois "a gente vota e os partidos cujos candidatos foram eleitos negoceiam para acordar maiorias governamentais". E quem nunca o percebera que o tivesse percebido. Ponto final parágrafo. Haverá votantes no PS que não o seriam se antecipassem isto, como se brame por aí? Decerto, mas é isto a democracia representativa, a gente vota, elege representantes e eles representam até uma nova votação, nos moldes que a constituição configura. Ponto final parágrafo. Ou vamos nós aderir agora à "democracia participativa" tão cara aos radicais de esquerda, sempre lestos a presumir a vontade global (ou seja, a dos outros), depois defendendo que esta habita nas arruadas (dantes ditas manifestações) que organizam? As acções (da banca e não só) e as notas das "agências de rating" baixam, os juros sobem? Pois, mas a nossa soberania não habita nos investidores na bolsa e nos tecnocratas da burocracia financeira. Temos que nos cuidar com eles, mas isso é outra coisa. Ponto final parágrafo.
O próximo futuro não será terrível, e há muito exagero escatológico na contestação. O PCP não vai reclamar a administração das Berlengas, Selvagens e até do Corvo, para lá instalar campos de concentração para oposicionistas, bloguistas ou outros, ninguém comerá o alazão de João Núncio, e os Espírito Santo não partirão para o estrangeiro (terão, aliás, o amigo na Presidência). O BE não vai mandar massacrar o Arsenal do Alfeite nem o seu presidenciável Fazenda advogar a "reeducação" ou até o extermínio dos professores ou mesmo de qualquer alfabetizado. Os ícones e as referências teóricas desta gente fizeram isso em passados que eles continuam a glorificar, em vergonhosos revisionismos históricos negacionistas das desgraças de XX. Isso é verdade, e deve manter-nos alerta, acalentar o temor sempre necessário diante dos adeptos dos comunismos, porque tudo isso demonstra que a liberdade não lhes está no âmago. Ou seja, merecem desprezo mas não desatenção. Mas o projecto deles, agora, não é o sociocídio que os seus antepassados tanto promoveram. Os tempos mudaram imenso. Agora o projecto é apenas o apoio parlamentar a um governo virado para políticas mais estatizantes e directamente redistributivas. Isso não é dramático, poderá ser mais ou menos (socialmente) eficiente mas o país está habituado a elas, e é algo que pertence ao nosso modelo civilizacional - dantes chamava-se social-democracia e Estado-Providência, agora em tempos de twitter e poucos caracteres fundiu-se em Estado social.
Sobre tudo isto tem-se escrito muita coisa e pouca é interessante. O mais relevante que encontrei está num blog, este "Os nossos caça-fantasmas" no A Terceira Noite. Nele o autor - Rui Bebiano, académico que apoiou a candidatura do "Livre", partido que antecipou esta conjuntura política e que, de certa forma, por ela foi ultrapassado - aponta "a ala neoliberal e clientelar do PS", criticando-a por ser oposição a esta coligação. O interesse do texto é porque anuncia o que aí vem, a forma como se entende o PS, esse que será o governo, e como as esquerdas se relacionarão com ele. O evidente patrimonialismo que é a sua constante prática política, desgraçadamente para o país (e para as esquerdas e suas causas, note-se), é confinado num qualquer núcleo "neoliberal" (o que antes se dizia "ala direita"). O argumento é este: a malvadez clientelista está na "direita neoliberal do PS" o que conclui que os "patronos" e os "clientes" do PS (e tantos o são) são os "ala direita", um raciocínio circular que não vai a lado nenhum. E por isso não é substantivado no texto.
Na prática trata-se da velha reclamação da superioridade ética das esquerdas: o clientelismo (a irracionalidade económica, a injustiça social) é a "direita" (agora sloganizada "neoliberal"), assim imoral(izada). A(s) esquerda(s) - e a do PS também - nada "neoliberais" não são patrimonialistas, são éticas (com racionalidade económica e justeza social). É uma pura ficção. E anuncia o que aí vem no próximo governo. Nada de surpreendente ou terrível. Apenas mais do mesmo, que tanto conhecemos, agora com apoio mais alargado.
De diferente? Apenas que nos primeiros tempos a "voz popular" andará mais sossegada, surgirão menos manifestações adversas, a comunicação social apoiará ainda mais e os académicos não escreverão tanto contra o governo (pois a FCT apoiará mais projectos). Os blogs "neoliberais" ("fascistas" começar-se-á a dizer) aumentarão as suas audiências. Depois, daqui a uns anos, a gente vota outra vez. E entretanto teremos envelhecido mais um bocadito.
E os gajos do PS continuarão a ser os gajos do PS. Sem alas, entenda-se. Mas a gente já os conhece. Há, até, quem neles vote.
Hoje, enquanto jantando de tabuleiro sobre os joelhos, vejo na televisão duas entrevistas políticas absolutamente decisivas, ainda que lamentavelmente coincidentes, eu no velho zapping para as acompanhar.
Sobre o futuro governo uma entrevista a Paulo Portas onde devastou, até com crueldade pouco cristã, o deputado António Costa - na sequência (rescaldo, melhor dizendo) das entrevistas a Maria Luís Albuquerque e Assunção Cristas que, quais valquírias, canibalizaram o referido proto-ex-secretário-geral do ainda partido socialista. O abjecto cadáver do antigo nº 2 do "Senhor Engenheiro" (como diz o patrono da cátedra Eduardo Lourenço de quem os Varoufakos tanto gostam) José Sócrates já fede depois de tanta bordoada.
E a propósito das presidenciais uma excelente "prestação" (como agora se diz a velha "performance") de Marisa Matias, a nova candidata à presidência da república. Firmeza, humildade, objectivos definidos, e também um je ne sais quoi ... Muitas das suas ideias não serão as minhas. Mas ainda assim cativou a minha adesão, ganhou, desde já, o meu voto. E não só por considerar eu que se o "eleitorado", essa molécula abstrusa, votar no prof. Sousa comprova a sua total ... moleculice. Como tal ... Marisa 2015 é já o meu lema.
Enquanto o ziguezagueante António Costa depois do miserável resultado eleitoral da semana passada e para o disfarçar, anda a bater a todas as portas tentando evitar o naufrágio socialista eminente do qual é o principal responsável ou, pelo menos, safar-se muito naturalmente do seu afogamento nas ondas revoltosas do lodaçal político nacional, vem uma das putativas tábuas de salvação, nem mais nem menos a excitada Exma Senhora D. Catarina Martins, líder de Bloco de Esquerda, no final de uma reunião com secretário-geral do PS, decretar que hoje acabou o governo de Passos e Portas. Minutos antes Costa tinha dito que a reunião havia sido interessante, que havia muito trabalho pela frente, mas que algum entendimento tinha sido conseguido. A D. Catarina do alto do seu metro e meio mal medido e dos seus 10% de votos recém conseguidos vai ser o reboque do desnorteado Costa e definir os destinos de Portugal?
As ossadas de Salazar na sua campa rasa do cemitério do Vimieiro ( Santa Comba Dão) agitaram-se e pensaram com as tábuas do seu caixão: Fosga-se, assim até eu...
Um passeio nos jornais e nos blogs portugueses dá para ver o quanto bramam "ilegítimo" os já adversos à aludida aliança governamental (acordo? coligação?) entre os partidos da esquerda parlamentar. Nada mais errado, é exactamente para isso que se vota (em partidos, não no senhor x ou na dona a; em listas de candidatos a deputados, não em candidatos a primeiro-ministro). A gente vota e os partidos cujos candidatos foram eleitos (pela gente) negoceiam para acordar maiorias governamentais. Ou seja, um hipotético futuro governo de aliança BE-PCP-PS (apenas bluff de António Costa? hum ... parece-me que o homem já jingou demais para ser apenas bluff, esturricar-se-á agora se der a entender que apenas foi isso) será totalmente legítimo e, como tal, democraticamente bem-vindo.
Tem só um detalhe, sendo certo que é algo que em nada o ilegitima. Após quatro anos terríveis (e como vim encontrar isto no meu torna-viagem ...) de governo, com desemprego, emigração, cortes de salários e reformas, o "troikismo", o constante bramir jornalístico, mais as trapalhadas endógenas (o Relvas, a zanga de Portas, as trapalhadas infectas da velha-guarda cavaquista, os golden visas e o quadro mal vendido), duas derrotas eleitorais, a derrota final anunciada, a coligação governamental recupera e muito, num "sprint" à Mamede (para quem se lembra do velho campeão), e ganha as eleições bem mais do que por poucochinho (para surpresa de quem não tinha lido este aviso). Uma consistente maioria relativa, em palavras sisudas, a demonstrar muita coisa do pensamento político popular (perdão, do eleitorado). E como resposta o PS alia-se, mais do que inesperadamente, mais do que desanunciadamente, com quem nunca se aliou, em registo verdadeiramente original? Vão-se fritar, os vizinhos socialistas ... Começará logo no esmagamento nas presidenciais (e por isso não terão candidato, claro). E depois, em lume nada brando, no quotidiano. Interno (nas coisas lá deles) e externo (nas nossas vozes, o tal "eleitorado"). E, entretanto, torramo-nos nós.
Não há dúvida, é da droga. Leve, claro.
Há alguns anos, já bastantes, no início da primeira década de XXI, a televisão portuguesa inovou montando um debate semanal de comentário político entre dois políticos renomados. Funcionou bem, convocando audiências e para ambos agregando simpatias públicas e incrementando peso partidário. Depois os dois, cada um do seu grande partido, chegaram ao cargo de primeiro-ministro, e sucessivamente. Com os resultados para o país que se conhecem.
Agora, na segunda metade desta segunda década de XXI, com os resultados do país que se têm conhecido, vai o povo, perdão, o eleitorado fazer a mesma coisa.
"Isto" deve ser da alimentação, que não imagino outra explicação.
Ha alguns dias em esplanada entre-vizinhos discutia-se, acaloradamente, as eleicoes que ai vinham e ja foram. Quando disse que votaria no PAN, usando o argumento nada jocoso que era o partido que defendia os meus direitos (os dos animais) e que tambem aceitava a faccao pro-vegetais, logo um intelectual da politica (daqueles tao assertivos como o sao os intelectuais da bola) bradou "isso e deitar fora o voto", "que nao serve para nada" pois nao chegaria o partido a "lado nenhum". Ali, entre vastas imperiais e escassos tremocos, estava a elegia do voto util, isto do so valer a pena votar em quem pode ganhar (ou seja, ter grande representacao). De nada serviu tentar dizer que nao me revejo naquelas coligacoes de esquerda que arvoram patrimonios estalinistas, maoistas ou trotskistas (e que nao quero sair da UE, do euro ou da NATO), que aquele elogio ao Dias Coelho custou ao PSD o meu voto, e que a minha "besta negra" (nada animal, e como tal nao defendida pelo PAN) sera sempre o patrimonialismo desbragado do PS. E que para alem disso, ainda que aquilo que li do PAN me pareca um bocado new-age demais para o meu gosto, penso que o pais precisa de movimentos ecologistas, vampirizados pela escabrosa fraude do PCP e, depois, utilizados na demagogia "causas fracturantes" do BE, tao bem capturados pelo esperto Socrates para a reproducao das suas malfeitorias. A sentenca estava dada, e tao comum ela aparece, um tipo so deve votar em quem ja tem hipoteses de ganhar, este o sumario do voto util.
So hoje de manha leio que o PAN elegeu um deputado, bom resultado. E tenho pena que outros pequenos partidos nao tenham conseguido. O Livre que integra Ana Drago, uma participacao publica que sempre apreciei, e o partido do advogado Marinho Pinto, que nem tanto. Pois sao vozes algo dissonantes, a perturbarem o rame-rame, a complexificarem o espectro dos discursos. E tanto o voto PAN como o resto dos resultados, a explosao BE acima de tudo, mas tambem a resistencia PCP, mostram o estertor do voto util. A gente vota em quem pensa ser melhor. E ainda bem. E a mostrar aos intelectuais da politica que nao tem razao quando querem ser normativos.
Quantos mais partidos no parlamento melhor. A obrigarem a coligacoes, que sao coisa comum na "europa", governos tri/tetra/pentapartidarios - certo que com administracoes publicas (Estado) bem mais autonomos dos partidos do que ca, certo que com sociedades civis bem mais estruturadas do que ca (onde abundam os particularismos "instituidos"), o que facilita a administracao corrente nestes contextos politicamente complexos. Aqui a gente assusta-se com as coligacoes, diz instabilidade. Por um lado porque temos o Estado colonizado pelos grandes partidos. Mas tambem a esquecer-se que os nossos grandes partidos tambem sao coligacoes: de interesses (alguns nem tao simpaticos), e tambem de tendencias politico-ideologicas. E estando englobadas (engalfinhadas quantas vezes) no mesmo partido se tornam elas de mais dificil e improdutiva conjugacao. Por isso tambem, tudo contra o voto util. Por isso venham as coligacoes governamentais, desde que explicitas (nunca mais "queijos de limianos", aquilo que germinou a triste primeira decada de XXI).
As coligacoes parecem terriveis aos clubistas, aos identitaristas ("eu sou do partido X"). Mas a gente vive nesta europa, o tal modelo civilizacional. Construido entre a doutrina social da Igreja (os demo-cristaos), os liberais e os sociais-democratas (os marxistas). E na resposta, entre-guerras e no pos-II Guerra, aos marxismos mais leninistas que assim, por refraccao que seja, sao tambem obreiros disto. Sao as diferencas de enfase e de enfoque muito grandes entre todos estes? As vezes sim, outras vezes nem tanto como diria o sabio La Palisse. O que vai certo 'e que "isto" assim, as puncoes extremas sobre quem trabalha ou ja trabalhou, nao pode continuar, as assimetrias e sua reproducao nao podem ser ilimitadas, o capitalismo tem que mudar (perdao, a "economia de mercado" tem que mudar). Podemos aprender isso com qualquer verdadeiro liberal, podermos ouvir isso dos ultimos papas, como Bento XVI (a quem os populistas de esquerda insistiam em chamar Ratzinger) ou Francisco I (cuja face menos germanica e hieratica agrada aos populistas de esquerda), podemos saber dos intelectuais marxianos/marxistas e adivinhar nos arcanos da social-democracia, como o assassinado Palme. Uma sopa de pedra, a imaginacao coligacao politica e intelectual necessaria? Com toda a certeza. Mas possivel se nao se inventarem, por clubismos afectivos, canyons onde ha divergencias. Nao se tratara de uma paz podre, de um irenismo hippie. Mas da consciencia de que ha muito mais em comum nas concepcoes maioritarias do que rupturas.
Duas condicoes serao fundamentais: nao sera com os legados de Andreotti ou de Craxi que se enriquecera ou inventarao solucoes (na nossa modesta e pequena escala: com os legados de Cavaco ou Socrates). Uma modernidade pos-patrimonial vem sine qua non. E a outra, e fundamental: entender que o mundo colonial acabou, aquilo do capital se reproduzir so na Europa ou nas antigas colonias de povoamento britanicas ja era. Veio a nada maldita globalizacao, e se queremos enriquecer e redistribuir na Europa ja nao sera as custas da miseria de milhares de milhoes de "nativos" alheios. O proteccionismo que quer encerrar o capital intra-muros esta passado. Chegou a era do internacionalismo ... "de classes medias". E de pontapearmos o lumpen. E o lumpen sao aqueles que acham que os outros ganham "por poucochinho", os que querem esconder o real para proveito proprio. Esse pontape sera o proximo passo, que o maior esta dado.
Muitas sondagens a dizerem os coligados vencedores. Nada disso, creio. Que poucos votos os separam dos socialistas. E sabe-se que o partido Livre vai afinal muito pequeno, tanto como aqueles nazis do PNR (a mostrar que Portugal nem vai Hungria nem o blog Barnabe). E que assim aqueles poucos votantes se deslocam para o PS - e sabendo que a almejada secretaria de estado e/ou os alguns postos acontecerao, na abertura aos "independentes". Pouca coisa de votos, certo, mas sempre uns pozinhos. E alguma gente que votou no BE nas sondagens, agora a doer, depois de proclamado o voto afectivo, no domingo eleitoral transitara para o PS, o tal de voto util para derrotar a direita - ate porque aquela tatuada, deputada porque lesbica, ja veio dizer que evitar o voto-PS surge anti-patriotico. O mesmo, ainda que menos, acontecera ali entre os simpatizantes (e, se calhar, entre militantes) do PCP (dito CDU), a engolirem as ras (como escreveu Tavares no Publico) e a votarem no Antonio Costa para derrotar a direita. Talvez nem sejam muitos mas bastam algumas franjas da votacao nacional para inverter o resultado das sondagens. Assim acontecera. Sublinhado por aquilo de muitos votantes na coisa PaF estarem feridos, zangados, e se ... "afinal ja se ganhou fica-se em casa, os outros que votem nestes malandros que nos tiraram reformas e empregos".
E estou certo disso fundamentalmente por causa da inflexao havida na campanha de Antonio Costa. Li que nos ultimos dias se afastou da heranca de Socrates, dizendo que o seu programa nao assenta nos investimentos publicos. Mais vale tarde do que nunca este deslacar com o ex-primeiro-ministro. Costa quer que se pense que longe vao os tempos em que, recem-chegado a secretario-geral, colocou Ferro Rodrigues, novo chefe da bancada parlamentar, a reclamar a heranca da politica de Socrates. Ferro, que tem andado calado nesta campanha, prestou-se a isso - e eu lembro-me bem daquela catastrofica saida de Pedroso da prisao, indo directo para a Assembleia (foi preso na Assembleia, sera libertado na Assembleia, terao pensado). Lembro-me da sua apoteotica chegada ao edificio, abracado pelos colegas PS e de entao Socrates se ter feito filmar, isentando-se da festividade, retirando-se de cara fechada, com a necessaria gravitas, sem qualquer solidariedade. Depois apeou a direccao de Ferro. Este, decerto que bom homem, prestou-se agora a esta ignominia, talvez por isso ande algo calado. E espero que acabrunhado.
A gente esquece-se, como Costa quer, que quando ha tempos Socrates voltou a Tormes, vindo de Paris, para comentar na TV publica, os nossos socialistas (e os amigos e familiares) foram ao bau buscar as maravilhas do PEC 4, saudaram-no como grande estratega, e invectivaram os opositores de tal caminho (Teixeira dos Santos tambem?).
A gente esquece-se que Eduardo Lourenco veio despoluir Socrates no prefacio ao livro deste, chamando-lhe "Senhor Engenheiro" com as maiusculas todas, querendo limpa-lo da vil aldrabice estudantil - vi o anciao na semana passada na apresentacao de um livro na Gulbenkian, onde estava a catedra "Eduardo Lourenco" de Italia, e apeteceu-me ir-lhe perguntar se nao tinha vergonha, se um homem na idade dele precisa de fazer estas sabujices. Mas "fica mal", nao fica mal escrever "Senhor Engenheiro" daquele escroque mas fica mal interromper os elogios ao douto ensaista. Espero, mas duvido, que ao menos os sacerdotes lourencianos nao se esquecam de integrar o desonesto prefacio que ele escreveu nas "ne variatur" que andam a colectar e editar.
A gente esquece-se, quer Costa, que o PS mandou fazer um congresso de literatura e abriu-o com uma conferencia do especialista Socrates, dedicada a Rimbaud, que era o inicio de uma obvia estrategia para dar a Jose Socrates o tom (a patine, dizia-se) culto apropriado ao proximo Presidente da Republica, tudo isso ja com o tal embrulho em papel dourado "Eduardo Lourenco"..
A gente esquece-se, porque Costa quer, que o projecto socialista foi ganhar "uma maioria e um presidente", Costa e Socrates, e a continuidade da politica economica e social populista, e do estado patrimonial (como a Camara de Lisboa tem sido quase-pequeno laboratorio).
A gente esquece-se disso tudo. Por isso mesmo segunda-feira vai ser dificil, aziaga. Mas convem vive-la bem, sem stress. Porque os quatro anos posteriores serao muito piores. Sera um fartar vilanagem. As pessoas, os compatriotas, o quiseram. O querem.
O melhor mesmo sera partir para terras onde os teclados de computador nao tenham acentos. Boa sorte para todos!
Tinha um texto que nem me parecia completamente estúpido sobre estas eleições, a campanha para promover os competidores, uma espécie de análise quase tão maçadora como as dos profissionais do comentário e tão indiferente como um cão a aliviar a bexiga numa árvore ali no fim da rua. Apaguei o relambório e faço antes uma declaração de não-voto: Não voto PS sobretudo pelo belo desempenho do seu líder António Costa desde o vou-não-vou a jogo aquando da saída de Sócrates ( não da prisão mas sim de secretário-geral da agremiação sediada ao Rato ), passando no esfaqueamento ao pobre Tozé Seguro, reparando na promessa felizmente não cumprida de se manter presidente da Câmara Municipal de Lisboa até ao final do mandato deixando um desconhecido imberbe alisboetado a tomar conta da esburacada cidade, e lembrando todas as hesitações, contorcionismos e ziguezagues que afanosamente nos mostrou entre promessas feitas que sabe não poder cumprir e outras que garante não poder fazer porque justamente não saber se as poderá cumprir. Seguir esta linha com os tropeções na sua novilíngua atabalhoada - precaridade, competividade ou sumarinos, são alguns exemplos dos seus dotes oratórios - não é tarefa para um humilde e ignorante como eu. Tem sido pelo menos assim que muitos socialistas têm tratado todos os que não os escolhem para renovar o que deixaram quase pronto em 2011, ou seja, a bancarrota. Bem podem apregoar que a culpa foi da crise internacional e do diabo a quatro mas a malta tem um resíduo de inteligência onde se encaixa outro tanto de memória e a tanga não pega. Ao menos reconheçam que se espalharam e ajudaram a dar cabo do pobre país, caraças. Ficava-lhes bem uma pitada daquilo a que se chama auto-crítica e nomear os co-responsáveis. Por outro lado também se percebe que Costa não o possa fazer enquanto candidato a chefe do governo pois foi ministro de Sócrates e seu nº2 na hierarquia do partido.
Depois juntam-se a Costa que não os enxota e até escolhe alguns deles, muitos dos filosocráticos - a começar pelo tal Medina, passando pelo inenarrável Lello, alinhando nesta fileira o Varoufakis versão Zara Homem, ou seja uma versão pobrezinha do grego se isto é possível, um que se julga irreverente e frontal mas não passa de um proto-malcriado, o Galamba, e mais e mais e mais até acabar num dos homens mais feios de que há memória desde que o mundo é mundo e disso, pelo menos, está isento de culpa, o inefável Ferro Rodrigues, a quem António Costa pagando amizades antigas deu o lugar de líder parlamentar que utilizou frouxa e ineficazmente. Diz Costa sem se rir que é a renovação e prova-o sem margem para dúvida ao escolher para mandatário da campanha o avançado septuagenário António Arnaut referido ad nauseam como o"pai do Serviço Nacional de Saúde" ficando por saber seria a putativa mãe. Arre que enjoa. Depois há um pressentir da eventual derrota sem disso ter a mais leve noção quando diz que votará o Orçamento Geral do Estado, qualquer que pudesse ser, que a PáF - que raio de nome que os gajos do PSD e doCDS arranjaram para a coligação... - apresentasse. Ora se isso se a PàF apresentasse o OGE era porque Costa não tinha ganho aquilo a que se propôs quando esfaqueou o antecessor. Depois há as questões das alianças à esquerda com o PC e/ou com o BE mas isso é toda uma outra loiça. Talvez decorativa das Caldas (da Rainha).
Enfim, isto é um desabafo que acabou longo e do qual me penitencio, pedindo desculpa. Mas, não sendo sectário, não estando encostado a nenhuma estrutura partidária (gostei de poder dizer isto uma vez na vida!), não esperando prebendas ou favores, continuo indeciso quanto ao sentido do meu irrelevante voto mas sei quem não o apanha. Ná, o homem não é de confiança.