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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
foi dos que mais calorosamente me recebeu em Moçambique. Ainda eu recém-chegado, fui por ele arrastado até ao Zé Verde para uma noite de fados, forma excelsa de boas-vindas. À viola e guitarra lá estavam o Pico Soares e o Castel-Branco, acompanhando a dita "rouxinol da Mafalala" e um fadista cego de Quelimane, absolutamente espantoso nos seus tiques, trejeitos e até trinados alfacinhas.
Agora traz-me a angústia de uma amizade que não acarinhei o suficiente. Porque me obscureço com as múltiplas "coisas a fazer", mito a esconder um mísero umbiguismo. Deixa-me também o lamento de não ter conseguido alguns projectos comuns, discutidos em tempos já tão recuados. Ter-me-á então faltado o tempo, desculpo-me. Mas, pesando bem, talvez me tenha faltado uma correcta hierarquia de objectivos. Projecto de verdadeira cidadania foi o que Raul Honwana quis compartilhar. Pois haverá algo mais digno, cidadão, do que realizar centros de leitura para cegos, leitura audio e braille? Pois através deles oferece-se aos seus financiadores e executores a dignidade e o humanismo. Mas também um máximo de verdadeiro desenvolvimento, pois aí estarão sociedades a apoiar as minorias, sinal de bom.Cruzámo-nos há uns tempos na AEMO, lamentámos umas rasteiras sofridas. Ficámos de continuar a conversa. Não sou crente, não há outro qualquer sítio onde possamos acabar o interrompido. Ficou assim, é a morte.