"...Sartre era um moralista. Não podia admitir que as minhas tomadas de posição, talvez erradas, não fossem culpadas. Para ele, moralista, era difícil aceitar os argumentos de um homem que tomava uma posição radicalmente diferente da sua. Logo, condenava-me moralmente. Aliás sempre pensei que ele era mais moralista do que político. E creio que muitas vezes se perdeu na política, precisamente porque era essencialmente um moralista, mas de um estilo muito diferente do tipo habitual: um moralista ao contrário, um moralista da autenticidade e de modo algum do moralismo burguês do qual tinha horror."
[R. Aron, O Espectador Comprometido. Diálogos com Jean-Louis Missika e Dominique Wolton, Lisboa, Moraes, 1983, p. 142]