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DDT

por jpt, em 12.07.14

 

Sobre o DDT ("Dono Disto Tudo") em Portugal está aqui um belo texto. Adequado aos do clubismo partidário (e das "esquerdas"/"direitas"). Maior que o aldrabismo dos execráveis grupos económicos só a imbecilidade pequeno-burguesa (aquilo a que os escribas publicados pela fundação Pingo Doce chamam "classe média") portuguesa.

publicado às 18:18

Banqueiros & Cefalópedes

por mvf, em 20.06.14

 

 

Dona Branca, Banqueira do Povo

 

A voz da rua chama aos banqueiros - pessoas de reputação firme, donas de uma honestidade à prova de bala, escrupulosas e cumpridoras de toda e qualquer lei - que se vejam envolvidos em negócios aparentemente pouco claros o pior que se pode imaginar, enlameando o bom nome daqueles que nada mais pretendem que pôr em prática o mais puro altruísmo. De trafulhas, vigaristas, aldrabões, gatunos a mafiosos e em casos mais extremos, o povo ignaro chega a utilizar fórmulas mais vernaculares como "cabrões" ou "filhos da puta", generalizando com enorme facilidade e emporcalhando gratuitamente o carácter de muitos desses cândidos e inocentes que assim escorregam para as profundezas dos calabouços da má-língua. Tudo vale para os fazer chafurdar na imunda pocilga que o cidadão, levado pela mão invísivel da perfídia e manobrado por interesse obscuros  - eventualmente toda uma teia urdida por comunistas! - imagina ser o estômago da "alta finança". Tudo inveja de quem só quer o bem comum, desses faróis do altruísmo, pilares da filantropia. Por conta desta incompreensão, tudo o que, ainda que remotamente, possa estar ligado a estas pessoas de bem, vai no rol da roupa a lavar e, sem levar em conta os mais seguros sentimentos dos simpáticos animais que são os cefalópedes, sobretudo no forno quanto a mim, há quem diga que existe um polvo que se alimenta dos incautos banqueiros que pela mais evidente boa-vontade se deixam enlear nos seus poderosos tentáculos.

 

Mesmo que queiramos apontar alguns exemplos de más-práticas, penso que não são mais que pequenas distracções ou a célere Justiça já os teria posto a ferros, soa a exagero. Gente como Oliveira e Costa, Luís Caprichoso, Dias Loureiro, Pedro Caldeira, João Rendeiro, a vetusta e infelizmente já desaparecida D. Branca conhecida por Banqueira do Povo, Jardim Gonçalves e os seus acólitos e mais recentemente, Ricardo Espírito Santo Salgado, enredado no que se diz ser um novelo de moscambilhas de alcance internacional que nem com o famigerado fio de Ariadne se consegue desenrolar, acabam por ser vítimas mais do que qualquer outra coisa. No caso actual do persidente do BES que hoje se demite, o rolo compressor atinge toda a famíla, o italiano diria "famiglia" mas rapidamente se fariam ligações a películas como "O Padrinho", partes I, II e III, e quero evitar mal-entendidos, impedindo os seus membros de tocarem mais na chincha, o que leva os mais desconfiados a cimentar infundadas suspeitas sobre toda esta farsa.

 

Alijemos pois a carga negativa que todos estes imbróglios vão trazendo ao nosso dia-a-dia despreocupado e que, a serem verdade, só tinham ajudado a gasta pátria a atolar-se um pouco mais dando razão ao transgufa Guterres quando chamou pântano a Portugal, com uma nota histórico-humorística numa brincadeira ilustrada que não vale meia acção do BES para que o ilustre banqueiro veja a sua nova condição de reformado com bom espírito, passe-se mais este infeliz trocadilho inspirado na supra-citada, a generosa D. Branca:

Ricardo Espírito Santo Salgado, o Banqueiro do Polvo.

 

 

 Ricardo E.S. Salgado, Banqueiro do Polvo

 

 

Nota:

Diz-me um amigo que teve a amabilidade de ler isto que não consegue perceber se o texto é irónico ou outra coisa qualquer. Rimos-nos os dois.

 

 

 

 

publicado às 13:00

Transcrevo um texto do bloguista Luís M. Jorge:

 

Almerindo Marques vai ser presidente da Opway, uma construtora do Grupo Espírito Santo. Ocorreram várias coisas antes de lá chegar. O Rui Costa resume, eu adapto:

 

1. Almerindo Marques, presidente da Estradas de Portugal, renunciou ao cargo em Março de 2011.

2.Dois meses depois, o Tribunal de Contas audita uma renegociação de dívida entre as Estradas de Portugal e as concessionárias das SCUT:

  • A dívida do Estado às concessionárias passou de 178 milhões para mais de 10.000 milhões de euros;
  • A Ascendi (liderada pela Mota-Engil e pelo Grupo Espírito Santo) garantiu mais 5400 milhões de euros em rendas, que não dependem do número de carros em circulação;
  • A Euroscut (liderada pela Ferrovia) garantiu mais 1186 milhões de euros em rendas;
  • Em 2011, o Estado recebe 250 milhões de euros em portagens e paga 650 milhões de euros de euros em rendas, com um prejuízo de 400 milhões de euros (62% do valor das rendas, 160% do valor das portagens)

Pior:

 

O Governo não só nomeou as comissões de negociação (ver aqui) , como criou condições para escapar ao controlo do Tribunal de Contas. Em 2006, a maioria socialista aprovou uma alteração aos poderes do tribunal que permite modificações a contratos antigos:

 

«Não estão sujeitos à fiscalização do Tribunal de Contas os contratos adicionais aos contratos visados», determina a Lei 48/2006, de 29 de Agosto.”

 

3. Almerindo Marques nega que as Estradas de Portugal tenham concluído um negócio ruinoso (0:53 no filme).

 

4. A 23 de Maio o Jornal de Negócios noticia que Almerindo Marques vai ser o próximo presidente da Opway, a construtora do grupo BES.

 

O que diz o PSD? Nada. O que diz o CDS? Nada. O que diz a blogosfera de Sócrates? Nada. O grupo Espírito Santo é a história secreta de Portugal.

 

Os grandes grupos económicos (financeiros) assim colonizam o estado, assimilam os ex-políticos e seus agentes (uma história que na III República começou na administração dos processos de privatizações pós-PREC, um processo de meias-tintas que delapidou patrimónios e corrompeu a nova elite portuguesa) e nos destroem o futuro do país, sem que isso tenha qualquer efeito no discurso político dominante. Fazem-no de modo até aberto, dominados que estão os discursos públicos, o político e o mediático. E dão-nos "bola", muita (os leitores do ma-schamba tantas vezes me aturaram aqui vociferando contra a presença dos vis Espíritos Santos nas administrações do Sporting. Também aí os efeitos têm sido letais. Incompetência? Não, é a sua [deles] natureza, tal como na fábula do escorpião e do sapo)!

 

Neste contexto ("alienado", recupere-se a velha palavra) em que os recursos nacionais são massivamente apropriados o discurso comum subordina-se à incompreensão. Nele vinga o "laborismo" ("isto vai lá com muito trabalho", ideia comum a Angela Merkel e a Octávio Machado). É nesse vazio intelectual, corrompido e corruptor, que vinga o palhacismo do "nacionalismo da auto-estima", típica produção do voluntarismo, a única ideologia estruturante do complexo guterro-socratista. Exemplar máximo disso apanho-o agora (na mesma coluna do "reader" que o texto acima, uma coincidência impressionante) no Albergue Espanhol, por via de um bloguista comovido com a peça, Rodrigo Saraiva. A pobre peça, que abaixo poderão ver (e até comoverem-se e inspirarem-se, se a tão baixo nível conseguirem deslizar) é inspirada num texto de Nicolau Santos  - o estado das coisas está tão miserável que já só jornalistas rastejam a "intelectuais" orgânicos, que a associação a um lixo destes é por demais ofensiva. Enfim, o insulto, infecto, bom-para-imbecil do laborismo ("muito trabalho") acaba a "Domingo vá votar. Na segunda vamos trabalhar". Ou seja, isto vai lá por motivação. Auto-estima e motivação. É o "mourinhismo", se acreditarmos em nós-próprios acabaremos no topo do mundo ("líderes" como se diz no lixo abaixo) abraçados em lágrimas aos Materazzis. Entretanto os "Espíritos Santos" e os acólitos vão tratando de nós. Desde que acreditemos em nós-próprios e muito trabalhemos .... e não os perturbemos.

 

 

Como acaba o filme "Eu sei que o vou conseguir, porque já o fiz antes" .... Emigrar.

 

Não por causa dos Almerindos Marques, que os há em todo o mundo. E dos Espíritos Santos. É mesmo por causa dos laboristas, dos nicolaus santos e dos bloguistas caixas-de-ressonância deste lixo. Um continente de distância não extermina o fedor que exalam. Com pujança. Líderes nesse campo.

 

Adenda: Luís M. Jorge, de quem acima transcrevi o texto propõe um desafio interessante aos leitores do seu Vida Breve: uma reflexão conjunta sobre as relações entre o "Espírito Santo", e outros grupos económicos, e os governos portugueses. À falta de jornalismo de investigação apela ao universo blogal:

 

"Estou interessado em aceder a notícias que nos permitam avaliar a influência política destas organizações: casos, esclarecidos ou por esclarecer, zonas de sobreposição entre os interesses dos grupos e as decisões de titulares de cargos públicos, contratações e nomeações — enfim, tudo o que, legitimamente, e dentro dos limites do interesse público, nos permita iluminar uma zona ainda opaca da nossa vida democrática. O leitor está convidado a participar nesta tarefa, enviando notícias publicadas em jornais de referência, documentos oficiais ou reflexões originais (não rumores)."

 

A acompanhar. Seja pelo interesse das questões seja para se perceber as virtualidades e limites deste tipo de abordagem à cidadania.

 

jpt

publicado às 10:35


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