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Sobre o Ruanda

por jpt, em 08.04.14

 

 

Sou amigo do Fernando Florêncio há vinte e cinco anos, desde o final da nossa licenciatura. Depois partilhámos algumas andanças. Se há defeito que tem é a qualidade da discrição. E tanto a noto agora, quando tantos efemeridam os vinte anos exactos da macro-desgraça do Ruanda. Pois neste mundo em que agora quase todos nos "montramos", até info-histriónicos, imagino-o a encolher os ombros, lá pela lusa Atenas. Não é pose, o homem é mesmo assim.

 

Mas ele que me desculpe, finto-lhe a maneira. Logo a seguir ao mais escatológico dos momentos da nossa vida o FF passou dois anos no meio do vulcão. Entre 1994 e 1996 esteve no Ruanda, mergulhado num trabalho duríssimo, e cheio de responsabilidades. Daqueles que magoam. Tanto que não há analogias ou imaginação que nos possam fazer compreender. Voltou de lá sem pinga daquele "olhem para mim aqui", aquele másculo oco de tantos tipos "de terreno" que a gente vai vendo por aí.

 

Não há, com toda a certeza, em Portugal (e em português) quem tenha podido abordar a situação com a sua densidade. Por isso mesmo deixo aqui ligação para um texto que publicou na revista Cadernos de Estudos Africanos, uma reflexão mesclando uma visão histórico-antropológica com a vasta e intensíssima experiência que ali teve: "Uma História de Violência Sobre as Brumas des Virunga. Morte e Poder no Ruanda". Vinte páginas para compreender aquela desgraça e seu contexto abrangente.

publicado às 08:46


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