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Sobre este surpreendente feixe de afirmações será interessante - ainda que não prove nenhum argumento - ler este

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Stassen, Louis Le Portugais (Aire Libre, 2006), um melodrama sobre a ingenuidade, dedicado a um juvenil grupo de junkies, putas e pequenos-ladrões, cujo protagonista é um "emigrante de segunda geração" (para falar nos termos dos investigadores referidos) -

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Luís, filho de portuguesa, Vanhuis que quer ser Da Casa, que se encanta e encanta a namorada, puta de origem africana, com o seu onírico, Portugal mitificado e desconhecido, para raiva (uma raiva realista - "t'as rien de portugais") de Rachid, o seu parceiro de origem magrebina.

publicado às 20:01

Stassen

por jpt, em 08.07.08

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Riqueza de ser alvo de empréstimos, conheço este Deogratias de Jean-Philippe Stassen. Belíssimo na forma. Rude no desenho da gente. O caso do Ruanda.

Do argumento oscilo entre o apreço pelo canino das personagens, o monstro que nelas habita, e o desagrado pelos laivos de "remorso de homem branco". Este a aparecer no confronto com o missionário afinal nada casto, assim na sua hipocrisia feito corruptor. Mas também no militar, lúbrico desrespeitador. E feito guia do genocídio. Surpresa pelo papel desta denúncia dos europeus na economia ficcional, dedicada ao período do genocídio, o must do morticínio mundial.

Ou seja, uma ânsia anti-europeia, imputando responsabilidade pela decadência humana e pelo próprio genocídio aos (pós)colonos - neste caso "record" de intensidade sanguinária o autor afirma que "só os brancos perguntam essas coisas" (grupo étnico de pertença), coloca a protagonista prostituta como originalmente vitimizada por outro europeu, os padres fornicadores das jovens raparigas (deixando entrever uma idade maior para as relações sexuais no seio da população circundante), e finalmente coloca os grupos activos na matança sob as ordens de um francês.

Para além de um olhar autocentrado (etnocêntrico: interessa-lhe acima de tudo como é que "os seus" se comportam alhures, e como se afastam das "boas normas" recomendáveis) o que o livro afirma (distraidamente) são dois argumentos fundamentais: a perenidade (necessidade?) do papel líder do europeu; a inferioridade da capacidade malévola do ruandês (africano). Assim cristalizando o racismo, afirmando a a superioridade branca: "povo" (raça, pois no fundo é disso que se fala) mais líder, mais corruptor, mais mau. Mais homem, não é assim?

Ou seja, um belo livro mas com as armadilhas da demagogia bem intencionada. Claro que, assim mainstream da mentalidade "bem pensante" europeia, ganhou o Prémio Goscinny. Decerto que não apenas pelo belo desenho. Mas pela sua conformidade com o dominante racismo de esquerda na bela Europa.

Ainda assim, o melhor é semicerrar a mente e ler. É bonito.

publicado às 10:02


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