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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
"Do seu posto de observação privilegiado (Salzburgo fica perto da fronteira entre a Áustria e a Alemanha), Zweig observara, atónito, as rápidas transformações sociais provocadas pela crise económica e financeira do pós-guerra: "Que época selvagem, anárquica, inverosímil, a daqueles anos em que, com a desvalorização do dinheiro, todos os outros valores na Áustria e na Alemanha começaram a resvalar! Um período de êxtase entusiástico e de vertigem descontrolada, uma mistura única de impaciência e fanatismo". [...] E especifica: "Tudo o que era extravagante e incontrolável conheceu uma época de ouro: teosofia, ocultismo, espiritismo, sonambulismo, antroposofia, quiromancia, grafologia, ioga indiano e misticismo paracelsiano. Tudo o que prometesse estados de extrema intensidade para além do que então se conhecia, todo o tipo de estupefacientes, mórfio, cocaína e heroína, tudo se vendia num instante; mas peças de teatro sobre o incesto e o parricídio, na política, ou o comunismo ou o fascismo, constituíam os únicos temas apetecidos, pelo seu extremismo; incondicionalmente banida estava, em contrapartida, qualquer forma de normalidade, de moderação". [Stefan Zweig, O Mundo de Ontem, p. 331].
[António Mega Ferreira, O Deserto Ocidental, Lisboa, Assírio & Alvim, 2007, pp. 118-9]