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Turista na própria cidade

por jpt, em 19.09.14

 

 

Um velho amigo levou-me ontem a jantar. Apanhou-me no Chiado, à Brasileira, como se queirozianos fossemos. Passeou-me ali ao velho governo civil, toda a área finalmente a requalificar-se e a transformar-se, anunciou-me a extensão do Museu de Arte Contemporânea e da Faculdade de Belas Artes (e a criação de um sui generis Museu da Polícia), a emergência de novo hotel, enquanto ia notando eu algumas lojas, restaurantes e outros edifícios renovados. Depois descemos, vagorosamente, a rua do Alecrim, já há atrasado rearranjada, em direcção ao Cais do Sodré. Por lá me fez visita guiada, a velha rua da marinharia e respectivo putedo agora renovada. Conhecera eu há anos a dita "Pensão do Amor" que entretanto foi rodeada de restaurantes e alguns bares/discotecas - alguns antigos, o Tokyo e o Jamaica ainda lá estão, ainda que àquela hora fechados. O Shangri-Lá já não, nem o Helsínquia, dos que recordo, hoje virados para outros nichos da agora dita "restauração". O velho Texas-Bar mudado de nome, e transformado em local agitado, longas filas à porta aquando, mais tarde, regressámos à rua. Tudo com ar arranjado. Jantei muito, mas mesmo muito bem - uns aparentemente simplérrimos carapauzinhos fritos com açorda de coentros que estavam "de estalo" como os antepassados gabavam - num restaurante clássico da rua Nova do Carvalho, o "Rio Grande".

 

Depois, apesar do frio, já quase gélido, cruzámos até ao vero Cais do Sodré e fui espreitar o que desconhecia, disse-me ele que uma instituição europeia ligada às coisas marítimas, a dita Praça Europa, "que o Durão Barroso conseguiu arrancar para aqui". Se assim foi louve-se o homem, está muito bem conseguida. E depois fomos calcorreando a Ribeira das Naus até ao Terreiro do Paço, finalmente quase pronta - os lisboetas nem recordarão o facto, mas eu lembro-me de ter imigrado em 1997 e de que aquela zona da Baixa já estava em obras e desde então sempre o esteve, apenas saltitando os estaleiros. Já quase não está, apenas uns tapumes ainda. A pressa não foi grande mas as coisas ficaram muito bem, diz este olhar destreinado, belíssimo e a devolver a cidade ao rio e vice-versa. Chegados à eterna Praça do Comércio vagorosamente a atravessámos, atentando nos laivos de Sé e até do Castelo. E, acima de tudo, na praça desocupada, ou melhor ocupada por si mesma, que é como deve ser, apenas debruada da esplanadas e, lá ao fundo, muito agitada discoteca. Depois a bela da Rua Augusta, com o arco bem polido, e ela própria com prédios a amaneirarem-se ainda que não totalmente impoluta. Virámos à esquerda, ascendemos e depois ascensionámos até ao Chiado.

 

Grande passeio, numa belíssima cidade. A gente enfronha-se na resmunguice e até se desapercebe disso.

publicado às 09:01



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